quarta-feira, 29 de junho de 2011

SÓ HÁ UMA VIDA...

A vida é um bem supremo, uma dádiva que deveria ser preservada, acarinhada, valorizada, de tal modo que casas com piscina, na praia ou na montanha, carros de gama alta com muitos cavalos e outros bens não duradouros fossem catalogados como bens de segunda na escala, não devida mas de vida.
Algo não está bem quando colocamos a vida em risco, quando por "dá cá aquelha palha" perdemos a noção de que uma falha, grande ou pequena, nos pode tirar a vida, a única vida que temos e desperdiçamos.
Bem, eu também não gosto de "totós" que, porque tendo apenas uma vida não fazem nada de nada, que os confronte com aquele risco mínimo que sempre aparece na vida de uma pessoa normal, sujeitando-se a morrer tarde e a más horas na contramão, atrapalhando o tráfego, como diria o Chico Buarque.
Mas há no meio de tudo isto a tragédia daquele que dá uma queda no passeio e morre, em contraponto ao que cai de avião e sobrevive, ou mesmo do que cumpre o código da estrada e leva com um camião desgovernado em cima... na verdade não há uma conduta modelo que nos livre dos percalços nem garanta uma vida feliz e preenchida até aos cem anos, mas há alguns comportamentos que podem e devem ser tomados em conta, porque está provado que não nos dão a vida eterna, mas podem afastar-nos do hospital ou da funerária mais próximos.
Tudo isto a propósito de um jovem artista de novela, com todas as condições para viver feliz por muitos anos e que juntou tantos factores de risco que acabou de uma forma trágica com a vida, a sua vida e também por acréscimo a dos familiares.
De alguma forma, a sociedade aceita que algumas figuras da rádio, tv e disco, bem como de actividades de "referência", como são todos aqueles que aparecem na televisão pelo menos uma vez por semana, aceita mesmo que conduzam sem carta ou seguro, aceita que entrem às tantas da manhã nas discotecas da moda, se engrossem e provoquem desacatos, como já aconteceu com jogadores de futebol aos tiros, aceita que ministros sejam apanhados a duzentos à hora na auto-estrada e não lhes aconteça nada, aceitam que possam aparecer nas "revistas da moda" com a(o) namorada(o) novo de quinze em quinze dias e sempre apaixonados, aceita que uma modelo de 17 anos caia do 15º andar, propriedade de um "jet-set" rico sem se lhe conhecerem rendimentos compatíveis, ou que alguém vá com o amigo para um dos mais caros hotéis de Nova York com tarifas que nem em época de saldos me deixariam dormir descansado.
Os tempos são outros sim e a facilidade com que se empresta a um indivíduo um carro de 86 mil euros, sem seguro, para andar a esgalhar por tudo quanto é festa também convida a alguns excessos, uma vez que quando se compra um bem e ele custa a ser pago, a atitude e o comportamento são em muitos casos diferentes.
Esta realidade, por muitas conversas de natureza pedagógica que se tenham em casa ou na escola vai determinar o comportamento de uma boa parte dos jovens que sonham andar em carros descapotáveis, entrar nas discotecas sempre que lhes apetecer, ou ter o seu corpo na capa da revista, correndo o risco de andar tão depressa que a vida não ultrapasse a curva da auto-estrada... e o problema é que carros há muitos, mas vida há só uma.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

MARESIAS...

Confronto de cada hora
numa batalha a travar,
cai a face se demora,
vai o resto se faltar.

É a paixão que não se vê
e se sente, pois então,
quando queremos que dê
o bater do coração.

É a água em que me deito,
fria, quente, assim-assim,
que banha este meu peito
e limpa o erro de mim.

Perfeito, na sua essência
procurando a ilusão,
na forma como a ciência
prova o sim e diz o não.

O amor é tão conciso,
tudo serve p`ra dizer
que o mar só dá por isso
enquanto a água viver.

Parece chegar o tempo
em cima da pele macia,
quebrando-me o pensamento
de uma vida vazia.

Estala o chão em que vivo,
cava fundo o meu lamento,
queima demais se repito
o sonho em que m`invento.

Voo raso, que não serve
para me dar a visão
do mundo em que me ferve
o vapor de uma paixão.

Vem comigo, dá-me esperança
da vida, do amanhã...
faz de mim o tal amigo,

aquele que briga e que brinca
com sorriso de criança,
na praia de Itapuã.

A luz que solta as amarras
das palavras que não digo,
quando as queremos cortadas
muito brancas, pão de trigo.

Onde meus dentes se ferram
na vontade de comer,
por que todos desesperam
da fome do teu saber.

Quero o sabor da vida,
sinto o doce do teu ser!



domingo, 12 de junho de 2011

À AMÉRICA É QUE EU NÃO VOU!

Neste mundo glosado e globalizado, andar por aí como o Santana Lopes ainda vá que não vá, agora pensar ir passar umas férias nos Estados Unidos é que tá fora de questão e até o Al Capone, se fosse hoje, nunca se aventuraria além do Cabo da Roca, porque haveria um Sá Fernandes, um Nabais ou um Júdice a lembrar-lhe que aqui poderia matar e esfolar até querer, que nunca dez mortes valeriam mais prisão que uma, nunca haveria homicídios voluntários desde que chorasse à frente da juíza e mesmo que não tivesse residência, sempre se haveria de encontrar uma pena de apresentação na esquadra da residência, como recursos até ao supremo, desde que o cliente seja como o Isaltino ou a Felgueiras e tenha... recursos.

O que aconteceu ao diretor geral do FMI, poderia acontecer ao mais pintado, desde o Clinton ao Grant, desde o Schwarzeneger aos Governadores de Estado (não me lembro qual, mas acho que não escapa um), mas dá-me a impressão que o homem analisou a questão como analisava os empréstimos, nem perguntava aos clientes se podiam ou não podiam... mas não me entra na cabeça, salvo seja, que um milionário num hotel de luxo, sentindo-se só, não tenha tido a inteligente atitude de requisitar à recepção os serviços de uma profissional competente, como já por várias vezes me foi sugerido quando fazia o check-in e me viam desamparado, mesmo sabendo eles que o meu cartão só é igual ao dele no tamanho e na quantidade de plástico.

Eu investigador desses serviços policiais nova-iorquinos, suficientemente preparado, algemo e acuso o homem só porque a empregada de limpeza estava onde não devia, porque as funcionárias de hotel sabem que só devem entrar nos quartos quando não está lá ninguém, nem sequer viu que o cartão de entrada do quarto devia estar no local onde se acendem as luzes e se liga a energia eletrica.

Quero pensar que pode ter sido um equívoco, ou seja, o homem estava sozinho, sentiu necessidade de companhia e requisitou por telefone à recepção. Deslocou-se à casa de banho onde se lavou e perfumou e quando saiu deu com uma senhora talvez bonita, pensando que era a profissional que requisitara. Impaciente, nem lhe perguntou "água vai" e só deu pelo engano quando ela começou a gritar, se é que gritou, que isso eu não li em lado nenhum, engano esse que o fez telefonar aos amigos a contar a trapalhada e a receber como resposta "vai para Portugal que o violador de Telheiras apanha 6 meses de pena suspensa, portanto tu nem chegas a ir à esquadra". Quem não ía apanhar o primeiro avião para a Europa desenvolvida, onde se encontra uma Monica Lewinsky em cada esquina, desde o Marquês ao Cais do Sodré, todas melhores que uma empregada de limpeza?

Ok, eu entendo, dá-lhe 75 anos de prisão, para provar a esta gente que na América são todos iguais perante a lei, ricos e pobres, homens e mulheres, gays e os outros, ao contrário desta Europa onde só um privilegiado pode requisitar uma profissional vestida de empregada de limpeza. Isto há cada fetiche...

quinta-feira, 9 de junho de 2011

NOTÍCIAS DA TRETA

Estou numa fase difícil, sinto comichão no corpo todo, acordo muitas vezes a meio da noite, estou a perder peso de dia para dia, bem, uma dieta razoável com umas corridas na variante tinham de me fazer perder peso, mas acho que devo colocar a perda de peso para dramatizar um pouco a crónica de hoje. Tudo isto porque já não consigo entender programas de economia, com cada um dos entrevistados a fazer exaustivos relatórios da "crise" e a propor "soluções zero", zero de imaginação, zero de contas certas, zero de coisa nenhuma.

Desde há uns meses, com uma crise nunca vista, as unicas medidas que o governo tomou foram os "trocos" das CCUT (com custos para o utilizador) e o corte nos salários com os funcionários públicos que ganham acima de 1.500,00€ mensais, uma verba fabulosa que depois da prestação da casa, da gasolina para o carro, da prestação do carro, dos impostos respetivos, das propinas dos filhos, das despesas com saúde, vai servir ainda para umas férias num qualquer parque de campismo do sudoeste alentejano, que esta classe média é que tem de aguentar com tudo.

Os administradores das grandes empresas publicas e privadas? os artistas da rádio, tv e disco, incluindo o Futre concentradíssimo? os craques das off-shores que depositaram 200 milhões de euros e nem sequer preencheram os boletins do IRS? ahhhh esses não!

Os combustíveis subiram? o dolar subiu...

Os combustíveis ficam na mesma? o dolar desceu...

No meio de tudo isto lê-se nos jornais que o país está a caminho do caos, porque só nasceram 101 mil e morreram 105 mil, um saldo negativo que "provoca o envelhecimento da população", o que vai causar transtornos a longo prazo na sociedade portuguesa. Esta pérola, que oiço e leio todos os dias não tem qualquer razoabilidade, na medida em que uma pessoa com a antiga 4ª classe chega a numeros e conclusões diferentes.

Se morrem 105 mil pessoas com uma média de 80 anos de idade e nascem 101 mil com 0 anos (nasceram agora), o numero total de anos de vida da sociedade portuguesa a dividir pelos vivos, baixa a média de idade, o que provoca um rejuvenescimento e não um envelhecimento como dizem os eminentes economistas e jornalistas.

Deixemos essa ideia de que há um problema de sustentabilidade e fixemo-nos naquele jovem de 18 anos que em cada nascimento vê à sua frente um potencial desempregado a dificultar-lhe vinte anos depois o acesso a um novo emprego. Aprofundando a questão, não é aconselhável que um pai faça um filho antes dos 45 anos, uma vez que quando o filho começar a trabalhar, nao tem necessidade de tirar o emprego ao pai, que entretanto já está na idade da reforma.

Mesmo com esta medida, talvez seja necessário proibir o nascimento de crianças nos próximos sete anos por forma a encontrar saída no mercado para os 700.000 que estão desempregados.

E quem sustenta os reformados? então eles não fizeram o seu próprio mealheiro, através das contribuições mensais que descontaram ao longo da sua vida e que o Estado guardou concerteza?

E será um jovem que nasce hoje, que vai acabar os estudos com 25 anos na melhor das hipóteses e terá uma vida contributiva de 20 ou 25, porque a cada seis meses de trabalho ficará desempregado outros seis, é esse jovem que vai pagar para um reformado?

Deixem os velhotes morrer descansados e contentem-se com um sobrinho afastado, que logo veremos e viveremos numa sociedade desenvolvida e sem desemprego. Depois, quando tudo estiver equilibrado... façam filhos.

terça-feira, 7 de junho de 2011

ELEIÇÕES

Desde que a "troika" confirmou o coletivo estado de falência de Portugal que perdi a vontade de escrever, mas é que perdi mesmo, porque é muito difícil enfrentar a escrita com um estado de espírito macambúzio, tristonho, numa antecipação de um estado quase moribundo, que nos deixa de rastos, sem vontade de reagir ao infortúnio, qual adepto de um clube que quer ganhar e tem sempre na frente um intransponível FCP...
A dívida esmaga-nos literalmente, a do Estado e a nossa mesmo, aquela que soma prestações da casa, do carro, das propinas dos filhos, do computador, do telemóvel, do IRS, do IVA, do IMI e do ISP... bem, só não andamos por aí a chorar porque sempre ouvimos dizer que "um homem não chora".
Depois de todo o folclore da campanha, com os mesmos emplastros de sempre a agitar bandeirinhas, os jantares que alguém há-de pagar, os bonés que não se usam mais a não ser pelos militantes com as quotas em dia, escolheu-se um primeiro-ministro legitimamente eleito por 2 milhões dos cerca de 9 milhões de potenciais eleitores, numa proprção que me dá o direito de ser só eu a mandar lá em casa, ou seja, um voto meu num universo de quatro possíveis.
Mas se há emprego estável, engravatado e perfumado não é concerteza o de primeiro-ministro, pelo que uma pessoa de bom senso escolheria antes o lugar do motorista do chefe de governo em vez de querer salvar a nação da bancarrota e de levar com a sola do sapato ao fim de quatro anos de missão, deixando o buraco das finanças ainda maior.
Li no jornal que o companheiro Passos começou o seu brilhante percurso aos 14 anos, a colar cartazes daqueles que diziam "hoje somos muitos, amanhã seremos milhões", cor de laranja e com três setinhas, meteu-se na "jota", chegou a presidente, foi estudando, licenciou-se e já estava encaixado numa universidade, como "professor universitário", conforme o curriculo impresso, quando as circunstâncias o elevaram à condição de "administrador da massa falida".
Claro que vou estar atento a novos freeports, apartamentos comprados pela mãe com dinheiro vivo, primos na China e tios a viver com a reforma mínima na Quinta da Marinha, mas também com resorts de luxo em Cabo Verde, contas em off-shores e empresas em Porto Rico, para além de consultórios de advogados "júdices", "proenças" e outros, pagos a peso de ouro para dizer que sim, mas é claro qe eu vou esquecer tudo isso se o deficit acabar, só não me posso esquecer do meu deficit nas prestações da casa, do carro, das propinas dos filhos, no IMI, no IVA, no IRS, no ISP... mas é certo que daqui a quatro anos, se o buraco estiver ainda maior, já sei o que fazer, desde que o camarada Guterres continue a tratar de refugiados, deslocados e maltratados...
É certo que me alheei um pouco das eleições deste ano, não porque seja contra as eleições, mas apenas porque me atrasei um pouco e quando pensei votar já tinham fechado as urnas, mas verifiquei com algum alívio, que o meu voto não ía alterar os resultados, no entanto prometo que vou ser rigoroso nos próximos quatro anos, gastando só o que tenho, poupando o máximo, não pedindo dinheiro emprestado a ninguém e pagando todos os impostos e encargos assumidos, esperando dos governantes que façam o mesmo.
Prometo também não me envolver em campanhas partidárias, manifestações de apoio ou protesto, pontes, reuniões só para perder tempo, viagens e ajudas de custo à conta do Estado nem sequer comparecer, sim comparecer, a debates na tv com o Miguel Sousa Tavares, Rui Rangel, Pacheco Pereira ou Marcelo Rebelo de Sousa. Se daqui a quatro anos o buraco for maior ainda... peço ajuda ao camarada Guterres.