quinta-feira, 25 de março de 2010

A LIBERDADE É TRAMADA...

Há momentos em que queremos escrever, queremos começar e não sabemos como, não porque não esteja cá dentro o assunto, a teia de desenvolvimento e uma possível conclusão, a nossa de entre tantas possíveis, mas porque a ideia surge tal qual uma explosão e depois há sempre um tempo maior ou menor para deixar assentar a poeira...
Esse espaço de tempo é fundamental para podermos conduzir cada palavra no sentido que pretendemos, senão a crónica começa a assemelhar-se a um rebanho tresmalhado onde a cada palavra trazida ao contexto revela duas que fogem, nas não há tanto perigo assim, porque aqui no teclado sempre podemos substituir o cão rafeiro pelo rato informático, capaz de formatar e meter na ordem essas frases, impulsivas umas, explosivas outras.
O tema de hoje é exactamente a "liberdade", aquela liberdade que rebanhos, varas (sem segundas intenções), manadas, bandos (só de pardais) e multidões , perseguem e institivamente privilegiam quando de alguma maneira os querem condicionar em casa, na rua, na escola, na sociedade, ou onde quer que seja, o que tem dado aso a constantes mudanças sociais e políticas ao longo dos últimos séculos.
Entretanto apareceram conceitos novos, numa tentativa de puxarem a brasa à sua sardinha, uns mais conhecidos que outros, mas todos eminentemente panfletários, sem qualquer tentação pejorativa, tais como " homem livre", "sociedade livre", "liberdade política", "liberdade sexual", "liberdade condicionada", "liberdade com responsabilidade", de tal maneira que muitas e muitas coisas que os jovens hoje sentem como absolutamente normais e um direito que lhes assiste, já foram há bem pouco tempo uma utopia de liberdade, capaz de levar pessoas a lutar e a dar a vida por elas.
Tudo isto a propósito de dois grupos de jovens estrangeiros, espanhóis uns e norte-americanos outros, que visitaram a "minha" escola e que, ao ser-lhes perguntado o que mais gostaram desta experiência, responderam: - O clima de liberdade!
Jovens de países social e culturalmente diferentes apontaram a mesma resposta e esclareceram:
"- Nas nossas escolas, ninguém pode estar junto ao portão de saída, nem no exterior, nem no jardim durante o período escolar, muito menos sair ao portão da escola para ir até ao café comer um hamburguer, na hora de almoço. Além disso os jovens em Portugal são mais alegres".
Ouvi com atenção e senti que eles no fundo até gostaram desta experiência, mas será que os nossos jovens sabem utilizar a liberdade que têm da maneira mais positiva? e será necessário retirar-lhe essa liberdade só porque alguns não a sabem utilizar?
Entendo a liberdade como uma pedreira, de onde saem pedras que depois de esculpidas são maravilhosas e também muita pedra lascada, pelo que entendo que a liberdade é para ser trabalhada a cada dia, com desperdícios também, mas sempre mais proveitosa que se mandassem encerrar a pedreira.
Passou-me na frente um filme, com um só partido político, analfabetismo, com escolas divididas, rapazes de um lado e raparigas do outro, entradas separadas, profissões de homem e de mulher, votos nas eleições só para alguns... onde a liberdade não passava por aí.
Passa-me agora um outro filme que não tem nada do anterior, com muitos partidos políticos, com instrução mais elevada, com igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas com desemprego, injustiça social, criminalidade... e a liberdade a passar por aqui.
Resta esperar que a sociedade ultrapasse todas as dificuldades sem nunca precisar de condicionar a liberdade, ela mesma.

terça-feira, 23 de março de 2010

UMA CONVERSA INTERESSANTE

Hoje foi um dia especial, um daqueles dias que nos deixam bem dispostos porque sempre há momentos que nos afagam o ego, mais me parecendo uma daquelas massagens num qualquer spa, que a família me lembra existir com os mais variados efeitos, desde aqueles seixos que nos deixam completamente relaxados, à tal massagem de chocolate que nos deve deixar bem capaz de ser lambido de alto a baixo.
Num contexto de vacas magras, à semelhança do que vai acontecendo um pouco pelo país e pela sociedade, a biblioteca/centro de recursos da minha escola decidiu, em boa ou má hora só quem lá esteve saberá, decidiu dizia, levar a cabo uma sessão para todos os alunos interessados, sobre o tema "a escrita" e convidou-me, bem como ao meu colega Miguel Sentieiro, convite que acolhemos de imediato, ressalvando que o contexto de "vacas magras" não era económico, mas apenas "literário" no que me dizia respeito.
Pensei seriamente na possibilidade de dois professores de educação física poderem enfrentar a animosidade de alunos e colegas pelo facto de andarem a escrever uns blogs matreiros, umas crónicas em jornal regional e a editarem uns livrinhos... mas não, não penso que essa animosidade, se existisse, pudesse levar os colegas da área de letras a tentar penetrar na área desportiva, pelo que acho que posso dormir descansado em relação ao meu futuro profissional.
O que se passou esta manhã? uma experência muito positiva porque, em conjunto com o Miguel Sentieiro, tivemos o prazer de responder às mais diversas e interessantes questões lançadas pelos alunos, levantar alguns temas que achamos muito pertinentes e manter interessada uma plateia de dezenas de jovens durante quase duas horas, o que convenhamos não se apresentava à partida como tarefa fácil...
Afinal os jovens continuam a ser muito positivos na sua maioria e apetece até afirmar a necessidade da existência de alguns "chungas", como lhes chama o professor Miguel, para termos um factor de comparação, na medida em que só conseguimos perceber o bom havendo o mau ou o claro em contraponto ao escuro.
"E o professor escreve crónicas todos os dias?" fui apanhado de surpresa com esta questão, tentei dizer que sim, que quase todos os dias escrevo, umas vezes começo e concluo, outras não consigo concluir e mando para rascunho, mas essencialmente foquei a necessidade de escrevermos muito e sempre, porque a escrita pode não ser muito imaginativa, mas promove o seu desenvolvimento e a necessidade de consulta sobre os mais variados temas.
"O professor utiliza muita ironia quando escreve..." é verdade, sim, a ironia está subjacente na maior parte das minhas crónicas, mas existem muitos outros conceitos subliminares que procuramos disfarçar com essa ironia, ou seja, muitas vezes somos irónicos para não desesperarmos com injustiças, para não chorarmos muitas outras vezes com os dramas com que somos confrontados.
No final ficou a sensação de um momento bem passado e de nos termos conhecido melhor, professores e alunos, mais e melhor motivados a desenvolver as capacidades de cada um, a tentarmos ser melhores, porque só assim estaremos preparados para a tal sociedade do século XXI.

quinta-feira, 18 de março de 2010

LEI DA ROLHA

Agora deu à costa a "lei da rolha", conceito que já vem de longe, como o brandy Constantino, quando antes do "25 de Abril" o pessoal se queixava da impossibilidade de falar sobre política, ou até mesmo de outros assuntos mais sensíveis, como votar, sim votar, que a maioria não votava porque não os deixavam e agora há ainda mais que não votam porque não lhes apetece, ou seja, com rolha ou sem rolha, os portugueses continuam "à procura da rolha" uns e a oferecer a rolha outros.
Então mas não há uma diferençazinha entre esta "lei da rolha" e a outra de antigamente? claro que há diferenças significativas, até porque a nova é só para colocar tipo "chupeta" dois meses antes de eleições e a antiga colocava a "chupeta" vinte e quatro horas por dia, trezentos e sessenta e cinco dias por ano, mas eu sou contra qualquer lei da rolha como a que o Dr. Santana Lopes propôs e foi aprovada para logo a seguir ser contestada, uma vez que todos aproveitaram para criticar, eu acho que só porque não há eleições num prazo de dois meses.
Ainda me recordo daquelas reportagens de rua a seguir ao "25 de Abril", em que normalmente as mulheres entrevistadas respondiam alto e bom som "Isso era dantes, agora ninguém nos cala!", numa primeira manifestação da vontade de acabar com a tal "lei da rolha", mas ela continua, com mais qualidade na cortiça e capaz de competir em mercados como Angola, Cuba, Coreia do Norte e Guantanamo.
Então e se a moda pega? rolha no PGR, rolha nos juízes, rolha nos advogados, especialmente o bastonário, rolha no governo (aqui talvez fosse melhor engarrafá-lo), rolha nos jornais, rolha na banca, rolha nas finanças, só não é necessária uma rolha nas escolas porque uma boa parte dos alunos já não sabem dizer duas seguidas... já viram a tristeza de país que íamos construír, sem o "contraditório"?, sem as páginas do "Sol", afilhado do "Independente", sobrinho do "Tal e Qual" e neto do "Diabo"?
Soube que houve umas cheias nos arredores de Lisboa na década de sessenta, a qual provocou dezenas de mortos e sabem o que aconteceu? a rolha da censura não deixou publicar notícias sobre isso e o povo dormiu descansado. Sabem o que aconteceu ontem na televisão? um estúpido director de informação televisiva deixou publicar uma vergonhosa reportagem onde militantes políticos deitavam sangue humano no chão do parlamento de um país asiático. Não poderia aplicar-se uma rolha no senhor director?
Para os inimigos da lei da rolha, nunca se lembraram antes que em todos os partidos houve discriminação de militantes quando se manifestaram contra os chefes? Magalhães Mota, Sousa Franco, O regedor de Ponte de Lima, Zita Seabra, Salgado Zenha e dezenas de outros , são o exemplo acabado de que sempre houve rolhas e de qualidade na vida portuguesa, mas uma rolha na boca do Administrador do Pingo Doce, que justificava a atribuição de milhões de euros de prémios, bónus e promoções aos administradores, para que possam oferecer um carro à esposa, comprar uma segunda habitação ou dar cursos no estrangeiro aos filhos era uma boa medida e escusávamos de ouvir tanta bacorada de gente "importante".

quarta-feira, 17 de março de 2010

PRIVATIZAÇÃO DAS ESTRADAS, JÁ!


Esta semana tive necessidade ir à Benedita, uma vila do concelho de Alcobaça, onde muito próximo vivem familiares e não tinha alternativa, a única hipótese de deslocação era pela EN-361, a tal que nos leva de Alcanena até Rio Maior e que já era péssima desde há mais de 35 anos, quando comecei a percorrê-la, com centenas de curvas e um piso miserável, de tal maneira que as pessoas perderam a paciência e depois de muitos protestos começaram a subscrever um abaixo-assinado que já vai em vários milhares de assinaturas.
Num país de brandos costumes, milhares de pessoas a subscrever um abaixo-assinado é certo que qualquer director de estradas olharia como um facto importante, mas... nada os perturba, nada os faz mexer um dedo para resolver o problema de tanto motorista que por ali passa, muitos deles diariamente, com o coração nas mãos para que não aconteça nada às jantes nem aos pneus das viaturas.
Não sabemos porquê mas já há uns anos vimos muitas árvores marcadas, especialmente nas curvas, o que nos levou a pensar numa empreitada de repavimentação e correcção da via, mas afinal era só tinta branca, talvez para prevenir a formiga nas árvores, tal como se fazia com as laranjeiras.
Uma vez veio cá o Papa e mandaram tapar os buracos naquela famigerada EN-361, não que o Chefe da Igreja quisesse passar por ali, porque ficaria enjoado durante três meses, mas porque entenderam que talvez houvesse um maior afluxo de trânsito do oeste em direcção a Fátima, mas desde que a auto-estrada A1 entrou em funcionamento, já lá vão mais de vinte anos, adeus EN-361, quem quiser que vá de jeep.
Eu não sou especialista de estradas, não percebo nada deste negócio, sou um simples condutor, que tem carro e paga todos os impostos, incluindo o "selo" municipal, o qual deve ir para todos os lados menos para a pavimentação das estradas, colocando as estadas municipais ao nível do terceiro-mundo e a EN-361 com placas de vários anos onde se informa "estrada em mau estado" e agora umas mais recentes e muito mais sugestivas colocadas pelo forum alcanede.com e onde se pode ler "EN-361, já viu bem o buraco onde se enfiou?", ou outro onde se lia "EN-361, conduza com cuidado, buracos com estrada".
Como se dizia antigamente "quem não tem vergonha, todo o mundo é seu!" e acredito que os responsáveis públicos, destes organismos públicos, que tem ao seu cuidado as estradas públicas, precisam de uma vassourada, mas daquelas vassouradas que levem o lixo todo na frente, para que possamos aspirar a umas estradas decentes.
E se em cada ano há milhões de carros a pagar o imposto de selo municipal, porque não entregar a manutenção destas estradas secundárias a empresas privadas, já que as entidades públicas falharam completamente as suas obrigações?
Com estes falhados a tomar conta de tudo o que é público, não vamos andar na "nova" EN-361 nem no carro funerário que nos possa levar de regresso à terra.

sábado, 13 de março de 2010

OUTRA VISÃO

Em conversa com um amigo não existem temas "tabu" e tudo se aborda, as conversas são como as cerejas, uma segue a outra com ou sem conexão, como agora é usual com as novas tecnologias a trazerem a cada dia que passa novas/velhas palavras e conceitos, mas no fundo a conversa acaba sempre por começar com o tempo, a condição física de cada um, o trabalho ou a inexistência dele e... o governo claro, esse que parece estar sempre contra nós, mas que afinal zela pelo nosso bem-estar e não nos deixa cair no caos, como aconteceu na Islândia, onde a moeda desvalorizou mais de 50%, o desemprego atingiu 10% da população, as prestações das casas dobraram e o pessoal teve de vender o segundo carro e ir viver para casa dos pais, com a agravante de os desempregados ficarem a receber 756,00€ por mês, não esquecendo que as casas estão à venda e ninguém as quer, o que me leva a pensar que depois da crise... voltam todos para casa novamente. Conclusão da reportagem do "Diário de Notícias": os islandeses estão meio tristonhos, mas com as restrições que fizeram nos últimos seis meses, vão voltar a poder fazer férias no estrangeiro no próximo ano!
Aqui não há nada disso, por obra e graça de quem governa este nosso maravilhoso país de sol e praias, que esses islandeses nem sabem onde fica, porque só o problemazinho do desemprego prejudica um pouco o deficit, que não vai acabar dentro de 6 meses como na Islândia, mas vai demorar mais uns anos por cá, até porque se pagássemos tudo, o que íamos fazer a seguir, habituados que estamos a dever desde que D. Afonso Henriques tramou a mãe?
Claro que a conversa mudou de tema, continuando na mesma, como aquela tirada do meu amigo "olha, o governo propôs 150.000 novos empregos para quê?" e é verdade, olhámos lá para fora e vimos 50 automóveis à espera de algum interessado, as prateleiras do supermercado cheias de produtos como nunca houve, casas, andares, bicicletas e todo o tipo de bugigangas à espera de comprador... empregar as pessoas a fazer o quê, para vender a quem?... e olhem que o meu amigo já passou a barreira dos 70...
Afinal estes inocentes governantes propõem trabalho numa sociedade que pretende o descanso e só não avançam no sentido da história e da antropologia por têm vergonha, acabando por cometer erros que nem uma criança de 10 anos, ou seja, o trabalho deixou de ser necessário quando a tecnologia o substitui... e onde está o mal?
A meio do século passado alguém inventou a "segurança social" para prevenir a reforma dos trabalhadores, instituindo o desconto sobre a mão de obra apenas porque numa sociedade de mão de obra intensiva eram os trabalhadores que produziam e daí... descontavam. Depois de várias gerações e de uma transformação social e tecnológia surpreendente, os governantes continuam a insistir na mesma solução, sem sequer pensar que se um trabalhador desconta sobre o seu trabalho, uma máquina que produz por 50 trabalhadores não deveria descontar na proporção, a fim de assegurar o sustento dos trabalhadores que substituiu?
E se em 1900 o trabalhador tinha um horário de 16 horas diárias, em 1940 passou a 12, em 1960 passou a 8 durante 6 dias por semana, em 1970 começou a fazer 8 horas durante 5 dias, hoje o horário das 35 horas semanais é natural, porque é que quem governa acha que se deve aumentar o número de horas de trabalho? será, como diz o meu amigo para "produzir mais, para vender como e a quem?". No dia em que a semana de trabalho se resumir a quatro dias de sete horas, o trabalho será distribuído por todos, o desemprego baixará, os velhos serão substituídos por gente jovem e o país será mais feliz. Só precisamos de ter governantes com visão de futuro e que acreditem que a sociedade já produz hoje o suficiente para ser feliz e se alguns têm dificuldades é porque o que se estraga num lado faz falta no outro, apenas isso.

quarta-feira, 10 de março de 2010

UMA PROPOSTA

Ao longo dos últimos anos e por cada governo que muda ou se mantém, temos sido confrontados com a sempre propagandeada proposta de reestruturação da "Segurança Social" e demais sistemas existentes, no sentido de encontrar uma solução estável e igual para todo e qualquer cidadão que trabalha e pretende receber uma reforma justa, tendo em conta o que descontou e o tempo total de desconto.
Como esta gente que nos vem, ou se vem, governando não suporta coisas fáceis, porque depois qualquer pessoa com a aritmética da antiga 4ª classe podia dar uma ajuda e isso seria insuportável, os pensadores inventam a cada ano que passa novas fórmulas, cada vez mais mirabolantes, com pontuações diversas, com vencimentos de anos anteriores ou posteriores, inflações e deflações, com calculos de sustentabilidade e descontos, de tal maneira que os possíveis candidatos à aposentação já nem sabem o que lhes pode tocar, no final de contas e do mês.
Num país meio desenvolvido, que não vem ao caso enunciar, a aposentação tem uma formula tão simples que até um analfabeto sabe com o que conta, ou seja: Idade + tempo de trabalho = 90. Esta formula tão simples indica que a reforma é calculada pela soma da idade e dos anos de desconto, sendo que o resultado tem de ser 90, mas esse resultado tem em conta a esperança de vida da população que neste momento é de cerca de 70 anos.
Uma vez que a esperança de vida em Portugal é de cerca de 76 anos para os homens e 82 para as mulheres, o que daria uma média de 79 anos, só teriam os responsáveis que colocar a soma da idade com o tempo de descontos num total de 100, sem mais contas, descontos ou promoções como o "pingo doce". Era fácil, barato e só não daria milhões porque todos sabemos que há pouco para distribuir e o que há está mal distribuído, mas era uma fórmula que preservava os direitos de quem trabalhou muito tempo, pouco ou nenhum, ou seja:
- uma pessoa que começou aos 14 anos, que os há, teria direito a reforma aos 57 anos, com 43 de descontos (57+43=100);
- uma outra que começasse aos 25 anos teria direito a reforma aos 62,5 anos, com 37,5 de descontos (62,5+37,5=100);
- outra pessoa ainda com 20 anos de descontos, teria direito a reforma aos 80 anos (80+20=100);
- uma outra que nunca fizesse descontos, teria direito a reforma aos 100 anos de idade (100+0=100).
Condição única - quem não somar 100, não tem direito a reforma.
Porque é que uma coisa tão simples e equitativa não é aprovada por quem governa? será que não lhes convém? era possível sair dos cargos do governo, assembleias, câmaras e milhentos outros organismos do Estado com meia dúzia de anos de desconto e uma reforma igual à de qualquer outro trabalhador com o mesmo tempo de trabalho e os mesmos descontos? era, era, mas não era a mesma coisa...

terça-feira, 9 de março de 2010

O CONTROLE DA COMUNICAÇÃO SOCIAL

Estava eu muito descansado, porque eu descanso, ou melhor, não me canso na maior parte do tempo livre que vou usufruindo, apenas porque esse é um dos objectivos a que me propus no tempo presente, especialmente aos fins de semana, mas muitas vezes e mais vezes que aquelas que o meu corpo e espírito toleram há factos que me deixam de rastos, não aquele cansaço que leva alguns maratonistas a tombar mal passam a linha de chegada, mas de rastos no sentido figurado, mais psicológico, mais perceptivo-cinético, mais cerebelo-talâmico-cortical que, se não sabem, até fico a ver mal e a perder o equilíbrio... enojado, estão a ver?
Pois no Domingo tive o desprazer de ter a televisão ligada num tal canal que transmitia um programa " Perdidos e achados", pouco achado e totalmente perdido o programa, claro, o tempo e a paciência, porque alguma mente brilhante achou por bem mandar uns jornalistas, operadores de câmera e associados ao Brasil entrevistar o infelizmente célebre Militão, o "artista" que enganou, roubou e mandou assassinar seis portugueses, alguns dos quais o consideravam amigo e que às suas ordens acabaram por enfrentar uma morte horrível, massacrados e enterrados vivos numa barraca de praia.
Pois a televisão que temos, pobre de programas, administradores e directores de informação, achou por bem retirar da arca mórbida em que esconde o que de mais baixo tem a sociedade actual e mostrá-lo ao povo, através da divulgação de uma entrevista com este triste exemplar do crime que, felizmente, não foi julgado em Portugal, caso contrário já estaria a dar entrevistas no Terreiro do Paço com o Tejo ao fundo.
Não contentes com isso, lá foram mais uns jornalistas tentar entrevistar as seis viúvas, concerteza convencidos de que era mais um furo jornalístico, talvez até com mais audiência que as "escutas" do Sol, mas esqueceram-se que no Portugal profundo e digno as pessoas não vendem a alma a uma entrevista de televisão, não têm o pedigree do "emplastro", sabem ser dignas da memória de pessoas que lhes são queridas e gostam de preservar a sua imagem, pelo que abandonaram o local do crime após a recusa generalisada de protagonismo da quase totalidade das famílias das vítimas.
O assassino Militão lá continuou a tentar chorar umas lágrimas que só convenceram o jornalista, perante um sorriso do chefe da prisão que já não se comove com lágrimas de crocodilo, pedindo perdão, dizendo-se um homem novo, só não tendo argumentos para justificar uma fuga da prisão e a constituição de um gang que raptava e sequestrava pessoas sob o seu comando desde as grades da prisão.
Por tudo isto eu acho que a comunicação social não deve ser controlada, nem pelos partidos, nem pelos governos, mas deve ter a olhar toda a programação uma pessoa adulta, íntegra, eticamente intocável, com registo criminal limpo, com mais de 65 anos e sábia de preferência, escolhida por concurso público em escrutíneo nacional por um período de tempo limitado e com poderes para impedir todos os "perdidos e chachados" programas de tv que dêem tempo de antena a gatunos, inimputáveis e assassinos, mantendo fora do ecrã milhares de cidadãos honestos, inteligentes, trabalhadores e cumpridores dos seus deveres profissionais e sociais. Esses só têm direito a pagar impostos e a subsidiar essas "estrelas" da tv.

domingo, 7 de março de 2010

O GOVERNO "BULLYING"

Ao ler uma crónica excelente do meu amigo Miguel Sentieiro sob o título "A Chunga", referindo-se a uma minoria de alunos perfeitamente mal comportados, oriundos de família também mal comportadas, normalmente apresentadas como contrapeso de uma má consciência colectiva que quase nos obriga a pedir desculpa por sermos bem comportados, lembrei que isso do "bullying" está em todo o lado, na família, na escola, ao lado da escola, no clube, no emprego, no governo local, regional e nacional, porque isto de empurrões físicos e sociais é o"dia a dia" de quase todos os que por aqui andam.
Claro que todos fazemos "bullying" quando não respeitamos o outro na fila do refeitório escolar, ou no restaurante, no estádio, no parque de estacionamento, no shopping, no autocarro, na auto-estrada, empurrando, pisando, ultrapassando, chamando nomes à mãe do guarda-redes que bate o pontapé de baliza, pontapeando toda e qualquer boa educação que tenha tido no banco da escola primária, ofendendo a dignidade de qualquer um com palavrões e atitudes indecorosas na frente de filhos e amigos... claro que ninguém é santo e eu também não suporto uma sociedade de padrecas onde as virtudes são públicas e os vícios privados, mas o contrário também não pode ser a regra.
E o "governo bullying" que temos? aquele feito de boys que saíram das faculdades independentes, das pós-graduações tiradas nas férias de verão, ou de teses de mestrado "copy/paste" sobre os distúrbios psico-sociais do bairro da Bela Vista inseridos nas brechas da sociedade capitalista, pavões vindos da luta de classes do MRPP, AOC, FEC-ML, MES, PSR que acabaram por aterrar na nora dos "partidos de governo" e seus herdeiros, esses sabemos muito bem como praticam o "bullying da sucata", o "bullying do BPN", o "bullying do deficit", empurrando os trabalhadores, dando-lhe porrada sistemática, quer no tempo de serviço, nas reformas ou no desemprego, sem que quem de direito os ponha na ordem.
Esta semana comprovei a existência e validade da "excessão à regra" que umas vezes comprova e outras vezes justifica o "bullying estatal" ao ver uma reportagem televisiva sobre o nosso Presidente Cavaco Silva, pessoa em quem nunca votei e que numa análise superficial eu achava teimoso "até dizer chega", primeiro porque tinha um BX igual ao meu, simples professor", quando foi eleito primeiro ministro, não lia jornais e agora porque vive há quarenta anos no mesmo andar e sem aquecimento, coisa que eu não dispenso na minha vivenda que tenho vindo a construir desde há trinta e três.
Com um povo assim tão poupado como o Presidente da República, meus amigos, o saldo negativo do PIB nunca teria existido, mas... agora me lembro que o Dr. Cavaco Silva tem uma reformazinha como professor universitário, uma outra como quadro do Banco de Portugal, outra ainda como ex-Primeiro Ministro e dentro de algum tempo, uma outra como ex-Presidente da República, o que me faz acreditar que o "bullying do Estado" continua e de boa saúde, com a agravante de o facto de ainda não ter aquecimento no apartamento pessoal já não é tanto de natureza económico, mas talvez seja desleixo.
Do "bullying do governo" nem é bom falar, porque de cacetada nos trabalhadores, o governo de José Sócrates é bem pior que o Petit quando jogava no meio campo do Benfica, era porrada em quem lhe aparecia pela frente e o governo, esse dá por todos os lados.

segunda-feira, 1 de março de 2010

CIÊNCIA?

Desde que me conheço que gosto do jogo "da bola", como dizia a minha mãe e desde muito pequeno que entrei no jogo a troco de 5 caramelos da bola, aqueles das coleções de cromos que comprava na loja do sr. Zé, lá na rua 31 de Janeiro e que tinha de pagar para poder jogar com a bola de "cauchú" do Chico Frazão, o filho do oleiro do bairro do Viola, onde vi pela primeira vez na vida os famosos "bonecos das Caldas", desde o mais pequeno até ao elucidativo de 5 litros, que dava para encher de vinho por altura da tourada do 15 de Agosto.
Como era um pouco maior que os da minha idade, tive o privilégio de começar a ser escolhido para a equipa do dono da bola por volta dos 10 anos e aí, já como jogador "titular" nem precisava de pagar os tais caramelos da bola, pelo que era jogar até se fazer noite e ouvir gritar que "o jantar está na mesa"...
Os anos passaram e de jogo de "pé descalço" e de "más companhias", o futebol começou a ser tratado como uma coisa mais séria, onde quem tinha algum jeito procurava uma colocação profissional à sombra de um clube, através de umas cunhas na Câmara Municipal, nos escritórios de alguma empresa ou numa actividade mais limpa que o trabalho duro das fábricas ou dos campos.
Entretanto, a crónica desportiva apareceu meio envergonhada e ainda me lembro que o Benfica teve um treinador inglês chamado Jimmy Hagan, o qual foi campeão três vezes seguidas, nos três anos em que treinou o clube e nunca deu uma entrevista aos jornais, rádio ou televisão, apesar de serem outros tempos, revela bem a forma como o futebol, o desporto em geral e os seus agentes desportivos não serviam sequer para tomar o pequeno almoço com os primeiros-ministros cá do burgo.
Hoje a coisa é bem diferente e agora sim, o futebol é uma indústria, os jogadores são estrelas do jogo e da publicidade, e para além do mais tem uma multidão de profissionais, desde o "emplastro" que voltei a ver na SIC, nas costas do jornalista que dizia o óbvio durante vários minutos, até ao comentador encartado que nos dava lições de táctica, estratégia, leitura de jogo e posições daquele que ia ser um verdadeiro jogo de campeonato, onde nada se decidia mas tinha também aspectos diríamos até... decisivos.
E nada como fazer do jogo a verdadeira leitura, onde o visitado estava bastante mal e onde o favoritismo era do visitante, claro, até porque no último jogo tinha dado uma cabazada... e nem temos de ir ver o histórico dos jogos entre eles, bastando apenas e só, comparar o currículum dos treinadores para chegar à conclusão de o estádio não conseguir encher, uma vez que os adeptos da casa estão muito desmotivados...
O quê? os mais fracos ganharam por 3-0? então mas esta "coisa" do futebol não é uma ciência? Pois ainda bem que não é, porque se fosse eu já sabia que o melhor ganhava sempre e já há muitos anos teria deixado de gostar desse jogo previsível sim, mas só o suficiente para que todos os adeptos possam imaginar a sua equipa a ganhar quando todos pensam o contrário, o que me leva a sorrir quando vejo e oiço tantos e tão pitorescos comentadores a fazer deste jogo uma ciência, afinal com os mesmos elementos de análise e resultados tão certos umas vezes e tão ridículos outras...
Afinal Jimmy Hagan tinha razão quando lhe tentavam arrancar uma análise ao jogo... "no coments!". É que assim, nunca se enganava nem caía no ridículo.