segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

OS RICOS VIVEM MAIS!!!

"Os ricos vivem mais", era mais um título de um dos nossos cada vez mais profundos diários de referência, logo ali na primeira página, dando espaço e visibilidade a um estudo, enquadrado num doutoramento de mais um dos milhares de doutores apostados em fazer aumentar o conhecimento científico deste país, cada vez mais no pelotão da frente dos países ultra-desenvolvidos, já naquela fase não moderna, mas pós-moderna, como diria o professor Manuel Sérgio, naquelas aulas sempre bem divertidas em que postulava por uma Faculdade de Motricidade Humana, que isso de Educação Física era redutor até dizer chega.
Ora, depois de esmiuçados uns milhares de cadáveres, contas no banco, depósitos de retorno mais que imediato, heranças de família e outos trocos que não vêm ao caso, verificou-se que quanto mais velhos mais ricos, ou seja já não bastava os pobres serem privados de bens materiais ao longo da vida, para além de só terem no fundo do túnel uns diazinhos baratuchos por conta do INATEL, não bastava isso, dizia eu, como ainda por cima... morrem mais cedo, não, não é morrer lá para as 7 da manhã, não, mas é mesmo morrer numa idade pouco avançada.
Não sei sinceramente as médias de esperança de vida de ricos e pobres, mas o estudo apontava para uma diferença de 10 anos entre ricos e pobres, nem sequer sabemos quantos ricos viram o seu cadáver remexido e analisado ou até mesmo quantos ricos entraram nas contas estatísticas, sabendo-se da dificuldade de saber quem era rico, uma vez que eles normalmente escondem os saldos em off-shores e também se escondem o máximo possível, para que o fisco não os encontre a cada esquina.
Agora, sem querer, lembrei-me que há um problema no meio disto tudo que não consegui ver resolvido e que me deixa uma dúvida quase metódica... os pobres morrem mais cedo porque são pobres, ou afinal o facto de morrerem mais cedo impossibilita os pobres de chegarem a ricos?
Sabendo-se que a acumulação de riqueza começa a aumentar exponencialmente quando o novo-rico passa a catalogar-se de abastado ao entrar na terceira idade, é muito provável que os pobres não cheguem a esse patamar apenas porque morrem cedo demais, o que embora não contrarie a conclusão de que os ricos vivem mais tempo, leva-nos a desconfiar daqueles que se dizem pobres, mesmo com aquelas reformas de 300,00€, mas com o bilhete de identidade a demonstrar 90 ou mais anos de riqueza. Agora sim, percebo a minha tia Etelvina, que perguntava a toda a gente a idade e respondia aos octogenários "ai, que riqueza!", porque, como ficou demonstrado nesta tese de doutoramento, ela afinal, mesmo analfabeta, sabia o que dizia.
E se não levam a mal, o governo deveria tirar as devidas conclusões, dentro do princípio de que "ou é rico ou morre cedo", colocando as repartições de finanças em cima desses que se dizem pobres e já passaram os 75 anos de idade, porque "ou paga impostos ou o melhor é morrer" para não dar uma falsa imagem de riqueza aos outros, uma vez que a inveja grassa por aí à rédea solta.
Acredito até que o Estado ganharia muito mais se, em vezes de tratar mal os pobres na terceira idade, ao ponto de eles quererem morrer mais cedo, os tratasse como ricos por forma a fazê-los pagar mais uns cobres de impostos às finanças. Desconfio é que mesmo pobres, não se safam de preencher o IRS.

domingo, 13 de dezembro de 2009

NUNCA VALEU TÃO POUCO...

"Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco" era o título de primeira página do "Diário de Notícias" de hoje, prestigiado jornal dirigido pelo conhecido jornalista de apelido Marcelino, o qual se não estou em erro começou a fazer umas crónicas no futebolístico "Record", dominando a estratégia, a leitura de jogo, a jogada na "cabeça da área" ou as jogadas de "bola parada", para passar a um patamar superior em que já analisa discursos ministeriais ou presidenciais, não se coibindo de abordar seja que tema for e a que propósito seja. A sua postura séria, a ideia que transmite de um conhecimento profundo em todas as áreas económicas, sociais e políticas, nas várias ocasiões televisivas em que o tenho encontrado, aliada a uma imagem bem trabalhada da qual se salienta aquela barba de vários dias fazem dele um "director". Daí a luz verde do senhor director do jornal para este título, diria "bombástico", capaz de levar as pessoas a passar na agência bancária mais próxima e a levantar o pouco que lá têm, se a imprensa fosse ainda uma referência honrada, verdadeira e séria, como o deveria ser num país razoavelmente evoluído, o que não é o caso, como o comprova o facto de 90% da população não comprar com regularidade qualquer tipo de jornais, ficando-se pelas revistas que trazem os episódios das novelas, os divórcios de algumas estrelas da TV e os segundos, terceiros e até quartos casamentos das mesmas estrelas. Na verdade seria de bom tom realizar um doutoramento nesta área da comunicação, dando de barato que num país evoluído as pessoas compram jornais, mas também que um povo culturalmente maduro não compra jornais que não têm o nível que essas pessoas exigem. Paradoxal, portanto.
Ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco e ainda bem que é assim, porque nem ressentimentos tenho de nunca me inclinar muito para o aforro ao longo destas dezenas de anos em que tenho andado por aqui, o que me dá uma paz de espírito enorme... já viram o que era ter juntado uns milhões no banco e agora... não valer quase nada? muitas pessoas chegam até a matar-se quando dão conta de que o seu dinheiro no banco não vale quase nada e outras matam-se porque o seu quase nada não chega sequer à porta do banco.
Num subtítulo o jornalista até afirma preto no branco que "em seis meses o valor dos depósitos a prazo caiu para metade", o que se é português que ele escreve daria para uma explosão social pior que a manif dos ambientalistas em Copenhagen, mas não, na óptica de Medina Carreira é apenas ignorância e iliteracia de mais um estagiário do DN, licenciado em comunicação social numa qualquer universidade "perto de si", o qual se fosse há 30 anos começaria pela secção de "necrologia" e hoje começa logo na primeira página a dizer asneiras.
Na verdade com um pouco de atenção calculamos que o valor dos depósitos se mantenha e a taxa de juro aplicada a esses valores depositados é que caiu para metade, mas nunca fiando, porque se alguns se abotoam com milhões, outros poderão ficar com metade do que lá têm, porque a volatilidade dos valores é cada vez maior e nunca sabemos o dia de amanhã, com excepção de uns administradores de bancos, empresas de construção e até de "ferro-velhos", que antigamente não ganhavam para a bucha e hoje é o que se vê.
Na verdade "ter dinheiro no banco nunca valeu tão pouco"... e não o ter, será melhor?

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O ESTADO DOS MILHÕES

Mais um dia de descanso religioso, para cristãos, não cristãos, ateus, agnósticos, muçulmanos, budistas, hindus, evangélicos, islamistas e todos os outros que nem lembra ao diabo, fruto de um oportunismo bacoco que me dá um certo gozo, uma vez que nunca vi um grupo de pitorescos anarquistas e, ou contestatários de tudo e mais alguma coisa, pedir a realização de um referendo para acabar com estes diazinhos que se gozam na perfeição à custa da metafísica suspeição de que há um Deus que nos protege e consequentes santas, santinhos, anjos e arcanjos para onde nos viramos quando estamos com a corda no pescoço, salvo seja, ou quando algum jogador do nosso clube marca um golo, se benze 27 vezes e olha para o céu a agradecer.
Poderia ter escrito uma crónica a semana passada, dentro da mesma linha, onde se comemorou um feito dos nossos antepassados monárquicos, pela independência da corte em relação a Castela, dia esse bem gozadinho de descanso por todos os republicanos deste país onde afinal tudo serve para comemorar seja o que for, desde que seja feriado, seja ele político e ninguém goste de política nem dos políticos, seja religioso e ninguém saiba onde fica a porta da igreja.
Ora um dia tão bom como o de hoje, que em princípio se repetirá em 2010, tinha de ficar ainda mais interessante com a notícia do jornal onde se dá conta de que o Estado, ou o Governo, ou o Chefe de uma qualquer repartição de finanças, ou até mesmo um simples mas inteligente ministro vendeu uma penitenciária, ali mesmo por cima do Parque Eduardo VII, numa das melhores, mais bonitas e mais caras da cidade de Lisboa, onde até o Bil Gates gostaria de viver e o Jorge Coelhone da Mota Engil gostaria de construir um arranha-céus panorâmico com vista para o Tejo, dizia eu que venderam a penitenciária por 81 milhões de euros, ficando a pagar a módica quantia de 7 milhões de euros por ano de renda, o que quer dizer que daqui a 12 anos o Estado não tem dinheiro, nem penitenciária, nem terreno, mas terá rendas para pagar e presos a quem alimentar, caso o Papa não consiga aministiá-los todos nas 14 viagens a Fátima previstas para os próximos 7 anos.
E eu que sou um perfeito ignorante nestas coisas da fazenda pública, nestes negócios onde se vendem os anéis com dedos e tudo, ninguém pede responsabilidades a ninguém e ainda bem porque o tribunal que mandou parar a co-incineração já deu ordem contrária, o outro que acusou o Caldeira já o ilibou, aquele que acusou o cheque falso do Valentim Loureiro já o prescreveu, aquele outro que isaltinou contas na Suiça já amnistiou tudo e o "Estado" que andou por aí a gritar sobre as facturas falsas das "Soares" e "Motas" empresas de construção acabou por acusar e culpar o Calçada da Gouxaria que parece que comprou uns sapatos novos e se esqueceu de pagar o IVA.
Espero ter saúde suficiente para ver Portugal ser engolido pelo descongelamento dos glaciares, antes mesmo de os credores cá virem tomar conta disto, até porque no Brasil os meus amigos sempre me disseram que "quem não tem condições, não se estabelece", mas por cá há sempre quem se estabeleça até à 5ª geração.

domingo, 6 de dezembro de 2009

EU QUERO DESCONTO!

Como habitualmente, lá fui ao quiosque dos jornais fazer a minha boa acção semanal, até um dia em que por força da crise, do alzheimer ou do parkinson deixe de o fazer, como aconteceu com tantas e tantas coisas que me davam prazer e que fui deixando de lado, infelizmente acho eu, porque a bronquite, as pneumonias, o colesterol elevado, as palpitações e o sistema nervoso vão dar cabo de mim seis meses depois do que aconteceria se mantivesse os vícios todos, o que não sei se será uma opção muito racional andar uma vida inteira armado em "dalai lama" só para andar por aqui mais uns meses...
Bem, no fundo, bem no fundo vale sempre a pena e analisando bem, foram poucos os vícios deixados de lado, porque tirando o tabaco, algumas bebidas alcoólicas (quase todas), as carradas de livros que me davam cabo do orçamento, as tertúlias até às tantas da manhã (também por culpa dos amigos que se foram afastando...) que o casamento impossibilita sempre, mais cedo ou mais tarde e algumas actividades que davam mais prejuízo que lucro, "tudo vale a pena quando a alma não tem dilema, não é Helena, nem é pequena" para rimar, que conversa sem rima não fica tão atraente.
Abri o jornal e procurei o "guru"Alberto Gonçalves, o tal que nunca terá os "dias contados" enquanto escrever dessa maneira irónica, inteligente e "endireitada", porque eu que tenho uma visão "sinistra" das coisas preciso do reverso da moeda, para apreciar melhor o verso, ou o contrário tanto faz...
Então não é que o jornalista Gonçalves aborda de uma maneira inteligentíssima esse novo vício social que é a "luta contra as alterações climáticas", essa nova forma de umas simpáticas organizações internacionais, tipo "green peace", quercus, amigos dos animais, live qualquer coisa, receberem dos Estados umas coroas e depois organizarem umas manifestações contra quem lhes dá os subsídios, com muitas viagens de avião por esse mundo fora, sem se importarem com o CO2 que eles próprios lançam para a atmosfera (olhem que gritar, partir e deitar fogo aos automóveis também produz CO2...).
Achei interessante porque há uns dias escrevi aqui uma crónicazinha que reflectia uma visão semelhante e ainda bem que escrevi antes do Alberto Gonçalves para não pensarem que ando a plagiar seja quem for, mas até nem foi a abordagem das "alterações climáticas" que me satisfez mais, tenho de confessar, porque a "marcha anti-Sporting" é que me encheu as medidas, sim senhor, essa de dois bacanos se dizerem "casal" para verem um jogo do Sporting com um só bilhete é bem esgalhada, ou bem esmiuçada, como está agora em moda dizer-se.
Claro que veio logo um tal Buraco de Almeida, perdão, Vale de Almeida, deputado do PS e dirigente de uma das várias associações gays que por aí andam, falar em discriminação, porque o Sporting não aceitou vender um bilhete com duas entradas, pelo preço de uma, o que me leva a pensar que qualquer dia ainda vão discriminar alguém que viva com quem tem duas entradas em vez de uma, ou quem tenha uma entrada a menos, o que seria anti-constitucional, não?
Esquecem-se que não se entra assim sem mais nem menos onde se quer, haja ou não direito a descontos e que nos armazéns do Grandela é que existiam várias entradas para uma saída feliz.
E para o Sporting, qual é a saída? mandem-nos dar uma curva ao campo grande... ou será bilhar grande?

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

OS CTT DA PEDRA LASCADA...

Ontem recebi um mail bastante interessante sobre algumas empresas, investigação e inovação que também existem neste belo país à beira mar plantado, em contraponto com inúmeros indicadores que nos envergonham e que nem vale a pena enumerar, pois basta comprar um jornal diário de vez em quando, ou até mesmo aproveitar os que os cafés e pastelarias nos colocam à disposição quando lá vamos tomar a habitual bica, esta também uma instituição nacional que, se não estou enganado é quase caso único na Europa.
Pois, ao ler o tal mail, onde se enaltecia o facto de a maioria desses jogos de computadores serem imaginados, produzidos e fabricados em Portugal e exportados para todo o mundo, onde tecnologia aplicada a telemóveis permitem pré-pagamentos que são exclusivos em Portugal, onde os automóveis se deslocam por auto-estrada e não têm de parar para pagar porque uma empresa portuguesa inventou, produziu e vendeu essa tecnologia da via-verde, onde já existem nas caixas multibanco possibilidades de pagamento de tudo e mais alguma coisa, onde a utilização da internet e das novas tecnologias nos coloca no grupo dos países mais avançados do mundo, onde eu próprio marco férias, viagens, compro, vendo, contacto com quem desejo, telefono de borla, falo e vejo a família e amigos na hora, no país que tem dez milhões de habitantes e 15 milhões de assinaturas telefónicas móveis, neste país onde existem famílias em dificuldade e num fim de semana se oferecem 2.500 toneladas de alimentos, ao contrário de alguns outros países e governos que recebem milhões e milhões de dólares de ajuda internacional e têm os seus povos a morrer de fome, eu queria dizer que... os CTT de Alcanena não têm terminal de multibanco!
É verdade, uma das maiores empresas de Portugal, com administradores pagos a peso de ouro, com movimentações aos seus balcões de milhares de euros diariamente, só aceita notinhas e moedas como pagamento, ao contrário de alguns vendedores do mercado semanal que já se apresentam com um terminal portátil de multibanco para receber o valor de peúgos, sapatos e até material de marca contrafeito.
E a cara da funcionária quando lhe disse que era perfeitamente ridículo que uma agência dos CTT não tivesse terminal de multibanco? a estranhesa pela minha inquirição até me levou a pensar que tinha entrado numa daquelas repartições públicas do século passado...
- mas se quiser, pode reclamar...
- gostava de lhe dizer que se eu fosse funcionário dos CTT já teria chamado a atenção do seu chefe para a necessidade de se adaptar aos novos tempos...
- ........
Esclarecido, saí dali o mais rápido possível, antes que me enfiassem nas catacumbas do século XIX, lembrando o facto de no balcão de Alcanena ser necessário estar numa fila que pode demorar 5 ou 50 minutos de espera, apenas porque precisamos de um selo para uma simples carta.
Por este andar "é meio caminho andado", como dizia o slogan do correio azul e "meio caminho parado", como digo eu.