terça-feira, 28 de dezembro de 2010

SEMPRE IGUAL A SEMPRE!

Estava eu a pensar com os meus botões sobre tudo isto que nos envolve, revolve e resolve, pois que no final de contas tudo se resolve, seja de que maneira for, mas se for mesmo como eu penso há-de resolver-se na horizontal, porque até mesmo aqueles homens de H grande e sempre verticais, com coluna vertebral vertical, até esses vão um dia resolver-se na horizontal.
Às vezes fico a pensar se a maioria já pensou que tudo vai acabar numa quarta-feira, como cantava e bem o Chico Buarque, mas acho que não, parece que todos pensam que isto não vai acabar mais, que tudo vai ser como o meu amigo Necas dizia, "sempre igual a sempre".
E na verdade eu também acredito que tudo vai ser "sempre igual a sempre", uns bem na vida, outros de bem com a vida, outros nem uma coisa nem outra, porque esta treta das democracias e da conjuntura social ou até mesmo das medidas estruturais que sempre oiço no telejornal das "8" e não alcanço, serão aquilo que cada um de nós quiser, em função daquilo que soubermos e pudermos desempenhar, complementado com algum que os pais e avós cá deixarem e o Estado não cobre em impostos de mais-valias, de sucessão, de suspensão ou até mesmo de substituição...
A propósito de estarmos numa "crise" sem precedentes a nível pessoal, nacional e internacional, dei por mim a ver os jovens em cuecas na porta de uma superfície comercial, num desses telejornais que nos dão notícias fantásticas, como aquela do chinês que morreu afogado num país com 1.300 milhões de chineses, alguns desses jovens despidos de preconceitos e cheios de frio durante algumas horas de espera apenas para vestirem duas peças de roupa e sairem à rua com mais dois trapinhos iguais às dezenas que já têm no guarda vestidos lá de casa. Acredito que a "crise" é enorme e que já leve a malta a andar em cuecas, mas também não exageremos, aquilo é afinal só uma promoção de uma marca de roupa que aproveitou uns minutos de propaganda de televisão sem pagar nada, pelo que só espero que o "Tavares Rico" não comece a distribuir as sobras dos jantares, porque há casas que não precisam de publicidade e a clientela não ía achar piada nenhuma à ideia.
A seguir ao 25 de Abril, no jornal "A Bola", alguns jornalistas escreviam que com os novos tempos de liberdade e democracia, os filhos dos sapateiros não tinham que ser sapateiros, os filhos dos mecânicos não tinham de ser mecânicos, as pessoas teriam toda a liberdade de ser aquilo que quisessem... mas na verdade a filha do Carlos Pinhão jornalista lá do jornal, foi também jornalista do mesmo, o filho do Homero Serpa idem, o sobrinho do Vitor Santos aspas e mudando de rumo, a filha de um "justiceiro" ministro Costa foi nomeada assessora do gabinete do pai, o filho do presidente Sampaio foi nomeado para um experiente cargo público, o filho de Soares bem como os filhos de experientes deputados sentaram-se nos lugares dos pais, a mãe do Louçã com 70 anos ainda foi a tempo de ocupar um lugarzinho de secretária na Assembleia da República (pensavam que o Bloco era diferente?) e só o Eusébio não teve engenho e arte para inventar quem o substituísse... o que de alguma maneira vem corroborar o meu amigo Necas e o tal "sempre igual a sempre".
Mas um facto novo vem contrariar esse secular pensamento e só podia vir de um governo liderado por uma pessoa que inventou licenciaturas ao domingo, "novas oportunidades" e "magalhães". A diminuição de vencimentos de quem trabalha para o Estado, como um castigo merecido pelo facto de se terem construído auto-estradas sem carros (a A15, por exemplo) para todos poderem andar e não haver dinheiro para pagar.
No próximo ano cá estarão a diminuir os vencimentos dos funcionários do Estado, para pagar o novo aeroporto e em 2012 novo corte para pagar a nova ponte.
Um dia irão cortar nos vencimentos dos privados para pagar a "sopa dos pobres" aos funcionários... porque não se iludam que isto calha a todos, ou seja "sempre igual a sempre".

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

VAMOS BRINCAR À EUROPA!!!

Ainda sob o efeito do clima natalício, mais ainda pelo efeito do alcool nos chocolates "mon cherry", que eu não dispenso, mas que me deixa inebriado ou até mesmo capaz de ficar tão pedrado como o Contador a subir os Pirinéus, dos quais me lembro cada vez que a televisão me mostra cinco centimetros de neve na Serra da Estrela, dou por mim a rir às gargalhadas sem razão aparente.
Sem razão aparente dizem aqui em casa, mas com razão evidente quando na SIC voltam a repetir a cada hora a notícia "o Estado vai pagar as multas aplicadas pelo mesmo Estado aos partidos políticos", não, não se riam que é mesmo assim... ei, ei, vejam lá se param de rir, que isto de escrever piadas é mais para os "gatos fedorentos", eu não nasci para contar anedotas, isto foi dito na televisão por um jornalista que transcreveu a notícia sem se rir.
Assim, quando o Estado multa um partido político, manda anexado ao auto de transgressão um cheque no mesmo valor, o qual deverá servir para pagar a multa se entretanto algum chico-esperto não se abotoar com o chequinho, porque nestas coisas pode até acontecer os documentos serem extraviados para um qualquer paraíso fiscal.
Então e eu? não podem mandar um chequinho juntamente com o auto de contravenção de trânsito, daqueles de 120, 00 € porque ía a 60 kms/horas e só podia ir a 50?
Então deve ser por estas manigâncias que ouvi hoje o presidente da Eslováquia a dizer que Portugal deveria sair do "euro", o que de alguma forma não me surpreende, mas fez-me lembrar uma viagem de bicicleta entre a Alemanha e a Hungria em 2009, onde tive oportunidade de percorrer a Eslováquia profunda e, meus amigos, se Portugal devia sair do "euro" esta Eslováquia nem devia lá ter entrado, porque eu vi casas com telhados a cair, aldeias dos anos 50 do século passado, carroças puxadas por cavalos, mulheres de lenço na cabeça e saia rodada até aos tornozelos, bicicletas pasteleiras que até metiam medo, mercearias e cafés de meter medo ao susto e até mesmo no centro de Bratislava vi remendos no alcatrão e prédios tão mal conservados que a vontade foi fugir dali, sem comparação com a Viena de Austria que tinha visitado antes e Budapeste que conheci depois.
Um dia chegámos a uma pequena localidade eslovaca, daquelas com a igreja no meio da praça principal e preparámo-nos para estacionar as bicicletas junto a outras tão velhas, tão velhas que sentimos que se as nossas lá ficassem, corríamos o risco de não as voltar a ver... e o parqueamento das bicicletas era feito com vigas de ferro de cofragem, onde podíamos assentar o guiador, numa improvisação que nos deu a sensação que estávamos no Senegal ou no Togo, não fosse a cor de pele dos amigos eslovacos, mas não deixamos de reparar num jeep de alta gama que acho que nunca vi um igual em Portugal.
E vem o presidente da Eslováquia dizer que nós devíamos sair do "euro", coitado... mas se calhar ele lê o "Correio da Manhã" todos os dias.
Alguém a meu lado desabafou um facto muito interessante, ao sentir-se incomodada com a conversa do presidente eslovaco... "olha para este gajo... nem me importava que me tirassem mais dinheiro no vencimento só para não ter de ouvir este enxovalho... ainda se ele fosse norueguês ou dinamarquês...", mas isso ia tirar-nos do buraco em que esta rapaziada nos meteu? não acredito muito, ou melhor, não acredito nada e até penso que com esse sacrifício talvez os juízes ficassem sem cortes no vencimento.

domingo, 26 de dezembro de 2010

A CHULICE

Estava eu sossegado a tentar ultrapassar esta ressaca do Natal, onde a troco da comemoração do nascimento de Jesus, me empanturrei sem querer, até porque eu tenho sempre o cuidado de dizer que não quero ou quero pouco... mas onde me é impossível dizer que não quero.
- Não queres? então estive todo o dia a fazer comida e agora dizes que não queres?
- Não é não querer...
- Ahhh, pensava que não querias... vá lá só mais um bocadinho...
- Desculpa, mas já não quero mais...
- Não digas isso, ainda o jantar vai a meio... ainda só comeste um bacalhauzinho... e este borrego, não gostas?
- Gosto, gosto, mas...
- Vá lá, só mais este bocadinho, que eu sei que gostas... e sobremesa? não me digas que não queres...
Bem, como devem ter calculado, não havia hipóteses de me safar e acabei de cear nesta fria noite de Natal já passava da uma da manhã, preparado para aguentar a azia do dia seguinte, o que felizmente não aconteceu, vá lá saber-se porquê.
Mas o essencial da crónica de hoje, em contraponto com o sentimento de dádiva e partilha que sempre acontece em cada natal e que poderia alargar-se a um novo conceito de "natal" a realizar uma vez por mês, o qual acabaria com tanta necessidade e desencadearia novos sentimentos misericordiosos, veio lembrar-me o Estado "chulo" que se instalou entre nós e que a cada dia nos estrangula com novos e impiedosos mecanismos, tudo isto a propósito de uma reportagem sobre uma bolsa instituída por um, apenas um dos 25 eurodeputados portugueses, que em conjunto com os "gatos fedorentos", atribuem todos os meses 3.000 euros (três mil) a jovens com projectos relevantes. Pois sabem o que acontece à bolsa desinteressadamente atribuída por estes beneméritos? os bolseiros desse dinheiro dado, ofertado, atribuído em função do mérito leva uma roedela do Estado, pois é devido o pagamento do "imposto de selo" a quem recebe a bolsazinha. É que já não basta este Estado miserável não dar nada a quem se esforça, estuda e trabalha, porque há necessidade de conceder subsídios a quem não se esforça, não estuda e não trabalha, mas sente necessidade de cobrar o tal "imposto de selo", nem se importando que mais vale sê-lo que parecê-lo.
Já há uns meses fiquei chocado pelo facto de os telefonemas de apoio à campanha "Ajudar a Madeira", no valor de 0,60€ levar a alcavala de 0,12€ de IVA, mas o Estado chulo não descansa e não nos deixa em descanso, o que me leva a perguntar se quem governa não sente um pouquinho de vergonha quando está a olhar para a televisão e lê no rodapé que todas as ofertas para deficientes, pobrezinhos, sem-abrigo, tuberculosos, cancerosos e demais cidadãos levam em cima a tal alcavala do IVA?
Gostava de saber se os carrinhos novos que são vendidos ao Estado pagam IVA, se o Estado faz seguros obrigatórios desses veículos (ouvi dizer que não fazem), se quando recebe os subsídios de Bruxelas tem de pagar IVA e a quem... e já agora gostava de saber se quem manda nisto sabe qual a diferença entre o governo e o Estado, ou não sabem?
Mas na verdade, eu já devia estar vacinado contra isto tudo e nem devia achar estranho... então não se lembram daquela história dos filhos pagarem imposto sobre os tais 500 eurinhos que os velhotes lhes dessem de vez em quando?

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

SOU SÓ EU?

Depois de um orçamento de Estado aprovado, com as medidas de austeridade a cortarem nos vencimentos do funcionalismo público, para pagar os prejuízos acumulados com obras que servem toda a comunidade, começaram as medidas avulsas a aparecer para safar alguns em detrimento de alguns outros, vai daí o governo socialista decreta que as empresas de capitais públicos que dão centenas de milhões de euros de prejuízo todos os anos, não vão ter necessidade de cortar nos seus funcionários, o governo socialista dos Açores também não vai sacrificar os seus funcionários, os assessores também não descontam porque estão em comissão, os amigos também não vão sofrer cortes nas comissões ou dividendos que recebem dos juros de capitais investidos, ao contrário de qualquer pessoa que vai ter de pagar todos os juros, até mesmo da herança da casa velha e a cair que os pais lhes deixaram...e chegados a este ponto começo a interrogar-me se o deficit vai ser reduzido só com os cortes que eu e mais uns poucos vamos sofrer em 2011.
Parece-me lógico que uma sociedade deveria pedir sacrifícios a todos conforme os seus rendimentos, com excepção daqueles que ganhando uma miséria já fazem sacrifícios desde que nasceram, mas não é isso que vai acontecer, porque quem governa não tomou chá em pequeno, aprendeu a mentir sem que lhe dessem uma palmada no traseiro e acha que é mais esperto que os outros, pelo que só vai levar corte no salário uma parte dos funcionários, o deficite vai continuar ou até mesmo aumentar e no final do ano que vem, os mesmos espertos que nos governam irão cortar ainda mais nos mesmos de sempre.
Outra coisa que me faz pensar que estes governantes, economistas e afins não percebem nada do assunto é andarem a pedir dinheiro emprestado a tenebrosas e anónimas sociedades financeiras, ao juro que elas querem e não apoiam a poupança dos portugueses, oferecendo-lhes produtos de aforro a metade ou menos dos juros que pagam a essas sociedades financeiras, convidando os cidadãos a gastar o pouco que ganham porque o juro do aforro, contando com a inflação ainda acaba por ser negativo, não contando que lhe esmifram 25% dos juros obtidos em contraponto com as mais valias dos accionistas da PT que vão recebê-las limpas e secas, sem qualquer tributação.
Eu já era professor quando um governo ditatorial mantinha um orçamento equilibrado, com uma guerra colonial onde se encontravam 100.000 homens que precisavam de ser alimentados e vestidos, onde se gastavam fortunas em barcos, aviões e armas, onde todos viviam normalmente, sem "sem-abrigos", toxicodependentes ou ladrões de ourivesarias, mas nunca ouvi dizer que os governantes da época fossem apanhados a roubar os dinheiros do Estado ou dos bancos, com excepção de um valente capitão na Guiné, que fez uma pequena fortuna a comprar batatas para a messe.
Não acredito num primeiro-ministro que, há meia dúzia de anos atrás fazia uns projectos de habitação com azulejos do lado de fora, em administradores de empresas públicas que ganham centenas de milhares de euros por mês, em assessores que só o são porque se inscreveram no partido do poder, em parasitas que levam bancos à falência e vão apanhar sol para Cabo Verde sem que ninguém os incomode, em ministros que aceitam que Timor-Leste nos empreste dinheiro para pagarmos as dívidas, sem sequer um esgar de vergonha na cara... e não sei bem, mas acredito que alguns milhões de portugueses pensam como eu, ou estarei enganado? Sou só eu?

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

PORTUGAL E O FMI

Aproveitando este feriado do 1º de Dezembro, que já me criou alguma azia, quando um jornalista televisivo perguntava a um jovem lindo de olhos azuis, ciberneticamente actualizado e capacitado, playstationíssimamente habilitado, mas completamente ignorante em relação às suas raízes históricas, o significado do "dia da independência", em contraste com um idoso que logo lembrou como se tivesse participado como conjurado, o lançamento de Miguel Vasconcelos para o Terreiro do Paço e os vivas a D. João IV naquela manhã de 1 de Dezembro de 1640. Felizmente que os espanhóis estavam com os seus exércitos a combater a vontade independentista da Catalunha e descuraram o flanco português, razão ainda para o meu amigo Josep Blasco me dizer quando nos encontramos que só somos hoje independentes à custa da Catalunha, o que eu sempre faço por agradecer.
Claro que a ignorância dos jovens em relação à sua história só vem porque cada data importante da nossa história é estudada como um "fait divers"...
- meninos, sabem porque é que amanhã é feriado?
- não, senhora professora...
- então eu vou explicar...
e para cada feriado a sua explicação, seja o 25 de Abril, o 10 de Junho ou o 1º de Dezembro, sempre explicados com a profundidade que se percebe na véspera e... ponto final, que os miúdos precisam é de saber inglês e internet, para além das 12 horas de educação sexual que todos os directores de turma tentam incorporar nas actividades dos colegas docentes que, sem qualquer preparação nem documentação tentam impingir aos alunos com uns filmes que os jovens acabam por ver meia duzia de vezes por ano. Para isso há tempo e horas, mas para a divulgação da nossa história não é preciso, que o professor Hermano Saraiva trata disso no canal 2, tarde e a más horas.
Claro que a partir daqui temos que aguentar toda a série de disparates, como um "opinião pública" que perguntava se era preferível uma união ibérica, apresentando como justificação a candidatura ao mundial do pontapé na bola de 2018, fazendo uma confusão nada dignificante entre uma necessária cooperação ibérica e uma tonta proposta de união ibérica, comparando até a reunificação alemã que a guerra separou há 60 anos atrás e o bom senso unificou, com uma nação de cerca de 9 séculos de história, unida e pulverizada de seguida pelos "nuestros hermanos" com a complacência, ignorância e desvergonha de uma geração de gente ignorante e cobarde.
Na verdade, o tema que eu propunha hoje não tinha nada a ver com o que acabei de escrever, mas as conversas são como as cerejas, vêm sempre umas atrás das outras, pelo que nada se perde, tudo se transforma, como dizia alguém mais inteligente que eu... e esse tema era "Portugal e o FMI", até porque uma agência de apostas, a "Unibet" tinha nas apostas uma questão interessante "o FMI entra em Portugal até 31 de Março de 2011?". Quem apostasse "sim" ganharia 1,7 do apostado, quem apostasse "não" ganharia 3,4, o que de alguma maneira dá a entender que eles vêm mesmo antes de 31 de Março.
Logo me veio à ideia uma solução para o problema do deficit, fácil de resolver e que vou tentar fazer chegar ao primeiro-ministro, ou seja, se o deficit são 10 mil milhões de euros, o governo deve apostar na Unibet uma quantia igual no "não", fechar todas as fronteiras até ao dia 1 de Abril para que o FMI não possa entrar e receber o prémio de 3,4 vezes o dinheiro apostado, resolvendo até o deficit de mais dois ou três anos que aí vêm. Vai uma aposta?

domingo, 21 de novembro de 2010

DA PALMA DA MINHA MÃO...

Anónimo escreveu...

Da Palma da minha mão...

Há-de nascer um soneto de amor
Simples, conciso, em si tão perfeito,
Saído da pena que trago ao peito,
Que poeta algum nunca ousou compor.


Há-de crescer palavra... uma e apenas...
Esparsa nos ventos das tardes frias...
Da vida instante que são meus dias,
Aroma de orvalho de manhãs serenas.


Marca no rosto... suave carícia...
Música guardada em lágrima rolada...
Discreto acorde, que me ensinaste assim.

Mão aberta, em súbita imperícia...
Desajeitada, ainda a tremer, só de ter...
O ver do teu olhar a passear em mim.

PS – Achei o poema fantástico e achei que não podia ficar apenas como comentário. Só tenho pena de não saber quem o ofereceu, no entanto… muito obrigado!

21 de novembro de 2010 11:23

QUANDO O JACARANDÁ FLORIR EM TODO O SEU ESPLENDOR

Fragância tão forte e tão inteira,
dará a sensação de liberdade...
o aroma que macio, é a fogueira
do frio que me coze na cidade.

Quando o jacarandá florir em todo o seu esplendor
o perfume é teu, para sentir
a alma de nós dois... e, por amor
do coração que mais sorrir.

O tempo que resolve tudo e nada,
onde experimento a solidão,
será o amor, será a estrada,
a espuma da onda, da paixão.

sábado, 6 de novembro de 2010

FÉRIAS NO EQUADOR...

Antes de mais quero afirmar que não sou racista, nem xenófobo, nem anti-nada, nem anti-tudo, acho até que a minha experiência de vida me dá uma certa almofada ergonómica e psicológica que de alguma maneira me faz reagir com calma, mesmo nas piores e mais constrangedoras situações, mas devo reconhecer que há alturas em que tenho tendência para perder a cabeça.
Depois de um dia na fazenda de um amigo a ajudar a apanhar azeitona, uma tarefa que mesmo deixando algumas mazelas de natureza física, me dá o prazer de colocar as conversas em dia e aproveitar um almoço excelente, tive o azar de olhar para a tv no momento errado e agora estou aqui a digerir uma azia por culpa de uma reportagem miserável, produzida e divulgada na SIC e autorizada por um director de informação que deveria ser enviado de férias para o Equador.
Então não é que esse canalzinho de tv mostrou aos portugueses um caso de prisão de duas cidadãs portuguesas no Equador, por pretenso transporte de droga para Portugal e referiu até que o senhor embaixador não prestou os cuidados necessários às duas cidadãs?
Fiquei incrédulo quando ao olhar a reportagem dei com duas mulheres de etnia cigana, analfabetas que diziam ter assinado os papéis com "o dedo" e que foram ao Equador sim, de viagem, presumo que de férias, talvez segundo elas tentando um emprego num hotel, provavelmente a ler a sina aos turistas e que à chegada encontraram um senhor bexigoso que as mandou tomar banho. Imagino o tormento dos passageiros próximos ao fazer uma viagem de horas com aquelas cidadãs portuguesas ao lado, já que o "bexigoso" deve ter tido boas razões para as mandar tomar banho à chegada.
E o que pensarão os equatorianos de nós portugueses, pela amostra das cidadãs nacionais, analfabetas e tradicionalmente vestidas e pouco ou nada perfumadas? esses é que nunca vão emprestar-nos dinheiro para equilibrarmos o orçamento de estado.
E tudo acabou com as cidadãs portuguesas a chorar muito, a pensar mandar as filhas adolescentes passar férias em países sul-americanos (isso imagino eu...) e a sonhar com uns empregos nos hotéis da américa latina, que isso de apanhar azeitona é só para os parvos.
Bom seria que o objectivo da reportagem se centrasse no esquema fraudulento, nos tipos "bexigosos" que dominam o esquema, na forma organizada como essas redes funcionam, como o serviço de estrangeiros e fronteiras deixa este pessoal ir de avião para o Equador sem colocar umas questões quando vêem os passaportes, uma vez que já há uns anos aceitaram de ânimo leve que duas senhoras de meia idade alugassem por cem mil euros um avião, para irem tomar o pequeno-almoço à Venezuela. Este é o Estado a que temos direito.
E quanto à SIC, continuo à espera que se lembrem de quem trabalha honestamente neste país... ou esses não querem mesmo aparecer na televisão?

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

DÍVIDAS, DÚVIDAS, DÁDIVAS

Como é possível tanto clamor sobre dívidas se na verdade a nossa vida pessoal e colectiva conviveu, convive e sobreviverá "ad eternum" com isso tudo e o resto que, não estando orçamentado, se cimentará pelos séculos mais próximos?
Qual a necessidade de promover o "stress", a angústia e o medo na maioria dos portugueses que anseiam pela bancarrota? sim, anseiam por que isto páre por uns tempos, porque uma pessoa com saldo negativo só espera que os credores morram ou se afundem na tal bancarrota... então se eu devo cem mil euros e só tenho 100 na conta bancária estou preocupado? preocupados devem estar os credores, mas adiante...
Claro que depois das dívidas sobrevêm as dúvidas, porque parece que alguém se lembrou que as obras governamentais, tais como auto-estradas, pontes, comboios, estádios, festas e fados, construídos para que todo o povo usufruísse, estão a dar cabo do orçamento, o que só se resolve com o corte dos salários dos funcionários públicos... e eu pergunto, então essas obras que provocaram prejuízos e despesas assustadoras a médio e longo prazo e que servem toda a população só vão ser pagas com o dinheiros de uns? o funcionário a quem cortam o vencimento porque há obras para pagar, foi chamado a pronunciar-se se queria essas obras, as quais é agora obrigado a pagar? e a iniciativa privada, que usufruiu todos os dias dessas estruturas, não paga nada? e os accionistas da PT que vão receber juros livres de impostos são diferentes do cidadão que tem um dinheirito a prazo e vê o Estado sacar-lhe 25% de imposto sobre o miserável juro obtido com o depósito?
E a dúvida mantém-se... para quando a prisão de todos os gatunos que nos últimos 36 anos levaram o país à falência? a propósito, Alberto João Jardim chamou hoje gatunos a todos aqueles que lhe proíbem acumular o vencimento de presidente do governo regional com alguma reformazita com que se abotoa. Só hoje é que lhes chama ladrões quando lhe chegaram ao bolso? na semana passada quando roubaram o abono de família aos desgraçados não o ouvi dizer nada...
Mas o melhor é seguirmos para as dádivas, já que de dívidas e dúvidas estamos esclarecidos... será que o governo não sabia que a situação estava mal quando oferecemos estádios de futebol à Palestina, centenas de milhões de euros à Grécia ou enterramos milhares de milhões de euros num banco comercial que deveria ter falido como acontece em qualquer país livre e democrático?
Não precisamos mudar de país, mas acho que precisamos de mudar de povo...

terça-feira, 26 de outubro de 2010

O ORÇAMENTO

O "orçamento de Estado" continua na ordem do dia, de tal modo que ontem quase tinha uma paragem cardíaca ao ver o telejornal, senti um formigueiro, o corpo a gelar e eu a gritar que queria um chá bem quente para acalmar e a lembrar que um médico disse que o chá é um estimulante, que não acalma coisa nenhuma, mas vinho tinto áquela hora tb não me sabia grande coisa... e tudo porque o primeiro jornalista afirmou que o governo e a oposição estavam em negociações e passou em directo para o segundo que disse em primeira mão que o governo e a oposição continuavam em negociações, ao qual um terceiro jornalista também em directo e mesmo à porta das negociações afirmou que naquele momento estavam o governo e a oposição a negociar o orçamento... e já lá vão 12 minutos de telejornal, com declarações cada vez mais elucidativas, tendo mesmo um dos jornalistas revelado que nada se sabia das negociações, ou melhor, nada transpirava da mesa de negociações.
E aí eu percebi que estava a ver uma tv pública, com prejuízos colossais de centenas de milhões de euros, que esmifra mais umas centenas de milhões aos desgraçados que precisam de um contador de luz na casa, porque três jornalistas a dizer a mesma coisa na mesma peça é obra, é talvez o supra-sumo da política governamental do 3 por 1, só que aqui na RTP é três na rua a fazer a mesma reportagem por um que fica no estúdio a dizer o mesmo, na linha da medida governamental dos três que saem por um que entra.
Então o rico Balsemão, com a SIC enriquece, faz festas, paga bem, tem lucro, não me cobra taxas e a RTP tem centenas de milhões de euros de prejuízo?
Qual é o propósito de um Estado que tem empresas de transporte a receber chorudas indemnizações em concorrência com tanta empresa privada de transportes, chegando ao ridículo de estas conseguirem oferecer preços mais baixos aos seus utentes e apresentarem lucros no final de cada ano, sem receberem qualquer indemnização "compensatória"?
A que propósito gastou o Estado mil milhões de euros para modernizar a "linha do norte" e no final dos gastos a viagem Lisboa-Porto encurtou em 10 minutos?
Porque é que o Estado subsidiou estádios de clubes de futebol e tem um Estádio Nacional completamente abandonado onde se realiza um jogo oficial por ano, com directores, directores-técnicos, administrativos, cortadores de relva e mais não sei quantos funcionários?
Porque não extingue centenas de organismos com funcionários que nada fazem, porque as suas funções se esvaziaram em virtude de os sucessivos governos gastarem milhões de euros em pareceres, estudos e outras alcavalas efectuadas por gabinetes de amigos e amigos dos amigos?
Porque não promovem a formação e o efectivo desempenho de tarefas a todos aqueles que recebem os mais variados subsídios do Estado?
Porque é que não proíbem a acumulação de reformas com vencimentos a toda a gente, independentemente de quem seja e em que condições se encontrem? Porque é que esta medida só produz efeitos a partir de agora e os amigos dos governantes que estão nessa situação não são abrangidos?
E porque não retiram o abono de família de crianças, mas só das que nascerem a partir de 2011, como fizeram em relação à acumulação atrás descrita?
Eu sei porquê mas não digo...
Antigamente os que mandavam eram sempre os mesmos, mas agora não... passam de pais para filhos, numa republica monarquizada, onde só entra quem vier por mal.
Lá vamos cantando e rindo, levados, comidos e gamados sim...

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

TOMA QUE É TABACO

MIL TREZENTOS E SETENTA MILHÕES DE EUROS DE IMPOSTO SOBRE O TABACO PREVISTOS PARA 2011!

É obra! sim, é obra tanto dinheiro arrecadado pelo Estado em impostos sobre o tabaco, previsto para o ano de 2011, o que de alguma forma me lembra o Almirante Pinheiro de Azevedo a gritar ao povo no Terreiro do Paço nos idos de 75, "Calma, calma que isto é só fumaça!"

É mesmo muita fumaça, porque contando que metade da população não fume, eu pus-me a fazer contas e cheguei a conclusões estarrecedoras, ora vejam:

274 euros por ano a cada fumador, mais de 75 cêntimos por dia para o Estado em impostos do tabaco, 22,50 euros por mês ou os tais 274 euros por ano, já para não falar do custo do tabaco em si mesmo que daria para um fumador que deixasse de o ser, uma poupança capaz de proporcionar umas férias no Algarve para a família.

Claro que se essa poupança acontecesse, o que acho pouco provável, porque a maioria dos fumadores são mesmo viciados e acham que se deixassem de fumar, o governo teria de inventar um outro imposto para tapar o buraco, porque se uns são viciados em tabaco o governo é viciado em impostos, diria eu que já que é para estorrar, antes a fumar que a fazer festas de aniversário da Direcção Geral de Finanças.

Se quisessemos aprofundar a coisa, chegaríamos a uma conclusão interessante, que demonstra bem o empenho dos fumadores/contribuintes na salvação da pátria, ou seja, se apoiam o governo devem continuar a fumar porque os seus impostos são necessários ao orçamento do Estado e não sobrecarregam os não fumadores, devendo por isso ser objecto de gratidão do povo e do Estado, não se sujeitando a ter de fumar no meio da rua ou em vãos de escada, apenas porque os que nada dão ao país não gostam do fumo.

Se não fumam devem ser fortemente penalisados com uma "taxa de não fumador", uma vez que não contribuem para combater o deficit, vão menos vezes aos hospitais e contribuem menos com as taxas moderadoras, dão-se ao luxo de andar por aí a correr a proclamar que não fumam e estão cheios de saúde, deixando os carros em casa e não contribuindo para o Estado através do imposto sobre os produtos petrolíferos, enfim, uns parasitas que só contam para levar dinheiro à comunidade e para ajudar a falir este país de quase nove séculos. Lembrei agora que um desses é um tal Sócrates que fumava às escondidas no avião e prometeu deixar de fumar, anda por aí a correr e só anda em carros do Estado com gasolina paga por todos nós.
Bem faziam as senhoras do MNF (movimento nacional feminino, para os mais novos e se tiverem dúvidas procurem saber mais na net), que a primeira coisa que faziam aos jovens de 20 anos durante a guerra era oferecer uns macinhos de tabaco para lhes meter o vício, mal sabendo que estavam a arranjar novos contribuintes para o Estado ou para a Nação como era costume na época.
Segundo alguns estudos que realizei, científicamente comprovados, tal qual a brancura do Colgate, cheguei à brilhante conclusão que são os pobres aqueles que mais contribuem para o Estado através do imposto sobre o tabaco, pelo que acho perfeitamente natural que o governo se empenhe em criar o máximo de pobres possível, arrecadando cada vez mais impostos e acabando em poucos anos com o deficit. Proponho até que se não chegar, o governo legalize a marijuana e o haxixe, criando um novo nível de fumaça e mais uma fonte de receita, para que o saldo das contas públicas comece a ficar positivo.
Hoje sinto-me culpado sim, culpado do deficit, porque deixei de fumar há mais de trinta anos e foi a partir daí que o país se começou a afundar financeiramente apenas e só pela falta dos meus impostos relativos ao tabaco.



segunda-feira, 11 de outubro de 2010

A MALTA HABITUA-SE...

O facto de já não escrever crónicas há mais de um mês estava a intrigar-me, havia aqui qualquer coisa que não entendia, uns dias não me apetecia escrever, outros dias tinha tantos assuntos em catadupa que não conseguia escolher o mais interessante, uns sobre o governo, outros sobre a oposição, outros sobre todos aqueles que não são de uns nem de outros e se vão safando comprando a uns e vendendo a outros, sei lá, era o orçamento, a baixa dos vencimentos de uma parte dos trabalhadores, para pagar as despesas de todos, o Medina Carreira que aos 79 anos de idade viu que não tinha nada a perder e pode ser que um dia destes morra e encontre a escadaria da bem-aventurança, porque há trinta anos era ministro e só agora reparou que esta malta é nem mais que uma massa de trafulhas que transformou a política num espectáculo sem nível.
Isto para não falar dos responsáveis das Finanças, do dinheiro do Estado, que fazem festas de aniversário gastando centenas de milhares de euros ao desbarato, sem se importarem se o dinheiro que gastaram foi sacado a pessoas que vivem o dia a dia com dificuldades...
E os cinco milhões de euros para comprar carros blindados, canhões de água, armas e outros brinquedos que vem aí a cimeira da NATO e isso é tão importante...
- Sabe, as forças de segurança têm de prevenir atentados...
Eu diria até que para prevenir atentados, tiveram de fazer cinco milhões de euros de despesa, o que me parece um atentado à minha cada vez menor lucidez mental, não falando sequer no tal submarino (ou serão dois?) que se compraram para vigiar as frotas inimigas concerteza, uma vez que à tona de água nem barcos temos para parar as lanchas dos narcotraficantes da Galiza, nem mesmo para salvar uns pescadores que tenham o azar de naufragar a cem metros da costa.
Claro que nem me lembrava daquele magistrado do Ministério Público que andava a vender bilhetes para os U2, qual candongueiro de meia tigela e que depois de apanhado com a boca na botija foi suspenso por um ano... quando voltar ao serviço vai directo para a secção judicial que trata de candonga e falsificação.
E este governo Socrático e Teixeiroso que declarou que essa treta de ser reformado e trabalhar para o Estado vai acabar? vai acabar? então o Presidente da República vai ficar só com o seu vencimento enquanto estiver no cargo?
- Desculpe, o governo vai acabar com isso, mas só a partir de agora, o que está mantém-se.
- Ahhhhhhhhh, não tinha entendido. E o abono de família... é só a partir de agora? quem já recebe, mantém o abono?
- Não, não, o abono de família acabou para os que já recebiam e para os que ainda não recebem.
- Ahhhhhhhhh, entendido, senhor ministro!
Acredito que se o Parque Mayer ainda existisse com a força dos anos 60, não havia teatros para tanto artista...


quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A SANÇÃO DE QUEIROZ

É um assunto desportivo, sim, mas o governo teve de meter o bedelho e já sabemos que onde o governo se mete, tudo tem tendência para piorar, ou não fosse essa a regra desde há tantos anos, porque quando se meteu com o Saramago deu barraca, quando se mete com submarinos é certo que mete água, quando quer fazer o que não sabe é uma desgraça. Pois no caso Carloz Queiroz, o governo, através de um secretário de Estado do Desporto, fez comentários no início do processo, achou que tudo tinha sido muito grave durante o processo e acabou a dar uma conferencia de imprensa concordando com a pena aplicada pelo ADoP - autoridade antidoping, constituída por uns amanuenses escolhidos pelo sistema político deste país, à custa de jeitos, cunhas e favores dos lambe botas da política, porque cargos desses nunca vão a concurso público.
Não sei o que o futuro ditará, mas acho que o Tribunal Arbitral do Desporto vai acabar por pôr na ordem estes funcionários do ADoP, autêntica ASAE do desporto, que se julgam no direito de entrar na casa de cada um, sem ao menos se apresentarem e darem os bons dias aos responsáveis da selecção nacional... já estou a vê-los a subir as escadas do hotel, de cara fechada, a caminho dos quartos dos jogadores, porque "estes gajos ganham fortunas e não querem ser acordados às 8 da manhã".
Acredito que Carlos Queiroz possa ter tido um desabafo desagradável, mas alguém tem um desabafo desagradável sem uma causa, sem uma atitude ou conversa anterior? não creio e não estou a ver o seleccionador nacional a empurrar os médicos da ADoP pela escada abaixo, numa atitude perturbadora do tal controlo anti-doping, que afinal foi feito na totalidade e sem problemas, segundo se apurou.
Acho incrível que o governo, através do secretário de Estado, se imiscua num caso que só a uma federação desportiva dizia respeito, porque esse senhor deve saber que a disciplina e regulamentação desportiva está fora da alçada dos governos e dos seus tribunais, conforme acordos internacionais entre FIFA, Comité Olímpico Internacional e governos de todo o mundo.
Não se lembra esse senhor que já houve despromoções de clubes em Portugal, apenas porque foram para os tribunais comuns derimir problemas desportivos?
O processo vai continuar até que o Tribunal Arbitral Desportivo decida e se querem saber, gostava que Carlos Queiroz fosse ilibado, que o secretário de Estado fosse demitido e que no final o seleccionador viesse a público apresentar a demissão para vergonha de todos os parasitas que vegetam nas estruturas desportivas e políticas deste país, cada vez mais pequenino.
A propósito deste senhor Laurentino Dias, secretário de Estado, lembro-me apenas de uma história que apareceu nos jornais em que era acusado de fornecer falsas declarações a propósito de uma licenciatura em direito, que dizia possuir e que ainda não tinha completado, pelo que de pessoas destas eu tenho algumas dúvidas.
Porque se há alguém que não precisa de ser enxovalhado desta maneira é Carlos Queiroz, pelo seu passado como treinador em Portugal, Estados Unidos, Africa do Sul, Espanha, Inglaterra, Japão e pela alegria que me proporcionou num dia maravilhoso, no Estádio da Luz, quando fomos campeões mundiais, com jovens que se tornaram estrelas e que encheram de talento muitos estádios deste mundo. Como diziam na altura os "técnicos da bola", ser campeão de miúdos era mais fácil... pois era, mas depois disso nunca mais lá chegamos.
PS - um amigo anónimo chamou-me atenção para o título, que deveria ser "sanção" do verbo sancionar e não "sansão" referente ao Sansão, traído enquanto dormia. Talvez porque Carlos Queiroz foi igualmente traído enquanto passava férias, eu tivesse cometido um erro por simpatia... mas o agradecimento fica feito.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

FUNDAÇÕES AO FUNDO!

De vez em quando vem à baila a história das "fundações", uma invenção cheia de boas intenções, normalmente com o objectivo de promover e fazer o bem, com muitas pessoas importantes, de preferência ricas e com uma qualidade filantrópica que, levada à letra satisfará quem dá e quem recebe.
Muitas pessoas com grande disponibilidade económica, chegam à conclusão que o seu excessivo dinheiro poderia ajudar a minimizar as carências de muita gente, seja no apoio directo a essas pessoas, seja na criação de instituições que pela investigação científica irão a breve prazo satisfazer outro nível de necessidade das populações mais carenciadas, com a grande vantagem de em vida poderem acumular umas condecorações ou até mesmo uns "honoris causa", nas mais diversas e peculiares universidades independentes.
Hoje, ao ler o jornal fiquei a saber que são quase 1.000 fundações em Portugal, um número redondo fornecido aos jornalistas, porque é um "bico de obra" saber efectivamente quantas fundações existem na realidade, até porque segundo um membro do " Conselho Permanente das Fundações" um organismo criado pelo Estado para tratar dessa coisa das fundações, nem ele sabia dizer quantas existem, o que prova a sua incompetência e só por isso... deve continuar em funções.
Mas nesta trapalhada das fundações, o que mais me intriga é que sendo elas criadas por um acto voluntário de pessoas abastadas na sua generalidade, sendo elas um produto da "sociedade civil", seja lá isto o que fôr, não tendo fins lucrativos e recebendo contributos financeiros e materiais que deveriam ser voluntários, portanto das pessoas que apoiam o projecto, seja o Estado, todos nós, a contribuir com 166.000.000,00€ (cento e sessenta e seis milhões de euros) nos últimos anos e com tendencia para aumentar, não contando com uns benefícios fiscais que essas tais fundações vai conseguindo por forma a não pagar impostos.
Resumindo, aquilo que o velho regime acabou por autorizar, a Fundação Gulbenkian, um exemplo de como uma pessoa conseguiu orientar os seus rendimentos, privilegiando o bem comum, a ciência e as artes, os figurões "democratas" que nos governam multiplicaram e sustentaram as vaidades pessoais de centenas de artistas que viram nessa generosidade uma óptima forma de fugirem ao pagamento de impostos, para além de os subsidiarem com os tais 166 milhões de euros.
É que, não se pode tomar a nuvem por Juno, que há sempre pessoas bem intencionadas, mas alguém acha que as mais de mil fundações estão disponíveis para ajudar as pessoas, as colectividades, as associações ou até mesmo o país? Acabe o Estado com os subsídios e nem uma dúzia mantém as portas abertas.
A propósito, já que estou com a mão na massa, tive conhecimento que os bombeiros "voluntários" se queixaram ao governo ( a quem havia de ser?), que recebem uma ninharia por cada hora no combate aos incêndios... então mas os homens são voluntários ou afinal estão ali para compor o orçamento mensal? é que voluntários no meu tempo, era para quem queria ajudar sem esperar receber qualquer verba, era mesmo fazer qualquer coisa só pelo prazer de contribuir socialmente, mas agora parece que não. Um dia destes até achei estranho que todas as colectividades se queixavam de falta de participação dos jovens nas suas actividades e a fanfarra dos bombeiros tinha quase cinquenta a bater bombos e tocar cornetas. Perguntei porque iam tantos jovens "voluntariamente" para a fanfarra dos bombeiros e vim a descobrir que a Câmara Municipal lhes pagava uma verbazita mensal nas casa dos 70 a 80 euros... ora aí está porque é que jovens de 11 ou 12 anos gostam tanto de participar "voluntariamente" na fanfarra e não participam noutras actividades.
Com tanto voluntariado e "fundações", quem se afunda é o contribuinte!

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

TAMBÉM TU, QUEIROZ?

Em primeiro lugar tenho de esclarecer que Carlos Queiroz é uma pessoa que muito prezo e com quem tive o prazer de aprender e ser um dos estagiários de licenciatura, sob a sua coordenação, o que de algum modo influiu positivamente a minha própria atitude em relação ao treino desportivo e ao futebol em particular, facto que não tem qualquer influência na apreciação de alguns factos que desconheço em pormenor e que têm vindo a público, com o tal "inquérito" da Federação Portuguesa de Futebol e relativo a uma recolha de análises para posterior controlo anti-doping levada a cabo pela "ASAE" do doping, liderada por Luís Horta, um antigo e bom atleta de fundo do Benfica que, por mérito próprio é hoje um reputado médico.
Na verdade, tenho lido umas notícias sobre o assunto, que de alguma maneira me deixam preocupado, na medida em que já se fala em suspensões de um ou mais anos, ou até mesmo o despedimento do seleccionador nacional de futebol, porque, para além de uns insultos indirectos à mãe do citado e ausente no momento, Luis Horta, teria entravado ou dificultado o processo de recolha de amostras, conforme o "Correio da Manhã" de 6 de Agosto de 2010.
Nesse mesmo jornal, uma "caixa" revelava que os médicos chegaram ao hotel às 7.45 horas, os jogadores foram acordados às 8.00 e a recolha de análises estava concluída às 8.15... o que me coloca algumas dúvidas em relação aos entraves atribuídos a Carlos Queiroz. Ah, ele àquela hora da manhã ficou irritado e teve um desabafo mal educado em relação ao responsável pela equipa de recolha, mesmo não estando este presente? e quem nunca teve um desabafo mal-educado em relação ao patrão, ao governo ou ao condutor do carro da frente? mas eu sei, o homem ganha o suficiente para manter a calma em todos os momentos da sua actividade profissional, deve dar um exemplo bem mais digno que o das claques de futebol e tem a obrigação de preservar a imagem que fez dele o bi-campeão mundial de sub-20 em futebol, treinador de selecções e clubes de relevo. É verdade, há sempre momentos menos bons na vida de cada um de nós, como por exemplo, a gravidade dada ao caso pelo Secretário de Estado do Desporto, que não achou tão grave o murro dado por Scolari a um jogador da Sérvia, em pleno Estádio da Luz, com milhões de pessoas a ver e acha grave um insulto quase privado num hotel da Covilhã. Então e não é grave ser-se Secretário de Estado de um governo, sabendo-se que ainda não era licenciado em direito e se apresentava como tal à sociedade de Fafe, bem como defendeu clientes sem estar habilitado para tal, conforme noticiaram jornais da época?
Carlos Queiroz não deve ter agido da melhor maneira, mas não seria melhor para todos um pedido de desculpas formal ao visado, salvaguardando a posição de todos os envolvidos e a posição do seleccionador no futuro? Castiga-se o homem com uma pena de suspensão e nem se coloca a hipótese de perceber que a sua relação futura com os jogadores ficará fragilizada?
E já agora, o governo pode meter-se num assunto do foro disciplinar de uma federação desportiva? é que com Scolari não se meteu, nem com Sá Pinto...

terça-feira, 27 de julho de 2010

FÉRIAS?!!!

Sim, férias, este delicioso período de tempo que cerca de 10% da população mundial tem consagrado ao descanso, através de contratos de trabalho que no já longínquo século XX umas instituições ligadas ao mundo do trabalho conseguiram aprovar e fazer lei.
Nos últimos tempos levantaram-se algumas vozes a contrariar a tendência para o tal mesinho de descanso, desde economistas, a empresários e até alguns políticos, não descartando a hipótese de alguns trabalhadores também não gostarem de estar parados, para enaltecer a necessidade de se trabalhar mais, porque o nosso país está um caos e o crescimento é zero, nada, um buraco!
Não sei porquê, mas algo me diz que os economistas, especialmente os que nos últimos 35 anos passaram pelo governo, se abarbataram com uma explêndida reforma por um mínimo de três anos de trabalho no Banco de Portugal e se queixam que o dinheiro não chega para as pensões, dizia eu que algo me diz que não bate certo... uma vez que sempre ouvi os mais antigos dizerem que "o trabalho é bom, mas a sabedoria é melhor", ou seja, o crescimento é bom, mas o desenvolvimento é melhor. Qualquer pessoa mais ou menos atenta ao que a rodeia perguntará se uma casa, uma família, uma cidade ou um país devem crescer sem limites, ou se a partir de um determinado ponto de crescimento deve optar por se desenvolver, valorizando a qualidade em detrimento da quantidade, conservando o que tem, melhorando, arranjando, conservando, aplicando as novas tecnologias, no sentido de tornar a vida das pessoas mais agradável.
A sociedade actual caminha para se tornar a sociedade dos tempos livres e não aquela sociedade de "mão de obra intensiva" própria do século passado, com as pessoas empregadas e uma produção que não satisfazia as necessidades, ao contrário dos dias de hoje, em que há uma multidão de desempregados e uma abundância de produtos nunca vista. Não podemos chegar a todos os produtos que desejamos ter? pois, eu também queria ter um avião só pra mim...
Então e propostas para resolver a crise? bem, que tal os que trabalham trabalharem menos horas para que os que não trabalham possam desenvolver as suas capacidades? lembro que se passou da semana de seis dias para a semana de cinco dias de trabalho e alguns profetas da desgraça diziam que era impossível, isto há cerca de quarenta anos. Hoje, com o desenvolvimento tecnológico produz-se 50 vezes mais e continua a trabalhar-se cinco dias por semana? a semana de quatro dias pode ajudar à solução.
Os descontos para a segurança social eram feitos sobre a mão de obra porque era ela que produzia... e agora que a mão de obra é substituída pela máquina que produz, não seria lógico que os impostos incidissem também sobre a máquina, a fim de sustentar o desempregado que ela mesma provocou?
Em tempo de férias não haverá coisas mais interessantes que escrever crónicas destas?

segunda-feira, 19 de julho de 2010

PRESUMÍVEIS JOVENS...

Três jovens , dois espanhóis e um português, ou o contrário, não sei bem, com cerca de 30 a 35 anos, sem profissão conhecida, suspeitos de gamar stands de bicicletas e motas, foram encontrados numa carrinha roubada, numa destas madrugadas, com os faróis apagados, o que qualquer polícia estagiário desconfiaria perante tal cenário.
O anormal da situação é que o carro-patrulha da polícia, que poderia passar muito descansadinho, sem barulho e sem atitudes afrontosas, tinha lá dentro dois polícias "melgas", desconfiados à brava e aproximou-se para verificar se estava tudo bem, tendo os "jovens" arrancado sem pedir licença, via do Infante que é uma pressa, porque Ayamonte está já ali ao virar da esquina e esta carrinha de nove lugares se ainda não fez a rodagem, vai provar que 200 à hora é tão fácil como comer uns "pescaditos" do outro lado da fronteira.
Lá veio a tal perseguição que só costuma acontecer na fronteira dos Estados Unidos com o México, nas ruas de Los Angeles ou na ponte Vasco da Gama às sextas à noite e uma câmera de filmar de algum telemóvel a mostrar como é que é, que a carrinha até fazia faísca e o "jovem" condutor mostrava como se conduz em Portugal. É bom referir que a perseguição lá continuava, sem qualquer tirinho de aviso ou para as rodas, uma vez que os "jovens" presumíveis gatunos de bicicletas podiam ser atingidos nas costas e depois lá vinha o "SOS criança" falar dos direitos dos "jovens", com um advogado a aproveitar o caso para mandar umas bocas no telejornal das vinte horas.
Claro que os carros da polícia e os seus elementos correram riscos enormes, de vida e materiais, uma vez que, qualquer descuido e lá ía o carro para a oficina, com a consequente despesa a ser retirada dos vencimentos dos profissionais de polícia, conforme fiquei a saber hoje ao ler o jornal, pelo que já não bastava terem de pagar a roupa que os gatunos lhes rasgam mas também os prejuízos nos carros que lhes estão distribuídos... e agora eu pergunto, alguém me está a ver ao volante de um carro policial a perseguir "jovens", presumíveis gatunos de bicicletas?
Pois então no final tudo correu bem, os "jovens" partiram a carrinha toda, o dono da carrinha está em casa chateado porque não tem dinheiro para a mandar arranjar, a carrinha do INEM tratou imediatamente os "jovens" e levou-os para o hospital, onde se calhar nem pagaram a taxa moderadora, os polícias depois levaram-nos à presença de um presumível juiz, que concerteza lhes perguntou se tinham sido agredidos e lhes disse para ir em paz e aparecerem no tribunal, se não lhes der muito transtorno, uns dias depois.
A notícia não esclarecia se, por terem sido apanhados em excesso de velocidade, lhes foi passada a respectiva multa, como costuma acontecer com qualquer cidadão com as "quotas" em dia, mas isso acho que é só para quem se porta normalmente, paga impostos e se deita a horas decentes... presumivelmente.

domingo, 11 de julho de 2010

A INEVITABILIDADE...

A inevitabilidade é isso mesmo, um conceito de que em certa medida não podemos fugir, um calendário que desenhamos, pintamos, borramos, amarrotamos, mas que não tem volta a dar... é, digamos, inevitável, o que só por si não seria perigo por aí além, porque há sempre quem se ache no direito de nos chamar a atenção para essa mesma necessidade de nos comportarmos em função dos factos que inevitavelmente aí vêm, não porque sejam bons ou maus, mas porque são impossíveis de evitar.
Esta constatação retira algum brilho ao "discurso", na medida em que não nos dá a possibilidade de amanhã deixar de ser segunda-feira, uma vez que hoje é domingo e todos concordaram que tudo isto é mesmo inevitável, mas não deixa de ser curioso que indivíduos tipo "melga", que têm o singular "hábito" de contestar tudo e todos consigam viver descansados da vida com os carros a rolar à direita, os dias da semana uns a seguir aos outros e a começarem sempre à meia noite, sem sequer pestanejarem, não se coibindo de colocar em causa coisas tão simples como o seleccionador nacional, o filho do Cristiano Ronaldo, as altercações na linha de Cascais ou a incompetência do governo.
Ora a inevitabilidade é um conceito que tem de ser completamente contrariado, sendo absolutamente previsível que isso aconteça mais dia menos dia, porque "o mundo é composto de mudança" e "nada se perde, tudo se transforma", ou seja, aquela história de que o deficit cresce todos os dias é realmente tão falsa quanto a ideia de que temos este governo porque não há outro melhor... ou será que não há mesmo e isso prova a existência do tal conceito de inevitabilidade? acho que tenho de estudar tudo isto mais a fundo, porque estou a ficar com a impressão de que não vou conseguir chegar a esclarecer esta proposição.
Tive um professor que recordo dos tempos do ISEF, dos livros, da teorização da animação desportiva, de seu nome Noronha Feio, a quem presto a minha homenagem, que sempre achei uma pessoa um pouco à margem destas guerras desportivas e outras, que numa oral de "animação" me disse "olhe que ainda não está provado que isso de transpirar faça bem à saúde...", no meio de um sorriso e antes de se despedir de mim com um cumprimemto e "um 15 está bem?", o que me fez pensar um pouco mais sobre tudo isto que nos rodeia...
Uns tempos depois li no jornal uma estória sobre Winston Churchill, governante inglês que se fazia acompanhar de charutos cubanos sempre que não estava a dormir e que a uma pergunta de um jornalista sobre a sua longevidade (91 anos), apesar de fumar charutos durante mais de 70 anos, respondeu: " a razão da minha longevidade? o desporto! nunca pratiquei...".
Pois é, essa coisa da tal inevitabilidade, que teria de distribuir um cancro dos pulmões a Churchill é tão falível que hoje vou dormir descansado... este governo vai cair! é inevitável!

quinta-feira, 8 de julho de 2010

MEDO NUNCA!

Eu não tenho medo não, afinal eu vivo no século XXI, o tal que não tem doenças que matam aos milhões, como a pesta ou a "pneumónica", não tem guerras mundiais que também matam que se farta, nem tem outras tantas palermices culturais e religiosas que desde que o homem é homem se inventaram para o domínio de uns em relação aos outros, tenham sido elas genocídios ou inquisições.
O medo tal qual se definia, o tal que nos deixava à nascença com medo dos outros, civilizações, reis, amos, senhores, padres e regedores, foi diminuindo aos poucos, mas não desapareceu completamente, até porque os homens têm que ter os seus medos para que o sentimento gregário, por um lado e o sentimento subserviente tenham sentido, pelo que até nos mais pequenos gestos e atitudes o medo instalado se manifeste.
Mas há uma coisa interessante, direi mesmo uma escada do medo, aquela em que se curva a cerviz quando olhamos para cima e utilizamos os pés para cumprimentar os que estão por baixo, fazendo de cada um uma pessoa diferente quanto ao degrau em que se encontra, arrogante, de voz grossa e dedo em riste umas vezes, solícito, afável e colaborante outras.
Felizmente vivo no século XXI, porque olhando para trás o medo de hoje é um pastel de nata com canela, comparado com todos os medos que nos precederam, já nem falo daqueles medos que levaram os Távoras para a fogueira, mas tão só o medo de ser apanhado pela polícia a jogar na rua e esperar a reparação de tal desfaçatez com umas bofetadas em casa, porque para além de não ser bonito jogar à bola na rua, as botas não eram feitas para durar apenas três meses como hoje, mas pelo menos três anos, que o orçamento não comportava mais.
Mas havia um "medo" que não existia e que hoje nos provoca insónias, nos faz acordar a meio da noite... bem, acredito até que o termo mais adequado será pavor, porque medo agora é de rato, cobra, aqueles medos que apenas dão para gritar por ajuda em cima da cadeira do jardim, o que não se compara com a possibilidade de termos um governo pavoroso, para quem um plano de longo prazo se resume aos próximos 15 (quinze) dias e o aumento do IRS, do IVA e demais impostos se faz sempre que o "chefe" acorda mal disposto.
Medo vamos ter se alguém descobrir carros que andem a água, porque o governo não vai ter problemas em nos deixar morrer de sede, até que seja decretado um pavoroso imposto sobre a água, que salvaguarde os legítimos interesses da nação.
Quem tem medo compra um cão e por isso eu vejo as pessoas com cada vez menos filhos e mais cães, talvez porque se sentem mais protegidos, uma vez que o cão pode comer uma raçãozinha, mas não dá despesa de creche, de escola, de roupa, de mesada, de propina, de casamento e de cunha para uma colocação adequada, porque se desse não era cão... era um pavor tão grande como ter um governo igual ao actual.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

OS AMIGOS DE ALEX

Lembrei-me de um filme dos anos 80, de seu nome "Os amigos de Alex", onde uns antigos colegas de faculdade se juntam no funeral do Alex, já não lembro muito bem o enredo, mas um era magnata e o facto de ser isso mesmo e ser também um dos amigos do Alex, concorreu para os associar a uma notícia da comunicação social, onde também havia um Alex (Alves de apelido), um magnata (ele mesmo) e muitos amigos espalhados pelos mais diversos institutos autárquicos e governamentais.
Ora vejam, o tal Alex propôs-se dar corpo a um projecto de desenvolvimento de energias alternativas, solar se não estou em erro, o que não sendo novidade neste país, não serviu nos anos 90 para que o serralheiro que me vendeu e montou na moradia, um painel de energia solar recebesse de qualquer governo um subsídiozinho, mas isto foi há cerca de 20 anos e nessa altura quem quisesse energias solares ou alternativas tinha de ir ao "Totta" que os governos não davam para esse peditório.
Agora, vinte anos depois de outros terem enchido o país de painéis solares nos telhados, aparece o Alex a sacar do governo 127 milhões de euros de subsídio para implantar em Portugal a tal fábrica que já deveria ter sido construída há muitos anos atrás, mas como diz o ditado, mais vale tarde que nunca e eu acrescento "com o dinheiro dos outros ainda melhor".
E quem não quer ser como o Alex que tem amigos em todo o lado? é que os 127 milhões vieram dos amigos do governo, mas isso não invalida que o terreno que os amigos autarcas de Abrantes tinham comprado por um milhão de euros, foi vendido ao Alex por cem mil euros, uma diferença de novecentos mil euros e tudo legal, que nós não estamos aqui para levantar falsos testemunhos. A propósito, o autarca que vendeu o terreno ao amigo Alex, saiu da autarquia e agora está a trabalhar numa das empresas do Alex... não, não pensem nisso, é tudo legal e o amigo precisava de trabalhar. Aliás foi isso mesmo que disse o novo colaborador do amigo Alex numa das suas empresas, à semelhança do que também fizeram muitos outros ex-governantes quando saíram de cargos oficiais para assumir funções isentas e reverenciais em empresas de semelhantes amigos.
Mas a tal comunicação social revelava também que o tal Alex, sócio-gerente de cerca de vinte empresas, recebe 1.100,00€ (mil e cem euros) mensais de vencimento, o que levou a que só tivesse pago ao Estado em IRS a módica quantia de 1500,00€ (mil e quinhentos euros) anuais, demonstrando à saciedade e à sociedade a despudorada falta de vergonha que alguma classe empresarial e política tem na cara, aceitando que um grande empresário português pague de IRS o que um qualquer administrativo das suas muitas empresas paga de imposto ao Estado.
Valham-me os "amigos de Peniche", que os do Alex e ele próprio ainda são muito piores.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

RENDIMENTOS

E o problema do deficit continua a preocupar toda a gente, uns porque têm de descobrir novas formas de arrecadar receitas e outros porque já sabem que têm de pagar até ao tutano os erros próprios e os alheios que ao longo dos anos foram cometidos e que agora se transformaram numa bola de neve cada dia maior, isto segundo os entendidos na matéria, afinal os mesmos que ao longo de quase quarenta anos têm governado a casa.
Como o dinheiro não é de quem manda, parece bem que se distribuam verbas sob a forma de subsídios, complementos, suplementos ou rendimentos, não se entendendo muito bem como a alguém se pode atribuir um rendimento, que pressupõe a prestação de um determinado serviço, a troco de nada e vai daí, aumentam-se as despesas do Estado com o único propósito de sacar as boas graças de uma multidão de parasitas que concerteza irá votar para manter a mama pelo maior prazo de tempo possível.
Agora que parece já não haver dinheiro para pagar a quem descontou uma vida inteira para a reforma, lembraram-se de apertar a malha dos subsídios, acrescentando uma alínea que, se não desse para rir, nos faria chorar a todos... então não é que o governo vai cortar o rendimento social de inserção a quem tenha mais de 100.000 (cem mil) euros em dinheiro ou acções? podemos concluir que havia gente com mais de cem mil euros em dinheiro a receber subsídios do Estado? acho que este governo me quer tirar a pouca sanidade mental que me resta...
Esses senhores sabem o que custa ganhar 100.000 euros? e sabem o que custaria amealhar essa maquia? fiz umas contas com a calculadora e seriam 15 (quinze) anos a ganhar o salário mínimo nacional durante 14 meses por ano, isto sem gastar o que quer que fosse, ou então talvez 30 anos a amealhar metade, porque a outra metade seria para não morrer de fome...
E será que um indigente pode ser subsidiado porque "apenas" tem 90.000 euros no banco? e a classe média que depois de pagar impostos, escola dos filhos, prestação da casa, prestação do carro e olha para a conta do banco permanentemente a zero, não pode pedir um subsidiozinho?
Há dias estava a almoçar em casa de um amigo, juntamente com mais cinco colegas de profissão e reparei que tínhamos deixado de ir ao restaurante e aceitavamos a ideia de comer ali mesmo sem refilanços, o que diz bem da crise em que a classe média se encontra, mas a situação complicou-se quando reparei que o único que morava em casa alugada se ria e gozava de todos os outros "proprietários" de casas e apartamentos. Dizia ele que estava num apartamento novo e pagava menos que os outros, que não pagava IMI, que quando a casa ficasse velha se mudaria para uma nova sem se preocupar com despesas, enquanto os amigos tinham pago o IVA, o condomínio, o IMI, as despesas de manutenção sobre a casa, um presente envenenado que os filhos receberiam no futuro, velho e decrépito e a obrigatoriedade de pagar ao Estado uma herança que na maior parte dos casos só lhes vai trazer chatices. E "assim vai o mundo" como se ouvia nos documentários do cinema, nos anos 70...
Antigamente havia políticos que contavam anedotas, mas hoje há políticos que são eles mesmos uma anedota.

quarta-feira, 16 de junho de 2010

O MUNDIAL!

De quatro em quatro anos temos direito à festa, seja ela das legislativas, das olimpíadas, dos europeus, dos mundiais e de mais uns quantos eventos que, se não satisfazem os gostos e as exigências do consumidor, sempre dão aso a que as atenções se concentrem e a comunicação social não faz outra coisa senão fazer-nos crer que sem mundial tudo se resumiria a uma miserável existência.
Este mundial africano tem a presença de Portugal, facto que não sendo por si só sinónimo de redução do deficit, aumento do PIB ou incremento do PEC, deve realçar-se devido ao facto de terem ficado 180 países de fora e de o nome de Portugal ser referido em todo o mundo, não tanto por ser campeão ou coisa parecida, mas pelo facto de estar presente e todos os jovens em todo o mundo falarem nas selecções e nos jogadores que a pepsi, a coca-cola ou as revistas de moda afirmam serem os melhores do mundo.
Há uns anos tive oportunidade de ver na tv uma sondagem de rua, efectuada na 5ª avenida, em New York, em que da dezena de "executivos" entrevistada apenas um conseguiu situar Portugal no mapa, isto antes de o Figo e o Cristiano Ronaldo serem tão conhecidos como o Bin Laden, acreditando eu que hoje a situação tenha mudado para melhor e o nosso país já seja mais conhecido e por razões positivas.
A "necessidade" de massacrar o povo com jogos, entrevistas, reportagens, debates, mesas-redondas, jornais, revistas e rádios durante este mês de Junho, leva-nos ao exagero de ficarmos desiludidos porque empatamos com uma selecção africana, não porque eles tenham jogadores de clubes ingleses, franceses, espanhóis e italianos, mas porque são africanos e... deviam ter perdido. Os italianos empataram? os espanhóis perderam? está bem, mas nós temos os melhores do mundo e empatar é mau até para o "rating" dos juros a pagar...
- "então manda-me jogar na direita, a mim, que só sei jogar no centro?" ninguém perguntou ao craque porque é que ele não jogou nada nem no centro...
- "jogaram muito devagar, sem garra, sem vontade... mas no próximo vamos ganhar!", dizia uma velhota muito simpática, num lar da 3ª idade... ou foi um jovem no Porto? ou foi um dos comentadores da tv? estou baralhado, porque o cidadão comum fala tão acertadamente como os comentadores de tv... e deviam?
Claro que vamos todos soprar as vuvuzelas se ganharmos e meter as ditas no saco se perdermos, mas isso não aconteceu sempre que tivemos a possibilidade de estar presentes nos diversos campeonatos mundiais? e o país não continuou fraquinho independentemente dos resultados?
Lembrei agora que a minha escola vai ter dois jovens a disputar o "campeonato do mundo de matemática" no distante Kazaquistão... Ronaldo? Deco? Liedson? Pepe? pois...

quinta-feira, 10 de junho de 2010

REPARTIÇÕES

Comemora-se hoje o "Dia de Portugal", o que, se não houver qualquer problema de maior, irá acontecer no próximo ano, porque temos o hábito enraízado de comemorar tudo e mais alguma coisa, já dizia o Carlos Paião "viva o Sto. António, viva o S. João, viva o 10 de Junho e a Restauração! viva até S. Bento, se nos arranjar muitos feriados para festejar!", tudo isso apesar da crise, dos cortes orçamentais, da redução de postos, sejam eles militares, de trabalho, de gasolina ou até mesmo de postos de polícia, contrariando o aumento de autênticos postes de betão que são todos os membros de governo e afins que, parece que pegam de estaca e nunca mais saem de cena.
Hoje tive o grato prazer de preencher um pouco do excelente dia feriado, com o discurso do dinossauro excelentíssimo desta "selva", o senhor presidente da República, com o qual me deliciei numa boa capacidade de leitura de texto, um rosto fechado como exige o protocolo e um assessor fardado que sempre me faz lembrar o "emplastro" dos jogos do Porto. E a substância? uma delícia, não sei bem, mas acho que já estava na altura do pastel de nata que costumo acompanhar com o café... gostei mesmo, a minha alma portuguesa, a vontade imensa de sofrer, a tristeza que me invadiu, a saudade, tudo isso me fez recordar os últimos 2000 anos, desde que o Viriato andou à porrada com os romanos junto à Covilhã, onde por ironia do destino chegaram os "navegadores" do século XXI, não de naus, mas de carros topo de gama, a mamar qualquer coisa como 800 euros por dia de ajudas de custo, isto para defender as cores de Portugal.
E não é que o senhor presidente falou de repartições? aí é que eu fiquei de ouvido no discurso, porque quando me falam de repartições fico logo com pele de galinha, talvez porque a primeira repartição que me vem à memória é a repartição de finanças, que me olha com desconfiança quando tenho de fazer algum pagamento ou pedir algum documento, mas a tal repartição era outra e o senhor Silva dizia alto e bom som que era preciso uma melhor repartição de sacrifícios, acrescentando eu repartição de responsabilidades ou mesmo repartição de rendimentos. Pois é, temos de começar por algum lado e porque não uma melhor repartição de reformas, pensões e aposentações? é que no "Correio da Manhã" desta semana podia ler-se que o senhor Silva recebia 3 reformas, para além de se abotoar todos os meses com o vencimento de Presidente da República.
Se querem saber, se fosse comigo, depois de ler esta notícia no jornal, quem fazia o discurso do 10 de Junho era a empregada de limpeza do palácio de Belém... essa sabe bem o que é uma repartição de 500 euros mensais.
Se não fosse o medo de ver isto tudo a ir por água abaixo, também gritava "viva Portugal!".

quinta-feira, 27 de maio de 2010

O LAPSO

Todos os dias aparecem na comunicação social notícias que nos deixam de alguma forma incomodados, apenas incomodados porque acho que tudo isto é como o virus da gripe, se a malta liga incomoda-se, se não liga ficam os hospitais incomodados com tanta vacina para deitar fora. Na comunicação social, sejam os quatro canais a quadruplicar as mesmas notícias, sejam os jornais e revistas a entrevistar sempre os mesmos, há sempre algo que nos retém a atenção, não tanto pela importância, ou pelo figurão da notícia, mas muitas vezes pela inexplicável originalidade dessas notícias, ou até pelo inconcebível e impensável, como por exemplo, a jovem jurista, antigamente designada de advogada, de 27 anos que vai embolsar 4.088,00€ por mês e que foi contratada pelo Ministério das Finanças tendo como justificação a sua experiência, o que reforça a ideia de que neste país se tem muita experiência aos 27 anos e se é velho para encontrar trabalho aos 40, desde que não tenha ninguém num qualquer ministério que dê uma mãozinha.
Mas não era bem isso que me levou a escrever esta crónica, uma vez que sinto cada vez menos vontade de abordar tudo o que seja crise, deficit, política, selecção nacional... e essa teimosia já fez com que eu estivesse 11 (onze) dias sem cronicar, o que de alguma forma me deu uma ideia sobre todos os amigos e desconhecidos que me têm lido ao longo do tempo... nem um me perguntou se eu estava doente, o que me leva a pensar que estas crónicas são como o "melhoral", não fazem bem nem mal, mas adiante.
E sobre o que vou escrever? pois bem, hoje o tema é o "lapso", estão a ver, a malta engana-se e diz que foi lapso, engana-se no troco e diz que foi lapso, vê o árbitro anular um golo à equipa adversária e claro que foi lapso, uma vez que só seria um roubo se fosse anulado à nossa equipa, esquecemo-nos de fazer o que nos pedem e foi lapso, passando aqui a relapso se não houver melhorias... e relapsos é o que há mais onde menos se espera.
Então não é que encontraram as escutas do primeiro-ministro metidas num outro processo do Tribunal do Baixo Vouga, se calhar relativo a um novo shopping, uma sucateira ou mesmo uma vivenda forrada a azulejos, por lapso, claro, de um juíz coadjuvado por um oficial de justiça, uma funcionária administrativa e a mulher da limpeza da agremiação.
E eu, perfeito ignorante que nunca entrei num tribunal, que nunca precisei dos serviços de um advogado, terei de viver o resto da minha vida sem ao menos uma vez ter a felicidade de encontrar pela frente um desses lapsos judiciários? é que um pessoa sem um lapso não é gente, não é nada, lá poderia dizer o juíz do Baixo Vouga, mas sabendo-se que o Vouga é um rio e que o tribunal é do Baixo Vouga, não será um lapso andarem por aí juízes e tribunais abaixo da linha de água, como se costuma dizer no futebol aos mais fraquinhos da classificação?
E a mulher da limpeza não terá sentido curiosidade em ouvir as escutas? se ouviu... foi lapso!

domingo, 16 de maio de 2010

A BRUNA...

"Pára com essa maldita campaínha!" dizia um actor brasileiro numa comédia dos anos 80, quando olhava a "Bruna", humm essa Bruna que cada um de nós tem guardada no sub-cortex da adolescência, na fantasiosa caminhada que sempre se construía entre uma matiné de sábado à tarde ou festa de aniversário.
Pois foi de tudo isso que me lembrei quando tomei conhecimento da professora Bruna e da notícia de que uma câmara municipal (em letras minúsculas, pois claro), tinha tomado a decisão de suspender as actividades de enriquecimento cultural da professora, uma vez que isso era incompatível com umas fotos mais arrojadas nas páginas da "Playboy" e com o facto de as crianças poderem ficar traumatizadas ao olhar a "stôra", não sei se despida ou vestida.
De vez em quando aparece uma criatura a querer dar nas vistas, com atitudes censórias e prepotentes que me fazem lembrar um qualquer ayatolah da família Kohmeini, que todos nós costumamos catalogar de ditadores ou fanáticos religiosos, mas esta coisa de querer condicionar a liberdade das pessoas já vem de longe e tantos anos depois do 25 de Abril, onde se gritou a necessidade da liberdade de pensamentos, costumes e palavras, continuam a aparecer figuras de triste memória em cargos de alguma responsabilidade.
Então uma cidadã tecnica e pedagogicamente habilitada pode ser suspensa das suas funções profissionais apenas porque nos seus tempos livres aceitou tirar umas fotos com as mamas, as coxas ou as nádegas à mostra? e um deputado que na sua função profissional e dentro do horário de trabalho rouba uns gravadores de bolso aos jornalistas, pode continuar em funções?
Não consigo ver onde um acto normal, numa sociedade livre e democrática exercido por uma cidadã nas suas horas livres pode ser causa de suspensão de funções profissionais e começo a ter alguns receios, sei lá, uma professora a passar férias num campo naturista, devidamente legalizado pelo governo, pode ser suspensa ou até despedida com justa causa se entretanto encontrar um aluno com os pais nesse mesmo campo?
E uma professora com roupa a mais poderá ser também despedida? bem, eu acho que deve ser urgentemente criado um regulamento que indique com rigor quantas peças de roupa uma professora deve utilizar na escola e fora dela, para não se criarem situações passíveis de suspensão ou até mesmo despedimento, uma vez que não estamos livres de aparecer nalguma escola uma professora convertida ao islão com uma burka dos pés à cabeça.
Se querem saber, uma professora tem bastante influência na aprendizagem das crianças e jovens, até porque na sua grande maioria são pessoas simpáticas, atenciosas, competentes e muitas vezes encarnam o papel das mães ausentes de muitas crianças deste país, mas sem qualquer base científica eu arrisco dizer que se elas forem bonitas e jovens como a Bruna, a aprendizagem aumenta e o absentismo diminui, sem precisar de justificar este tipo de comportamentos nos jovens e se a professora for directora de turma, até os pais são mais assíduos às reuniões escolares.
Sem saber porquê, uma vereadora gorducha e mal encarada resolveu suspender a Bruna... não é possível vestir-lhe uma burka?

quarta-feira, 5 de maio de 2010

ASSIM MESMO É QUE É!

"Lisboa, 05 mai (Lusa) - O Governo apresentou hoje aos parceiros sociais três exemplos de aplicação do limite de 75 por cento ao subsídio de desemprego, que mostram que a medida pode reduzir em quase 40 euros o subsídio de um desempregado".


Até que enfim que vejo uma medida capaz de nos tirar do pântano do "Guterres", ou do "menino Santana a quem tiraram o brinquedo", ou da "bancarrota" das agências de "rating", ou das críticas sempre exaltadas do ex-ministro Medina Carreira, sim também ele ex-ministro, que nunca implementaram uma medida destas, estrutural como os técnicos costumam dizer, sim porque só com medidas duras como esta podemos resolver o problema do país, porque estamos à beira do abismo, segundo os sempre convidados de todos os "prós e contras" que, só costumo ver até ao primeiro intervalo porque no dia seguinte tenho de ir trabalhar e se não durmo o suficiente fico impossível, grito, barafusto e até chamo nomes feios ao árbitro.~
Na verdade estas medidas são extremamente importantes na redução do déficit e pagamento da dívida, na medida em que 40 euros por mês, vezes 500.000 desempregados, vezes 5.000 anos e acabaremos com a dívida pública, o que nunca um governo desde o tempo do Viriato conseguiu fazer, porque efectivamente todos os críticos dizem que a política portuguesa foi sempre exercida para o "curto prazo" e agora esta pode ser uma política estrutural para os próximos 5.000 anos, muito próxima da "vida eterna" que Bento XVI nos encomendou durante os últimos dias... mas um facto quase divino me levou a entender o pedido do sofá da missa do Porto, que o Papa levou para Roma... será que ele vai esperar sentado que Portugal algum dia pague o que deve?
Acho bem melhor que ele interceda por um milagre, daqueles que Cristo fez em relação ao pão e aos peixes, mas agora com notas de euros, porque já nem os pastorinhos nos safam.


segunda-feira, 3 de maio de 2010

A CRISE...

A crise é efectivamente uma fase da vida em sociedade sem a qual não podemos passar e de onde nunca deveríamos ter saído, na medida em que se nunca tivessemos saído dela, lidaríamos hoje muito melhor com o problema, porque tudo na vida é feito de uma certa habituação, ou seja, pensar dormir debaixo da ponte causa-me insónias, mas dormir lá ao fim de seis meses é tão natural como receber milhões numa qualquer administração de empresas públicas em Portugal.
Estava eu num grupo de eternos pensadores, rodeado de um espumante e uns camarões tigres fritos, quando me informam que a crise está para durar, ao contrário dos camarões que estavam para acabar em pouco tempo, não fosse de vez em quando uma chupadela de dedos e umas reflexões em grupo, bem reduzido aliás, que nenhum queria tirar os olhos do petisco e as frases bem convincentes não tinham mais de três palavras e eram aceites com uma simples flexão de cabeça por cada bicharoco comido.
A crise tem sempre várias nuances, como tenho tido oportunidade de ouvir em variadíssimos debates nos vários canais de tv, até porque segundo dizem, é nos momentos de crise que se abrem "janelas de oportunidade", que não entendo muito bem na profundidade da explicação, mas que deve ser assim mesmo, porque de economia e finanças percebo muito pouco, ao ponto de acreditar como Medina Carreira que qualquer dona de casa geria o país bem melhor que todos os engenheiros da universidade independente juntos.
Mas na verdade estou a ficar preocupado com a crise, até porque precisei de uns trabalhos eléctricos lá em casa e tive de esperar quatro meses pelos electricistas, também eles tão preocupados com a crise que não queriam vir... mas agora, dessa já estou descansado, muito embora o tal trabalho que pedi a um amigo serralheiro para me fazer nos portões há seis meses... ainda não foi feito, porque a crise tanto dá para não ter trabalho, como para ter meia dúzia de meses de trabalho atrasado, não tanto pela preguiça, mas na realidade porque não se consegue dar vazão a tanta solicitação.
Antigamente falava-se de crise quando não havia nada nas prateleiras, quando eu quis comprar um carro novo, como diz a canção do "Falâncio", quando não havia batatas para comprar, quando havia filas intermináveis nas bombas de gasolina, quando o subsídio de Natal foi pago em "certificados de aforro", a única poupança que consegui fazer e me rendeu algum juro seis meses depois, quando já professor andei oito anos de motorizada, quando já casado fiz férias onze anos seguidos em casa dos meus pais, mas agora continua a crise sim senhor, mas podemos passear no shopping toda a tarde, num ambiente climatizado, sem nos cobrarem um chavo, podemos inscrever-nos nas férias de praia patrocinadas pela autarquia, sem pagar nada, podemos assistir a muitos espectáculos e festas à borlix, podemos sacar uns subsídios se soubermos como as coisas se fazem, enfim... sim, sim, eu sei que devemos muito dinheiro ao estrangeiro e que não sabemos bem se algum dia vamos pagar tudo, mas já ouvi dizer que todos devem a todos, que não há nenhum país que não deva... e afinal todos tememos apenas que algum dia nos deixem de emprestar, porque já o meu avô dizia que "quem não deve não teme".

segunda-feira, 19 de abril de 2010

COM QUE ENTÃO MANSO...

Aquela infeliz tirada do Dr. Louçã, mais parecido com o camarada Louçã do PSR do que com o Secretário, Presidente ou o que quer que seja do Bloco de Esquerda, ao afirmar que o primeiro-ministro estava mais manso, deu-me um "bac" no coração, deixou-me os cabelos do peito firmes e hirtos, fez-me até responder alto e bom som que "manso é o teu paizinho, oh pá!".
Felizmente que o meu desabafo foi feito em privado e assim sendo poderei na próxima continuar a dizer mal do engenheiro Pinto de Sousa, sem que me caiam os parentes na lama, assim como posso nutrir simpatia pelo Bloco de Esquerda sempre que me apeteça e ultimamente menos vezes que as que eu próprio pensaria.
Com tudo isto espero não ser alcunhado de monárquico, reaccionário, ou marialva, apenas porque ao ouvir "manso" associei a palavra a corno, encornado, boi, tourada e outros sinónimos que não tinham nada a ver, mas isso só verifiquei quando abri o diccionário da língua portuguesa e fui obrigado a engolir em seco... afinal "manso" é apenas "calmo", "sossegado", "pacífico" e "domesticado", o que me obrigou de imediato a reconsiderar na apreciação infeliz que fiz do camarada Louçã, pessoa que eu não consigo associar a expressões menos ortodoxas ou pouco académicas como dizia o Alves dos Santos ao comentar os resumos do Domingo Desportivo há uns, bastantes, anos atrás.
Andei pela net, abri blogs, li comentários e só posso dizer que a maioria do pessoal também entendeu o comentário do Louçã de uma forma machista, marialva e como alguns diziam à moda do Porto "manso é o teu pai, ó c........!", sendo que só um tal Daniel Oliveira tinha entendido que o chefe não poderia nunca relacionar o "manso" com dislates desta natureza, até porque eles estão muito mais virados para a defesa das minorias como os casamentos e a adopção "gay", os parques naturistas a 25 metros das habitações, a defesa dos animais (toiros mansos incluídos), as loiras de olhos azuis ou a deputada que vive em Paris e que felizmente não declarou residencia nas ilhas Seichelles (ah não é do Bloco? então desculpem lá qualquer coisinha...).
Pois é, eu não devia dizer isto porque me conhecem das manifestações, de ser sócio do sindicato há 35 anos, mas é por estas e por outras que eu gosto de me sentir livre, de dizer o que me apetece, de ter ido uma vez a um jantar do Manuel Alegre para lhe pedir um autógrafo (o único autógrafo que pedi na vida), num livro de poemas que ele escreveu e eu devorei em pouco tempo e agora apoio Fernando Nobre e com esse voto dar testemunho de um trabalho notável realizado por um homem livre.
Mas também livre de me sentir incomodado com o desabafo "manso" do deputado Louçã ao primeiro-ministro Sócrates, sejam quais forem os erros que o homem tenha cometido, porque também neste aspecto haja quem mande a primeira pedra... ou o camarada estava a pensar que ainda lá andava por perto o Manuel Pinho?

terça-feira, 6 de abril de 2010

MEXIAS, MEXIAS...

Não sei porquê lembrei aquele sketch publicitário onde um grupo de jogadores de futebol afirmava alto e bom som "fazias, fazias...", depois de um episódio onde se lembravam dichotes relativos a más prestações desportivas, como aqueles falhanços de baliza aberta, com os tais comentários que a malta gritava, parecidos com "até a minha avózinha marcava", ou "marcava com uma perna às costas", assim como "essa, até de olhos fechados".
Na verdade tudo nos parece fácil quando estamos um pouco afastados da coisa, na esplanada, na praia ou mesmo na bancada atrás de uma das balizas, mas tudo tem a sua dificuldade, ou ainda há facilidades em alguma área que desconheço? mas é lógico que tudo na vida se torna mais fácil se todos pudessemos "fazer" uma licenciatura ao Domingo... - fazias, fazias! ou se todos pudessemos ser deputados em exclusividade e pudessemos "fazer" uns projectos de borla aos amigos... - fazias, fazias! ou se pudessemos estragar os computadores da assembleia, batendo com a tampa no aparelho, numa atitude de fazer saltar a tampa a qualquer um... - fazias, fazias! ou "fazer" administradores de empresas publico-privadas com vencimentos, prémios e bónus de milhões de euros anuais... - fazias fazias!
Aqui, não sei porquê, o coração bateu mais forte, o que não sendo bom, sempre é melhor do que se parasse, porque me lembrei do tal Mexia, administrador de sucesso, numa empresa de sucesso, nomeado e louvado por um governo também ele de sucesso, que justificou todos os milhões de euros de vencimentos e prémios com a decisão dos accionistas, Estado/governo incluído, com a magnífica gestão desenvolvida, não por quase 12.000 trabalhadores da EDP, mas por ele, Mexia, para onde foi essa maçaroca imensa, que eu simples professor não ganharei juntando esta vida às próximas.
Uma das medidas tomadas por este Mexia é digna de um dos próximos compêndios de gestão, porque "o preço da electricidade em Portugal, no ano de 2010, vai sofrer um aumento superior à inflação, porque os consumidores pouparam no consumo e é necessário manter os níveis de receita da empresa", o que quer dizer que este Mexia sabe fazê-las... até um dia em que as pessoas se fartem destes administradores de empresas-monopólio que os democratas abominavam no tempo da "outra senhora", quando se lembravam de Alfredo da Silva, do Tenreiro do bacalhau ou do Champalimaud daquém e dalém mar...
Afinal com outros a "mexerem" e a repartirem os chorudos lucros de empresas ainda nas mãos dos amigos e conhecidos deste e de outros governos da democracia, onde se vão tapando os buracos com a venda de alguns lingotes, sobras dos "estado novo" e a privatização de tudo o que o tal "maluco" do Vasco Gonçalves deixou para estes esclarecidos democratas venderem ao desbarato.
Assim também eu mexia nisto... - "Mexias, Mexias!

quinta-feira, 1 de abril de 2010

ANSIEDADES

Estive a ver um daqueles programas de tv "leves", onde actores consagrados, estrelas de cinema e realizadores são convidados a falar um pouco das suas vidas profissionais, dos projectos, do trabalho tantas vezes exuberante, feito de efeitos especiais, revistas e entrevistas que na maior parte dos casos não reflectem a sua personalidade, mas essencialmente a personalidade das pessoas a que dão corpo.
Foi interessante saber que há muita ilusão em cada bobine, em cada "take", estrelas substituídas por duplos quase anónimos, vozes que nem são as deles quando o guião os obriga a cantar e eles não sabem, personagens que vão do afastamento inicial e de quem no final não se conseguem libertar, meses de ensaios, vivências, cumplicidades e paixões que geralmente acabam quando se fecha a tenda das filmagens e vai cada um para seu lado...
A certa altura um actor de cinema é confrontado com a jornalista, que o galanteia e lhe diz de viva voz que ele é lindo e genial, fica vermelho como um garoto de 13 anos depois de dar o primeiro beijo à colega de turma, baixa a cabeça e diz-se envergonhado, ele que já recebeu dois "óscares"...
- Desculpem, eu continuo a ter dentro de mim a mesma vergonha juvenil, os mesmos medos e a mesma ansiedade...
Disse que sempre que começa uma filmagem a ansiedade volta em força, sempre vem o medo de esquecer o guião, sempre aquela tremideira de poder falhar, mesmo que tenha o texto decorado com vírgulas e tudo.
Lembrei-me de tantos colegas meus, só para não dizer que me lembrei de mim mesmo, sim, daquele medo que é cada aula, mesmo sabendo-me capaz de abordar tudo o que fui fazendo ao longo de dezenas de anos, sei lá, a possibilidade de um miúdo se machucar, partir a cabeça, fracturar um pulso, ter um acidente mais grave que eu não consiga controlar, como todos os dias acontece em todos os lados... é mesmo verdade que a ansiedade me aparece a cada aula, a cada dia, mesmo sabendo que a possibilidade de esquecer o "guião" é ínfima.
E também sei que a possibilidade de os mais novos professores criarem laços com os colegas e alunos, para no fim de cada "filme/ano" fecharem a tenda e refazerem novos laços em novas escolas/cidades, sabendo-se quanto custa criar uma amizade nos tempos que correm e quão difícil é reinventá-las em cada ano em lugares diferentes...
- Essa cara não me é estranha... escola X?
- A tua também me é familiar... mas escola X não...
- Pois, sabes, nos ultimos 10 anos estive em 20 escolas...
As semelhanças entre uns e outros são mais que muitas sim, mas eu acho que a única diferença entre actores e professores não é mesmo o que uns e outros ganham, mas exactamente a forma como os actores são pintados para as filmagens e a forma como os responsáveis pintam os professores.

quinta-feira, 25 de março de 2010

A LIBERDADE É TRAMADA...

Há momentos em que queremos escrever, queremos começar e não sabemos como, não porque não esteja cá dentro o assunto, a teia de desenvolvimento e uma possível conclusão, a nossa de entre tantas possíveis, mas porque a ideia surge tal qual uma explosão e depois há sempre um tempo maior ou menor para deixar assentar a poeira...
Esse espaço de tempo é fundamental para podermos conduzir cada palavra no sentido que pretendemos, senão a crónica começa a assemelhar-se a um rebanho tresmalhado onde a cada palavra trazida ao contexto revela duas que fogem, nas não há tanto perigo assim, porque aqui no teclado sempre podemos substituir o cão rafeiro pelo rato informático, capaz de formatar e meter na ordem essas frases, impulsivas umas, explosivas outras.
O tema de hoje é exactamente a "liberdade", aquela liberdade que rebanhos, varas (sem segundas intenções), manadas, bandos (só de pardais) e multidões , perseguem e institivamente privilegiam quando de alguma maneira os querem condicionar em casa, na rua, na escola, na sociedade, ou onde quer que seja, o que tem dado aso a constantes mudanças sociais e políticas ao longo dos últimos séculos.
Entretanto apareceram conceitos novos, numa tentativa de puxarem a brasa à sua sardinha, uns mais conhecidos que outros, mas todos eminentemente panfletários, sem qualquer tentação pejorativa, tais como " homem livre", "sociedade livre", "liberdade política", "liberdade sexual", "liberdade condicionada", "liberdade com responsabilidade", de tal maneira que muitas e muitas coisas que os jovens hoje sentem como absolutamente normais e um direito que lhes assiste, já foram há bem pouco tempo uma utopia de liberdade, capaz de levar pessoas a lutar e a dar a vida por elas.
Tudo isto a propósito de dois grupos de jovens estrangeiros, espanhóis uns e norte-americanos outros, que visitaram a "minha" escola e que, ao ser-lhes perguntado o que mais gostaram desta experiência, responderam: - O clima de liberdade!
Jovens de países social e culturalmente diferentes apontaram a mesma resposta e esclareceram:
"- Nas nossas escolas, ninguém pode estar junto ao portão de saída, nem no exterior, nem no jardim durante o período escolar, muito menos sair ao portão da escola para ir até ao café comer um hamburguer, na hora de almoço. Além disso os jovens em Portugal são mais alegres".
Ouvi com atenção e senti que eles no fundo até gostaram desta experiência, mas será que os nossos jovens sabem utilizar a liberdade que têm da maneira mais positiva? e será necessário retirar-lhe essa liberdade só porque alguns não a sabem utilizar?
Entendo a liberdade como uma pedreira, de onde saem pedras que depois de esculpidas são maravilhosas e também muita pedra lascada, pelo que entendo que a liberdade é para ser trabalhada a cada dia, com desperdícios também, mas sempre mais proveitosa que se mandassem encerrar a pedreira.
Passou-me na frente um filme, com um só partido político, analfabetismo, com escolas divididas, rapazes de um lado e raparigas do outro, entradas separadas, profissões de homem e de mulher, votos nas eleições só para alguns... onde a liberdade não passava por aí.
Passa-me agora um outro filme que não tem nada do anterior, com muitos partidos políticos, com instrução mais elevada, com igualdade de direitos entre homens e mulheres, mas com desemprego, injustiça social, criminalidade... e a liberdade a passar por aqui.
Resta esperar que a sociedade ultrapasse todas as dificuldades sem nunca precisar de condicionar a liberdade, ela mesma.