quinta-feira, 9 de agosto de 2012

BARATO? NUNCA!

Fiquei esta manhã muito surpreendido, bem, muito surpreendido em Portugal não será o termo adequado, porque a margem de surpresa está tão por baixo que já começo a achar tudo muito normal, aceitável... e aquele tempo todo da minha juventude em que andei a estudar a Introdução à Organização Política e Administrativa da Nação (se não era assim, era parecido), parece-me hoje um tempo perdido, que poderia ter sido preenchido com mais praia, mais jogos e mais amizades, sei lá até se não estaria hoje a receber equivalências "à Relvas", que me dariam, como a ele, para ser professor universitário, um cargo que ninguém se lembrou de enaltecer e de averiguar como um idiota que tira uma licenciatura "equivalente" pode dar aulas de "gestão política" numa universidade em Portugal.
Mas eu não estou a escrever esta crónica para falar de Relvas, embora o facto de ter cortado a relva do meu jardim durante a manhã possa ter influenciado o meu subconsciente... não, o que eu quero escrever hoje é sobre um dia 1º de Maio em que um indivíduo rico, quis assinalar o dia Mundial dos Trabalhadores com uma proposta que só os trabalhadores podiam e deviam agradecer, ou seja, comprar artigos num supermercado a metade do preço. Eu, pessoa simples e pragmática achei bem, não comecei a inventar análises políticas e económicas para tentar chegar à conclusão de que o capital estava a ganhar com o negócio e o trabalho estava a ser vítima de uma ratoeira económico-financeira, mas apenas olhei para factos e na verdade só me veio a cabeça uma oportunidade de quem tem pouco dinheiro poder usufruir de um desconto real e comprar artigos a metade do preço.
Logo vieram uns entendidos, com uns calhamaços de direito debaixo do braço, dizer de sua justiça e tentar encontrar ali, propósitos inconfessáveis de uma empresa que talvez estivesse a realizar "dumping" e com isso a fazer concorrencia desleal. Mas estaria a beneficiar os consumidores? humm, talvez não, sabe... é que quando baixam o preço nuns artigos, aumentam nos outros; mas olhe que fizeram o desconto de 50% em todos os artigos... pois, mas isso não se enquadra no Código Comercial e aí a empresa pode ser sujeita a coimas, porque a lei da concorrencia e tal...
E eu que pensava que quando os preços eram mais baixos, o governo ia ficar contente porque isso ia favorecer a qualidade de vida dos cidadãos em geral e dos trabalhadores pobres em particular... mas não foi assim e no final o tal supermercado terá de pagar trinta mil euros de multa a uma instituição do Estado.
Isto fez-me pensar se sou eu que estou de perfeito juízo ou é o governo que tem por lá um juíz perfeito e na verdade eu compreendo hoje o alcance destas decisões, destas contravenções que devem ser punidas com mão firme. Então vocês já repararam que foram vendidos milhões de euros de mercadorias a metade do preço e com isso o governo perdeu em IVA metade do que era suposto receber se não houvesse promoção?
Pois então vocês não vêem que um governo que vive à comissão, à percentagem, tem todo o interesse em que as mercadorias sejam cada vez mais caras? então toda a gente vê que os combustíveis estão cada vez mais caros e isso é do interesse de quem vive de impostos à percentagem?
Aí está tudo bem, desde que o IVA se aplique a preços cada vez mais altos. Agora artigos a metade do preço? vocês querem dar cabo do Orçamento de Estado, é?

Nenhum comentário: