sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

FORTUNA DE NATAL

A fortuna que te envolve
nos abraços que te dão,
traz também em ti uma missão...
faz jorrar bem de repente,
a força da razão tão diferente
que em ti mesma se resolve.

Não tens problemas porque és
do sonho de quem sofre, a boa nova,
tens em ti mesma toda a prova
da voz, da palavra, da verdade,
transformas todo o escuro em claridade
e vais lutar com ventos e marés.

Um dia, mais cedo do que pensas,
estarás a degustar a liberdade,
poder ser a luz nessa cidade
onde começarás nova história,
a entusiasta força da vitória
de tantas vidas, muito intensas.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A VERGONHA

A vergonha é um sentimento lixado, pá... a malta anda aborrecida com tudo isto porque anda com vergonha de se manifestar, anda por aí com vontade de dizer quais são os seus objectivos de vida, que todos querem, que todos gostam, que todo o mundo sonha, mas... esta maldita inibição, aquela história da "raposa e as uvas" que nos traumatizou na infância, com a tal moral de que "estão verdes, não prestam" quando afinal estão maduras e só não as trincamos porque não lhe conseguimos chegar, nos acompanha pela vida fora, dá cabo da vontade de afirmar o que queremos. Ainda por cima, tudo isso se mistura com um outro sentimento horrível que é a inveja, até porque, reconheçamos com um extremoso senso de auto-crítica que somos efectivamente invejosos e costumamos sentir-nos bem no meio da multidão para que as culpas não nos sejam apontadas.
Tudo isto a propósito de umas crónicas de jornal, entrevistas e programas de tv, que apontam a crise como qualquer coisa de terrível que nos vai cair sobre a cabeça a qualquer momento... há dias até pensei que o Rodrigues dos Santos ia fazer a contagem decrescente para a recessão... dizia o homem que se ainda não tínhamos entrado em recessão, ela estava mesmo a chegar, porque a UE dizia que era este ano ainda e o ministro das finanças dizia que em 2008 não, mas em 2009 talvez, o que a 15 dias do final do ano... mas já agora que venha a recessão no dia 2 de Janeiro, porque senão até o espumante ainda azeda.
Mas o mais interessante é que no dia da tal treta da recessão, as notícias eram a queda do barril de petróleo dos 147 para os 40 euros, a descida da taxa euribor dos 5,25% para os 3% ou menos e a descida para menos de metade dos cereais, o que desafogando as empresas com os custos de transporte, a indústria panificadora com o preço do pão e as prestações de renda de casa, só não nos fazia chorar a rir porque nos lembravamos do tal jornalista e da sua cara preocupadíssima.
Então mas os preços baixam e a recessão vêm aí? na verdade eu de economia não percebo nada, até porque cada vez tenho mais dificuldade para estacionar o carro no shoping por esta altura do Natal, não que eu não saiba que o povo está cada vez com mais dificuldades, mas as famílias não desperdiçam uma tarde com montras, escadas rolantes e ar condicionado grátis...
Agora falando de inveja... eu estava com medo de falar disto, mas já me desinibi o suficiente e não iria acabar com a crónica sem molhar a sopa. Este povo maquiavélico desancou nos deputados da nação porque estes muito inteligentemente acharam por bem não ir ao trabalho na sexta-feira, aproveitando até um deputado oposicionista por propor que não se fizessem votações nesse dia porque já estava enraizado o hábito da "sexta-feira santa" na Assembleia da República.
Perante isto, o que fizeram as más línguas? ofenderam os representantes da nação, chamando-lhes até preguiçosos, desperdiçando a oportunidade histórica de os aplaudir pela ideia e de lhes propor que decretassem a sexta-feira como terceiro dia de descanso semanal, coisa que, estou convencido, só iria dinamizar a economia do país, reduzir alguns custos insuportáveis, como os combustíveis (ainda não repararam que ao fim de semana há menos carros nas estradas?), aumentando de duas para três as entusiásticas e lucrativas actividades de ocupação de tempos livres que os nossos jovens sempre inventam e também o número de autuações por excesso de alcoool e droga, com o subsequente aumento das receitas de Estado.
Mas na verdade ninguém quer resolver a crise, até porque de fartura como esta, a malta habitua-se, porque para passar fome, já basta a normalidade democrática do Zimbabué.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

A SOCIEDADE DO SÉCULO XXI

Uma das minhas esperanças na entrada do século XXI era essencialmente focada na transformação social, na vontade de quem governa, de quem se governa e de quem se deixa governar, no sentido de uma real mudança do seu nível de vida e das condições mínimas de usufruto da sociedade dos tempos livres, que só a elevada capacidade tecnológica do actual século pode proporcionar.
O que é facto é que quem nos governa, ao arrepio de uma análise histórica, mesmo superficial, vem dizer que afinal toda essa diminuição do horário de trabalho que se iniciou com a revolução industrial é prejudicial... ou seja, o pessoal que começou por trabalhar 16 horas por dia, passou para as 12, andou à porrada em Nova York pelas 8 horas de trabalho, começou a reivindicar as 7, 6 e mesmo 5 horas diárias e em muitas profissões conseguiu, esse tal pessoal estava completamente errado, muito embora se saiba que cada vez temos mais e melhor produção de bens de consumo e que a crise existe porque os carros existem e não se vendem, os bonecos de Natal estão por aí aos montes e tb não se vendem, as casas constroem-se e não se conseguem vender, a comida está a abarrotar em prateleiras de supermercado, com promoções cada vez mais agressivas... e eu a pensar que crise é no Zimbabué, onde se morre de cólera, não há que comer nas prateleiras das lojas, não se produz nada depois de terem expulso os colonos e há lá um preto fanático que diz que os brancos é que são os culpados, justificando a loucura com o racismo.
Na verdade, os actuais dirigentes europeus chegaram à conclusão que a crise só se ultrapassa com horários mais alargados e mais intensos, como afirma o socrático governo de Portugal, até porque os chineses dormem ao lado da máquina, comem arroz todos os dias e já estão com cerca de 10% de crescimento ao ano, o que se não é um bom exemplo para os madrassos dos trabalhadores portugueses é bem "trovato", até porque temos exemplos de licenciaturas tiradas ao fim de semana, como corolário dessa ideologia peregrina de colocar a malta a trabalhar dia e noite, para o bem estar e a felicidade da humanidade, esquecendo-se que Deus criou o Paraíso muito antes de criar o trabalho.
Então a ideia socialista de colocar a máquina ao serviço do homem já está posta de lado, dando lugar aos "boys neo-liberais socialistas", mensageiros da boa hora que declaram o homem ao serviço da máquina até que alguém o meta no crematório do Alto de S. João?
Esta geração governante pensa que trabalhando mais se alcança o Céu na Terra, contrariando a lógica de um menor tempo de trabalho através do uso adequado das novas tecnologias, próprio dos novos tempos do século XXI, o tal século do bem estar e dos tempos livres?
Há 40 anos instituiu-se a semana inglesa, com o sábado a declarar-se dia de folga, os tempos mudaram da noite para o dia, a produção nacional e mundial aumentou exponencialmente e os "experts" da economia (previam o petróleo a crescer até aos 200 dolares no final de 2008 e o seu preço está a 37 dolares), do ambiente, da gestão e da política, o trabalho escasseia porque a tecnologia vai substituindo o homem e querem... mais horas de trabalho.
Para quando a redução da semana de trabalho para quatro dias? não seria possível colocar os 400.000 desempregados a fazer qualquer coisa, rentabilizando os subsídios pagos, se a jornada de trabalho semanal se reduzisse para quatro dias?
E com esta medida, o que impediria os trabalhadores de fazer mais umas horas nos dias em que estão de folga, se o desejassem? e não seria mais razoável encurtar o período de trabalho para possibilitar a entrada de mais gente no mercado de trabalho?
Sempre que houve alterações surgiram ondas de choque, mas todos sabemos que depois o mercado se adapta à nova situação.
Acho que a falta de deputados na Assembleia da República não foi mais que um ensaio para a semana de quatro dias, até porque todos tivemos duas semanas seguidas de quatro dias e ninguém se queixou, ou notaram algum problema?

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

ALMAS

Intensas, muito brilhantes,
capazes de nos dizer
que agora, ou muito antes
do tempo de quem nos ver,
juntos iremos ser
do tal amor, traficantes.

Antes do tempo ou depois,
na estrada que o sonho deu,
como brisa terna, fluis...
a tristeza se escondeu
e teu rosto prometeu
ondas de mar, muito azuis.

Andaremos pelas ruas
com pacotes de amor,
daremos doses às luas
que iluminam a dor,
de luzes vivas, com cor,
encheremos almas nuas.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

FUTEBÓIS...

Se querem saber, estamos a 3 de Dezembro de 2008 da era de Cristo, muito embora haja quem diga que existe um erro de contagem de quatro anos, porque houve aquela fuga para o Egipto, enquanto os romanos matavam as criancinhas e parece que no registo civil da época, Jesus, filho de José a Maria foi registado com esse atraso, uma vez que crianças registadas nesse período de massacre corriam risco de morte. Parece até que só a partir do registo da criança, o Imperador Augusto começou a contar o calendário romano, pelo que se as contas não falharem já deveríamos estar a celebrar o Campeonato da Europa na Polónia e Ucrânia em 2012... mas de facto faz-me confusão que num planeta habitado desde há milénios, todos os países tivessem concordado com o facto de estarmos a 3 de Dezembro de 2008, o que me leva a pensar que já naquela altura, ou estavam todos de acordo ou abria-se o Coliseu e mandava-se a oposição aos leões. Agora para variar mandam-se os leões para a oposição... leões, águias e outras espécies, mas isso é política e eu não me quero meter nisso.
A propósito, tive o "pazer" de ler um jornal desportivo, daqueles muito criativos que se fazem e pelos vistos se vendem que nem papossecos quentinhos, onde a um sábado se lia que o Benfica ia assaltar o primeiro lugar... infelizmente, como dizia depois o tal jornal, não conseguiu porque o Leixões ganhou ao Sporting. O estado de angústia instalou-se e via-se nas ruas uma amargura latente, que o jornal e tal, haveria de acabar, porque era agora que o Benfica iria ficar no primeiro lugar... não sabem? o Leixões tinha empatado e a certeza da liderança espelhava-se a cada crónica do jornal.
Mas este Benfica, acabado de levar uma remessa das grandes na Grécia (nem sei bem quantos foram, que me esqueci de contar), tinha a obrigação de ganhar ao Setúbal, que anda ali com brasileiros dos regionais, cheios de fome e com 23 salários em atraso... ganhou? não foi capaz, caramba! e lá continua este povo triste e amarguardo mais uma semana, colocando velhinhas à Virgem do Scolari para ver se fica no primeiro lugar do campeonato... é que o Leixões à frente não chega para reabilitar a tiragem de quase 300.000 jornais diários desportivos deste país iletrado.
Ah, já me esquecia, sabem que os ilustres, notáveis e fantásticos jogadores do glorioso, na apreciação do tal jornal, foram apreciados positivamente, desculpados de uns poucos deslizes e tiveram direito a foto? pois os rapazes de Setúbal foram avaliados, jogaram quase todos mal, aquele golo no final foi uma sorte tremenda e nem foto tiveram direito? este jornalismo é tão rastejante que nem sei em que país me encontro, sinceramente.
Sabiam que a Lusa, a maior agência de notícias do país, não sei se ainda recebe subsídios do Estado para se manter viva, está impedida de entrar nas instalações do glorioso Benfica, para assistir às monolíticas, traumáticas e às vezes cómicas conferências de imprensa de treinadores de futebol, sem que uma única autoridade, desde o Secretário de Estado do Desporto até à ASAE, se dêem ao incómodo de fazer cumprir a lei?
Há uns anos atrás era o Porto que insultava e agredia jornalistas da SIC e/ou da RTP, só porque não davam as notícias de forma a agradar aos dirigentes do clube, agora é o glorioso Benfica, com os jornalistas da Lusa e qualquer dia ou antes destes, que não lembro, foi ou será o Sporting, porque não vale a pena tirar de uns para carregar nos outros.
Ao longo de tanta crónica não tem sido meu hábito versar o desporto, ou melhor, o espectáculo da bola, mas depois de levarmos 6 do Brasil, 5 do Barcelona, 5 do Olimpiacos e o resto que se prevê venha por aí, era boa altura para não só os bancos, mas também alguns jornais desportivos abrirem falência, que os clubes e os adeptos do futebol, esses, já estão falidos há muito tempo.
E a minha intenção hoje era abordar a opinião do Secretário de Estado da Educação, que afirmou que as escolas deste país estavam todas abertas, como se eu professor, tivesse que abrir e fechar a escola onde trabalho. Saberá o excelentíssimo amanuense do Ministério da Educação que o que interessava era saber se os professores estavam na escola a leccionar... e não viu que não estavam?