segunda-feira, 30 de junho de 2008

O CALOR...

Quando chega o Verão acontece-me sempre o mesmo, a felicidade em que o tempo quente me envolve, essa tal felicidade que não se traduz unicamente pela escrita, costumo até dizer que a felicidade é um estado de alma intraduzível e nada significante, o que não quer dizer insignificante... mas essa treta de sermos felizes com lágrimas ou declarações formais de amor é demasiado complexa e acaba sempre com umas lágrimas, como nas novelas.
Na verdade o calor é a quase exclusiva fonte da felicidade, traduzida por perspectivas apaixonadas, lúdicas e às vezes pouco lúcidas, leves como a roupa que transportamos, qual termómetro de gestos, jeitos, cheiros, gostos e superlativas relações, onde o facto de sonharmos em cada dia novas viagens nos transporta no vento que inventamos, qual beija-flôr em liberdade... é, o calor é o grande culpado, porque o sentimento de culpa de inspiração judaico-cristã que nos acompanha desde que o Adão foi julgado na Boa-Hora, ainda não foi apagado de vez da enciclopédia do nosso condicionamento.
E o calor é apenas o motivo, o rastilho de tudo o que de bom nos propomos realizar neste tempo quente em que desejamos, construímos e de algum modo reclamamos pelo tempo em que o frio nos impediu de ser quem somos.
A praia, a água morninha do Atlântico, de Fortaleza a Porto Seguro, com passagem pelos Açores, Canárias e alguns dias de Algarve, fazendo esquecer os arrepiantes mergulhos da Foz do Arelho, Nazaré ou S. Pedro de Muel são a justa compensação para disfrutarmos deste calor que adoramos, complementada com uns passeios na praia, uns jornais, uma cadeira de praia que não dispenso e mulheres bonitas que não tenho problemas em apreciar sempre, porque se não fosse para olhar, nem elas ousavam biquínis tão pequenos… muito embora, com este tempo de crise onde há necessidade de comer cada vez menos, e de moda, se privilegiem os corpos atléticos e delgados quanto baste, o que se não é o arquétipo idealizado pela totalidade, é felizmente o objectivo da maioria deles e delas. Na verdade aquela fase das mulheres gordas que Fernando Botero pintava no início do século XIX e que posteriormente deu origem ao ultrapassado ditado "gordura é formosura" foi chão que deu uvas.
É o calor que nos ilumina, disso não tenho dúvidas e dentre todas as linhas que nos prendem ao futuro é a perspectiva de usufruir de novos tempos quentes que abrevia o tempo frio que temos de passar em cada ano. Acho que o que nos liga à vida e à paixão que é viver, é quase exclusivamente o calor que a cada ano que passa nos vai encontrando de Junho a Setembro.
Outra das necessidades que o Verão nos provoca é também a necessidade das saladas, dos sumos dietéticos, do ginásio, por forma a conseguirmos entrar nos tamanhos que usámos no ano anterior, para além claro, da necessidade de mostrar a amigos e conhecidos que os 50 anos nunca nos meteram medo, embora eu ache que a idade nunca meteu medo a ninguém e continuamos a confundir idade com 15 ou 20 quilos de massa gorda em excesso.
No final da época de praia, depois de uns fins de tarde cheiinhos de espetadas, febras grelhadas, camarão cozido e muita cerveja, voltaremos a prometer um ano de sacrifício no ginásio para ficarmos de bem com a nossa consciência e darmos à cara-metade a ilusão de que no próximo Verão estaremos bem melhores que os vizinhos.

domingo, 29 de junho de 2008

AMANHECER

Bate o coração na prisão que é meu peito
à conquista do céu de todos nós,
na calma do silênco, muito sós,
sentimos a vontade inteira
de saltar sobre a carteira,
onde escrevo as palavras ao meu jeito.

É Pátria minha a língua portuguesa,
a força com que escrevo meu país...
sei agora mesmo que sorris
quando minha imagem te conduz
na estrada do teu corpo, nossa luz,
palavra por palavra, concerteza.

Brilha o azul da tua tinta
no branco papel do desatino,
onde riscas, traças o destino
que fazes cada dia, cada hora,
colas, cortas, rasgas, deitas fora
e guardas o amor que não te finta.

Provas de um belo amanhecer,
quentes, breves, perfumadas,
não mais serão adiadas...
correrás entre flores, letras, palavras,
paredes serão derrubadas
para, enfim, em mim te receber.

sábado, 28 de junho de 2008

CAVALIDADES

Entrevista supostamente atenta, veneranda e obrigada do Senhor Ministro da Justiça.

- Senhor Ministro, o que tem para nos dizer sobre as agressões na Feira?
- O governo está atento... gostava até de lhe adiantar que estive a conversar com o Ministro das Finanças e já temos verbas disponibilizadas para garantir a segurança...
- Mas, senhor Ministro, as agressões na Feira...
O Ministro Costa pensou a resposta, mediu todas as palavras, cerrou as palpebras, arrastou a voz de estadista e parecendo embriagado com o sol que lhe batia de frente no totiço avançou.
- O governo está atento e posso já adiantar que os agressores do juiz vão ter um inquérito instaurado...
- Oh senhor Ministro, essa agressão na Feira...
- Como já afirmei, o governo continua atento e com um aumento da segurança nos tribunais estes problemas deixarão de existir...
- E o senhor Ministro acha que com outras instalações os juizes já não levam na tromba?
- Estaremos atentos e se os juizes também estiverem atentos podem muito bem defender-se de algum ataque... podem até ler as sentenças devagarinho para prevenirem ataques rápidos...
- Já agora gostaria que informasse se podem ser ilegais as agressões efectuadas em tribunais ilegais... é que parece que o tribunal funciona num edifício que não tem licença de construção...
- Também nesse aspecto estamos muito atentos e já reparou que mesmo agora tenho atrás de mim uma dúzia de emplastros a proteger-me as costas... talvez precise de um chapéu de chuva para prevenir a queda da caliça em algum tribunal... mas estamos atentos, disso não tenha dúvidas.
- E o senhor Ministro não acha que estes episódios nos tribunais, com os réus a malhar nos juízes está a dar uma imagem de uma certa anarquia?
- E o senhor jornalista não sabe que na feira costuma acontecer isso? Brigas, navalhadas, roubos… agora foram uns pontapés no juiz, mas o homem no dia seguinte até já estava a dar umas entrevistas nos jornais e qualquer dia até pode ser ministro…
- Oh senhor Ministro, mas isto aconteceu na Feira, não foi na feira…
- E os senhores querem que eu diga o que não quero dizer? Estão sempre a jogar com as palavras… o que tem este episódio na Feira, de diferente, com aqueles que acontecem na feira do Relógio, na feira de Carcavelos ou nas cavalariças da feira da Golegã?
- Mas há uma certa diferença… na da Golegã há cavalos…
- E na da Feira também houve… mas nós estamos atentos.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

MARÉS

O prazer de ser tão pouco entre tantos,
fazer ou não fazer aqui o céu,
olhar a outra parte do meu "eu"
e sorrir no silêncio das montanhas,
sofrer por amor em dores tamanhas
e ficar em paz com teus encantos.

Vou bater meu pé em qualquer esquina,
remodelar meu passo no passeio,
dar a não sei quem meu travesseiro,
respirar o mesmo ar de toda a gente,
tomar com quem se quer um banho quente
e encharcar de amor quem nos castiga.

Queria ser eterno e ter mais tempo...
caminhar na terra movediça,
prazer do teu amor, minha preguiça,
correr ao infinito sem cansaço,
enroscar teu corpo num abraço
e viver feliz sem um lamento.

domingo, 22 de junho de 2008

O ESTILO DE JOGO

Peço desculpa, não é que queira incomodar, mas há dias escrevi uma crónica onde a certa altura, contrariando os portugueses, os verdadeiros portugueses e também os jornalistas, políticos e associados, escrevi que à semelhança dos últimos 50 anos iríamos ser eliminados por gregos, holandeses ou franceses... mas eu peço desculpa não porque não fomos eliminados por um destes, mas fomos sim afastados do título que era nosso pelos alemães, um país fraco que sem saber como, nos ganhou com a ajuda do árbitro, com a ajuda da UEFA, sim, que o Platini não nos grama nem com "croissants" desde que nos tirou o título em 1984, que a malta perdoa mas nunca esquece.
Afinal há mais de 50 anos que andamos no Europeu da bola e nunca ganhamos... e quer-me parecer que isto do futebol é tão científico como o Festival da Eurovisão, que também nunca ganhámos, mas aí era tudo por causa da política, lembram-se? só a Espanha é que nos dava 12 votos e nós retribuíamos sempre, cantassem bem ou mal. Como era uma ditadura, não ganhávamos, depois com a democracia também não ganhávamos e houve uns anos em que ganhámos juízo e nem lá fomos. Agora já vamos e como o voto é pelo telefone já temos votos da Suíça, da França, da Alemanha, de Andorra, da Espanha... acho que isto tem a ver com os nossos emigrantes e se assim fôr o próximo Mundial da Eurovisão vai ser nosso, com os votos da diáspora.
Caramba, mudo de tema como quem muda de governo, perdão, como quem muda de camisa, mas as conversas são como as cerejas... ahhh por falar em cerejas, hoje tive um mal entendido com uma menina do hipermercado que me queria facturar abacaxi de 0,99€ por ananás de 6,19€ o quilo, como se fosse possível eu comprar ananás a um conto e duzentos o quilo, eu nem sabia que o ananás já estava a este preço e também não faço ideia porque é que o abacaxi, mais doce que o ananás está seis vezes mais barato... talvez seja pelo nome e para distinguir as classes sociais em Portugal, com ananás para a classe alta, abacaxi para a classe média e o abacaxi em rodelas para a classe baixa, isto se as classes sociais em Portugal forem tão inteligentes como eu penso que são.
Mas eu vinha teclar sobre futebol, escrever sobre o estilo de jogo, a capacidade ofensiva, a defesa à zona, o homem a homem que um comentador disse já estar ultrapassado e que uns minutos depois o Paulo Ferreira que, coitado, não tem nome de jogador de futebol, foi acusado de não ter marcado o adversário dessa maneira, o tipo de futebol vertical ou lateralizado, a profundidade da coisa, o sistema que resultou e que fez da Grécia campeã e que quatro anos depois, com o mesmo treinador e os mesmos jogadores só deu derrotas, o descanso dos jogadores que uma vezes é pouco e outras é demais, o craque que a semana passada era o melhor do mundo e agora...
Mas vocês já repararam que um jogador de futebol não pode ter um nome daqueles? e você, já pediu um Paulo Ferreira? perdão, era Porto Ferreira, não sei porquê às vezes baralho-me...
A apropriação do futebol, por governos, bancos, empresas de marketing, publicidade e moda, políticos, classe "média-alta", artistas e outros "artistas" levaram o futebol a um estatuto apetecível para quem consome, especialmente os jovens e seus paizinhos, distorcendo até alguma análise racional do fenómeno. E em 40 anos o futebol, seus jogadores e jornalistas, passou de um estatuto de menoridade social para um plano de "genialidade", o que, num e noutro plano me irrita profundamente.
Em relação ao futebol eu gostava... de ser suíço.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

NA SALA DE EXAME

Doze no silêncio repartido,
na sala de todas as esperanças
prometem fazer do saber as suas danças,
escolher o sol que os espera,
a luz forte e macia da quimera
que vão dizer-nos ao ouvido.

Irão descobrir "coisa" nova
passo a passo, qual Mateus,
quererão ver nos olhos seus
o caminho suave das manhãs,
pós, pedras, marés e aguas chãs...
o melhor e o pior de cada obra.

A eternidade, o infinito é ponto certo
de chegada a cada um dos seus amores,
diversidade de vidas e sabores
capazes de os fazer sorrir
a tudo o que de bom possam sentir,
no amor que têm por bem perto.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

A PROPÓSITO DE LIXO...




A propósito do lixo reduzido, reciclado e reutilizado que o meu amigo Miguel tratou devidamente numa crónica excelente do seu blog http://devaneioscronicas.blogspot.com que recomendo a quem tem espírito de humor, falta de ar nas algibeiras ou não recebe heranças dos tios desde o Maio de 68, achei por bem abordar o tema, de uma forma mais ligeira, tradicional e nada ecológica, tal qual os meus queridos vizinhos.
Há uns anos, mais ou menos uns trinta para ser mais preciso, a civilização urbana acabava na minha casa, o que pressupunha que o carro do lixo acabava ali a voltinha diária, mas também indicava que o final do bairro era à minha porta e já que era para acabar em beleza a câmara municipal (ainda eram camarários os lixos) decidiu colocar no final do percurso dois contentores verdes, daqueles de tampa fácil de abrir e difícil de fechar que levavam tudo junto, papel, plástico, vidro e lixo orgânico.
A urbanização foi crescendo e agora são mais 15 vivendas, os mesmos 2 (dois) contentores de há trinta anos, com uma única mudança, onde havia dois contentores ficou um, mudando-se o outro para o novo final da urbanização. Facilmente se conclui que o contentor está sempre cheio e aos fins de semana transborda, para gáudio dos animais que andam por ali à solta fora da época de caça.
De vez em quando vejo na tv umas imagens da Índia, ou de alguns países africanos, com as ruas cheias de lixo e respiro fundo porque isso normalmente não acontece na minha rua, mas de vez em quando concluo que a côr da pele não tem nada a ver... é que surgiu por aqui o hábito de colocar o lixo ao lado do contentor quando ele está cheio, ou seja, os europeus do século XXI desta Europa tecnológica e desenvolvida, colocam o lixo no chão da rua, para os cães revolverem e... em frente da casa do vizinho!
Uma vez, já lá vão uns anitos, reparei que a vizinhança continuava a colocar os sacos do lixo no chão ao lado do contentor e tive uma ideia luminosa, pintei uma placa onde se lia " Se o contentor estiver cheio, guarde o lixo! Não deixe o lixo no chão!"
Entretanto o lixo continuava a ser deixado fora do contentor e ao observar este tipo de comportamento, indaguei junto de uma vizinha:
- Oh vizinha, então não reparou na placa?
- Oh vizinho, eu reparar, reparei, mas... eu não sei ler...
Isto já foi há bastantes anos e acho que já não há tanta gente sem saber ler neste país, mas seria de bom tom e muito boa educação que, estando o contentor do lixo cheio, as pessoas voltassem para trás com o lixo e o acondicionassem num qualquer lugar da sua casa até que o contentor estivesse vazio, mas... é pedir demais, eu sei. Então, sempre que o contentor está cheio e o lixo se acumula, tenho o hábito de colocar uma lage de mármore do tamanho da abertura do contentor e dar uns pulinhos por forma a calcar o lixo e a ganhar espaço para mais uns sacos, normalmente os que já estão espalhados pelo chão.
Tão entretido estava com os meus pulos que nem dei por três jovens que me olhavam tipo "extraterrestre", tentando perceber se eu estava de perfeita saúde... parei e tentei esclarecê-los do "projecto", eles abanaram a cabeça, sorriram e já estou a ver a ideia com que ficaram do professor que, se tudo correr bem os encontrará numa turma do secundário daqui por meia dúzia de anos.
Pois é Miguel, é difícil ser prior numa freguesia destas...


quarta-feira, 18 de junho de 2008

AS (EN)COMENDAS DO 10 DE JUNHO

A eterna discussão de quem não faz
mais do que o dever do ser humano:
não toma iniciativas por engano,
não faz nada que possa ser alterado,
para além do horário tabelado...
tudo o que não faz o satisfaz.

É o zero do progresso mundial,
não se mete onde diz que não sabe,
fala do tempo, da doença, da saudade,
com quem acena que sim com o toutiço,
entra e sai sem se dar por isso
e vai morrer com um grande funeral...

Num dia feriado a meio da tarde,
abrem-se as portas do palácio
donde sai o presidente Anastácio...
coloca uma medalha na caveira
assim mesmo, de qualquer maneira
e faz um comendador, que era cobarde.


(a propósito da comenda dos "gandas nóias" cá do burgo).

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A IRLANDA PERDEU OU GANHOU?

- Acho que a Irlanda não faz parte do campeonato...
- Estás a brincar comigo, a Irlanda não faz parte do campeonato? eu ouvi qualquer coisa, que ganharam os que diziam que não, que perderam os que diziam que sim, que o governo e tal, que se não ganharam faz-se outro até que ganhem...
- Não fazem parte, pá. Tu não percebes nada disto...
- Olha, parece que convocaram os irlandeses para dizerem que sim ao campeonato europeu dos "27", mas eles não quiseram... acho que há por aí uns países que já não querem jogar, que nem sabem as regras do campeonato, há muita confusão...
- Bem me parecia que tu não percebes nada de nada, o campeonato europeu só tem 16 países e os favoritos somos nós... ainda não compraste uma bandeirinha?
- Agora ouvi na tv que se os irlandeses não quiserem jogar esse tal campeonato europeu dos "27", jogam os outros sozinhos...
- Lá estás tu com essa treta dos "27"... são 16, ou melhor, eram 16 e agora ficaram 8. Sabes que os favoritos somos nós? afinal temos sido sempre os favoritos, mas nunca lá chegámos...
- E os irlandeses parece que disseram "não" ao campeonato porque houve muita gente a protestar e a dizer que era uma aldrabice, que as regras estavam viciadas, que íam perder a possibilidade de decidir quem é que jogava...
- Já estou a desconfiar que essa da aldrabice é cá com a gente, mas estão muito enganados, devem estar a pensar que agora estamos sempre a ganhar porque compramos os árbitros... esses irlandeses parecem-me cá uns invejosos. Até te digo uma coisa que se calhar não sabes, esses gajos da Irlanda também receberam uns camiões cheios de dinheiro da Organização do Campeonato Europeu e em vez de comprarem uns craques para a selecção nacional ou nacionalizá-los como nós fizemos, andaram a gastá-lo em questões estruturantes, vê lá tu...
- Mas olha que deves estar enganado, são mesmo 27 os países... o presidente não é o Durão Barroso?
- Durão Barroso? és parvo ou quê? o presidente é o Platini, pá!
- Mas eu estava a pensar que estávamos a falar do Tratado de Lisboa...
- E estou, concerteza que estou... olha lá, o Cristiano Ronaldo é mesmo um tratado, não achas?
- Não era isso, o Tratado de Lisboa... o Sócrates...
- Não estou a ver... esse gajo deve estar a suplente...
- Não pá, é um que é muito convencido, tem a mania que o mundo gira à sua volta e que os outros não jogam nada...
- Ahhh, esse chama-se Quaresma!
- ...
- Ehhh, Ehhh, onde é que vais pá?... Ehhh, Ehhh, já compraste a bandeirinha?

sexta-feira, 13 de junho de 2008

PELAS 5 DA TARDE...



Acabei de ler o Jornal Torrejano e não resisti, a crónica do José Ricardo Costa avivou-me lembranças da infância que me marcaram tão positivamente que não hesitei em martelar as teclas deste sofrido computador, incapaz de me mandar bugiar quando o teclo em demasia ou até mesmo quando a imaginação não está de acordo com a vontade de cronicar.
É a tourada, sim, a festa ou melhor a "fiesta", aquela mesmo que o Jose Ricardo afirma "a las 5 en punto de la tarde", como escreveu e muito bem Garcia Lorca, o generoso e republicano poeta Frederico Garcia Lorca...
"eran las 5 en punto de la tarde
un niño trajo la blanca sábana
a las 5 de la tarde.
una espuerta de cal ya prevenida
a las 5 de la tarde.
lo demas era muerte y solo muerte
a las 5 de la tarde."
Foi Garcia Lorca que melhor pôde retratar a superação da condição humana numa simbólica luta entre o ser inteligente e o ser poderoso, dando-lhe uma quase igualdade de condições em campo aberto, redondo e solitário, onde só os melhores dos melhores têm acesso, homens e animais.
Ali não dá para ver alguém em cima de uma cadeira a gritar que "há um rato na cozinha", nem amigos dos animais com cães na varanda do 7º andar, presos 23 horas por dia, com uma hora para "passearem o dono" no jardim municipal onde aproveitam para deixar a higiénica bosta diária, onde naturalmente as crianças vão jogar...
Não, este espectáculo que fez parte da nossa infância e juventude passou para as "23 en punto de la noche" para não influenciar negativamente as nossas crianças e jovens, traumatizados com a violência das pegas, chinquelinas, verónicas e pares de bandarilhas por proposta dos "amigos dos animais" e ordem de um juíz que talvez nunca tivesse lido Hemingway, visto um quadro de Picasso ou sabido da existência de Frederico Garcia Lorca. Concerteza nunca souberam que antes de Cristiano Ronaldo, houve Manuel dos Santos, Chibanga, Mário Coelho, Diamantino Viseu, para só falar de portugueses, que qualquer deles levava multidões atrás de si em Espanha, Argentina, ou México.
Hoje, no século XXI, temos é que proteger os flamingos, dar ração dietética a cães e gatos amaricados, descurando a análise histórica de perpetuação animal, onde os mais fortes e mais inteligentes vão devorando os mais fracos, ou seja, os cães têm de passar fome para comer os gatos, os gatos têm de passar fome para comer os ratos e os ratos têm de se safar com outros mais pequenos que eles, para que não haja ninguém aos gritos em cima da cadeira da cozinha.
Sim, eu confesso, sou um bárbaro, ía à tourada com o meu pai, no 15 de Agosto nas Caldas da Rainha, adorava aquela festa, a banda a tocar, o inteligente a mandar os forcados lá para dentro, confesso que gostava de os ver levar uma "sopinha de corno" sem que ninguém se aleijasse e só me chateava quando o touro não queria voltar aos curros...
Sim, confesso que sou um cinquentão "traumatizado" com toda aquela selvajaria, de tal maneira que continuo a adorar umas febras na brasa, uns coiratos ou até mesmo umas costeletas de boi, mas parece que é dos poucos animais criados em terreno livre, com pasto natural, ao sol, ao contrário de frangos, porcos e coelhos, circunscritos a instalações onde nascem e morrem sem ver o sol.
Preocupados com o touro porque levou com uns pares de bandarilhas e deitou sangue? preocupam-me mais os milhares de empregados e desempregados que passam a vida a "levar nos cornos" para poderem comer uma bifana.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

A MODA ESTÁ AÍ...



- Então já tem o novo cartão de sócio da selecção nacional? olhe que já são mais de 300.000 patrocinados por um banco e não custa nada... ou melhor, só custa preencher um formulário que depois ficará arquivado no tal banco e servirá para nos continuarem a mandar emails ou cartas a oferecer empréstimos, os mais baratos do mercado, ou outros cartões também gratuitos no primeiro ano e caríssimos nos próximos 30 ou 40... é que a moda dos cartões ainda não passou de moda.
Já me tinham dito que os nossos craques da selecção nacional de futebol foram vestidos pela Fátima Lopes, facto que me intrigou, na medida em que os estilistas têm o hábito de fazer peças para malta magrinha e com pouca massa muscular. Quando os vi a caminho da Suíça confirmei que o pessoal ia metido em camisas de onze varas, as calcinhas muito justinhas e transparecendo o incómodo da situação, desapertando o botão do casaco qual Fernando Mendes no programa "Preço Certo". Era evidente a dificuldade dos nossos craques em se movimentarem dentro da fatiota "Fátima Lopes", o que se compreende por terem sido pensados e elaborados por alguém que demonstra não conhecer muito bem a envergadura física de um atleta de alta competição.
Estou neste momento a ver o jogo Portugal - Republica Checa e voltei a reparar no equipamento branco dos nossos jogadores, bonito sim, mas... apertadinho. As camisolas são tão apertadas que estou a ver o Cristiano Ronaldo a puxar a sua com toda a força para ver se ela alarga... não sabem que o homem tem um peito que todas as mulheres gostam? olhei para os outros e as camisolas estão apertadinhas, de tal maneira que a do Petit até sobe peito acima em vez acentar com folga no corpo.
Eu sei que não dá tanta hipótese ao adversário de agarrar os nossos jogadores, mas quem é que consegue agarrar o Cristiano quando sprinta, mesmo com camisola larga? e a vantagem da camisola vestida com uma certa folga ajuda o jogador a recuperar do esforço mais rapidamente.
É a moda, eu sei, mas não exageremos...
Há uns anos, no Mundial da Argentina 78 a moda eram os calções justinhos e apertadinhos, de tal maneira que os jogadores argentinos foram considerados os mais rápidos do torneio... é que ninguém gosta de andar a passo com os "tomates" apertados e nada melhor que correr muito para os jogos acabarem depressa, deveriam ter pensado os argentinos.
Uma vez, concerteza obra de mais um estilista com necessidade de afirmação, apareceu uma equipa com camisolas sem mangas, mas não foi aprovado não sei porquê... talvez porque havia jogadores que não usavam o "Axe", o tal desodorizante e os adversários começaram a reclamar do odor.
Acho que têm de pedir uma nova remessa de camisolas para o próximo jogo, com um pouco mais de tecido, mesmo que o corte se mantenha, porque eu acho que os jogadores se sentiram um pouco apertados, pelo adversário, pelo resultado, mas fundamentalmente pelo aperto das camisolas.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

O FUTEBOLÊS E O EURO 2008

E o Euro2008 aí está, na sequência delirantemente emocional do Euro2000 e Euro2004 do nosso quase contentamento e também da Expo98, sim, eu sei que não era futebol, mas aí também jogámos ao ataque, naquela miscelânia mundial onde cada pavilhão representava o que de melhor havia em cada país representado. Viemos a saber depois de houve umas rasteiras no orçamento, uns empurrões nos barcos do "mar da palha" e uns penalties apontados a uns "chico-espertos" que se abarbataram com uns trocos, umas trocas e outras tantas fintas ao Mega Ferreira.
Acho até que depois tudo ficou em "águas de bacalhau", não fosse aquela uma exposição mundial dos oceanos, mas para dizer a verdade, sempre que vou até lá a propósito de uma qualquer exposição, nauticampo, expo-férias ou diferente iniciativa... gosto! gosto do espaço, gosto das pessoas, especialmente daquelas que normalmente utilizam o espaço para passear, para olhar o Tejo, para se libertarem da pressão do dia a dia e até compreendo que tenham existido algumas falcatruas, que os portugueses também não são noruegueses ou dinamarqueses, não é verdade?
Mas o campeonato da Expo98 foi bem ganho, não tenho dúvidas até por isso mesmo, que no final, bem espremido, ficou ali um espaço que vai render à sociedade portuguesa alguns juros, tal como os Jerónimos ou a Torre de Belém estão a render desde que há uns anos os japoneses os descobriram, bem como aos pastéis de Belém, claro.
Bem diferente foi o investimento feito em 2004, com muitas bandeiras vendidas e com os lucros a desaparecerem numa qualquer esconsa rua de Xangai, outros lucros a desaparecerem nos gabinetes da UEFA em Nyon-Suiça e as câmaras municipais a ficarem com dívidas e juros para serem pagos nos próximos 40 anos, para além de obras de ferro e betão em estádios fechados em 340 dos 365 dias do ano, com um público pouco motivado à sua frequência, até porque como diz um cronista do CM de que não lembro o nome, são normalmente "sítios mal frequentados".
Temos agora o Euro2008 para nos empenharmos, não, não era isso que pensaram, eu disse empenharmos de empenhamento e não de dívidas... é bom acabar com as dúvidas, mas temos o mundo da bola a meter férias para ver jogos, quarta-feira quem não sair antes das 5 da tarde vai ser olhado de soslaio, quem não levar uma bandeirinha "made in china" na mão pode muito bem ser confundido com um checo e levar por tabela, quem não der uma volta com o carro a buzinar, mesmo com a gasosa ao preço do "chanel 5" vai sofrer com as bocas ordinárias dos vizinhos, membros dos NNBoys, Superdragões ou Panteras...
A onda de entusiasmo é de tal ordem que só não vi na tv uma entrevista com alguém de Timor Leste que esteja a comer coiratos na "Casa do Benfica de Neuchatel", a dizer que
- "vamos ganhar 3-0, com golos do Helder Postiga, Quaresma e Hugo Almeida". Não jogam? então marca o Cristiano Ronaldo os três!
Até que um dia destes perdemos com os gregos, ou holandeses, ou franceses e... voltamos à apagada e vil tristeza, ao marasmo do malfadado Sócrates, à crise, aos aumentos dos combustíveis que sobem porque o dolar está baixo e voltam a subir quando o dolar fica alto, aos cartões de crédito, aos aviões cheios para Punta Cana, aos carros "topo de gama" que têm mais saída que os pãezinhos de leite com manteiga, ao Algarve cheio de gente "miserável" e sem água nos canos... caramba, já ía embalado, não liguem que já estou para aqui a misturar a extrema esquerda com a extrema direita... o melhor é escrever em 4x1x3x2, sem extremos e com o Sócrates, treinador-jogador no meio campo, a jogar um pouco mais recuado, mas tenho dúvidas que resulte com equipas mais robustas, mais rápidas e com elementos bem cotados no PSI20. Acho até que vamos ter necessidade de contratar um novo treinador um dia destes, mas não é por causa dos aumentos, que esses eu acompanho-os desde que me conheço porque a gasolina já esteve a 0,02€/l, o tabaco já andou pelos 0,02€ o maço, um bom jantar já o paguei a 0,20€ e mesmo nessa altura, com esses preços, não deu para enriquecer...
Mas continuo com uma secreta esperança que o caneco do Euro2008 venha para Portugal, embora saiba que a Grécia já o ganhou em 2004 e continua a lutar connosco pelos últimos lugares na Europa dos 27... tenho de perguntar aos noruegueses porque é que eles não se chateiam por nunca ganharem o Euro...

domingo, 8 de junho de 2008

ACAMPAR É QUE ESTÁ A DAR!

Faço parte de um grupo profissional que não está conforme os cânones de um país europeu tão desenvolvido como o nosso, grupo esse que por isso mesmo é dado a maluquices capazes de os transformar em potenciais criminosos, o que só ainda não aconteceu porque ainda não fomos denunciados ao governo e os seus dirigentes, à Comissão de Protecção de Menores, ao Tribunal de Menores e seus desparasitados juízes, à ASAE e seus desinfectados técnicos, aos pedopsiquiatras e seus milhentos técnicos de apoio a menores de famílias de risco e aos paizinhos das crianças que irresponsávelmente no-las entregaram durante três dias para um acampamento mais ou menos anormal, porque se pedíssemos autorização a todos os 453 organismos que teriam de dar autorização, nunca mais lá chegávamos.
À semelhança do que vem acontecendo nos últimos 10 ou 12 anos, com passagens por Vila Nova de Milfontes, Avis, Vila Viçosa, Sesimbra, Foz do Arelho, S. Martinho do Porto, Castelo de Bode, V. Nova da Barquinha e Pedrógão Grande (se calhar esqueci-me de alguns...), lá fomos com mais 30 jovens para uma aventura que nos fez descer o Zêzere de canoa entre Álvaro e Pedrogão Grande, uns míseros 25 kms de canoagem que nos levou a uma noite descansadíssima num acampamento rigorosamente selvagem, onde a malta utilizou instalações sanitárias vindas directamente do Gana, lavou o corpinho no rio e passou a noite na companhia de umas aranhas com patas gigantes.
À noite, um road-book de vários quilómetros levou os medrosos para o meio da floresta, onde à falta de melhor, apanharam com os professores em cima, ao desfazerem uma curva do trajecto e sofreram uns sustos que os deixaram verdadeiramente pálidos, embora a escuridão lhes desse a força suficiente para dizerem que não...
Outro dia quase igual, uma ida surpresa à discoteca no final do pedy-paper nocturno e a constatação de que os jovens do século XXI são quase iguais, para pior, que os da nossa juventude (anos 60 e 70)... então não querem saber que os meninos e meninas, que aprendem a dançar na escola, entraram na discoteca e passaram a primeira hora a olhar para os professores, que dançavam satisfeitos da vida, convidando e motivando pela prática aquelas múmias paralíticas para a pista de dança? esta malta nova, a tal descontraída, descomplexada e que nos cataloga de "cota" ainda tem muito que aprender.
Mas agora, vamos ao que interessa... então não é que estes professores, saíram da escola com os jovens, na quinta feira às 8 da manhã, trabalharam com eles até sábado à tardinha, 24 horas por dia (sabem como é controlar um acampamento escolar, não sabem?) e tudo isso sem um cêntimo de horas extraordinárias, subsídio de deslocação ou outra qualquer mordomia, para além do prazer de ajudar os seus alunos a crescer? pois...
Mas se calhar é por isso que há 16 (dezasseis) anos o grupo de Educação Física da Escola Secundária de Alcanena conta com o Carlos Marques, o Miguel Sentieiro, o Pedro Marques e o João Oliveira, os quais mesmo fazendo dezenas de quilómetros para o local de trabalho e tendo opção de escolher escolas mais próximas da residência, nunca mostraram vontade de abandonar o grupo de trabalho, do qual me orgulho de fazer parte.
Mesmo um pouco cansados, enquanto almoçávamos uma "carne de porco à alentejana", já se lançavam as bases do acampamento escolar do próximo ano, com a hipótese de Sesimbra a ganhar, numa rotatividade campo/praia que tem resultado ao longo dos anos e que tem contribuído para que os jovens guardem mais uma boa recordação da sua juventude.
Então até para o ano, se as melgas que pululam aqueles organismos todos que enunciei, nos deixarem.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

O ECOOOO...

Fiquei baralhado, estava de tecla afiada para dissertar sobre o ECO GOVERNADOR CONSTÂNCIO e o ECO GOVERNANTE PINTO DE SOUSA e aparece-me uma reportagem da TVI sobre o SIRESP que me deixou incomodado... às vezes o espanto é tão grande que uma pessoa fica sem palavras, vê uma espécie de magazine, perdão, de nevoeiro, uma branca como também se costuma dizer, uma pele eriçada, uma comichão do camandro, um certo enjoo, sim enjoo... não me digam que isso não vos acontece de vez em quando, ou é só quando já deram a moedinha ao quadricentésimo arrumador que encontraram?
Na verdade, se posso realçar alguma coisa que me deixou agradado na reportagem televisiva foi a reporter, com muita clarividência, com os documentos bem organizados na cabeça e sem contemplações com um tal secretário de estado jovem de mais para o cargo e com barriga própria de um cargo superior, para além de me ter esclarecido sobre o comportamento de mais uns figurões que, para mal dos meus pecados, figuraram em tudo quanto era governo socialista, social democrata e apendices democrata-cristãos entre 2001 e 2006, não se sabendo até se os tais responsáveis tinham algum cartão para além do da Segurança Social.
Bem, segundo ouvi, mas não confirmo porque cada vez estou mais duro de ouvido, o tal negócio do SIRESP que teve uma proposta de uma empresa por 85 milhões de euros, acabou adjudicado a outra por uma verba um pouquinho mais elevada, qualquer coisa como 480 milhões de euros, três dias depois do governo ter perdido as eleições.
- Então e havia hipóteses de anular o negócio? não fomos nós a adjudicar...
- Não, infelizmente já não se podia, estava feito, estava feito, não se podia...
- Mas olha que um advogado, jurista como agora são alcunhados, disse na reportagem que sim...
- Mas eu digo que não! e essa reporter, não se pode exterminá-la? agora que a selecção se prepara para ganhar o campeonato da europa e que estamos todos concentrados é que aparecem com reportagens dessas... é só para prejudicar o governo e a selecção nacional...
- Portugal! Portugal! Portugal...
- Mas de que é que estávamos a falar?
-...
Ah, eu queria era falar nesta crónica do ECO CONSTÂNCIO e do ECO PINTO DE SOUSA...
- Quando aqui cheguei o deficit era de 6,8%...
- O Banco de Portugal estima que o deficit tenha sido de 6,81%...
- Precisamos de fazer sacrifícios e congelar ou despedir os funcionários públicos...
- O Banco de Portugal estima que uma redução de funcionários públicos e alguns sacrifícios farão reduzir o deficit...
- Contra tudo e contra todos reduzimos o deficit para 2,6%...
- ... reduzir o deficit, dizia, para 2,6%.
- Agora estes energúmenos querem que reduza o IVA...
- O Banco de Portugal acha que é muito difícil descer o IVA...
- Ok, vamos reduzir o IVA em 1%!
- O Banco de Portugal, embora a situação esteja difícil, entende que os factores macro-económicos aconselham uma baixa de 1% no IVA.
- Há 3 anos que ando sempre com a mesma...
- gravata... gravata... gravata...

domingo, 1 de junho de 2008

OS PATOS BRAVOS

Felizmente continuo a acordar todas as manhãs, eu diria ponto final, mas isso é o que acontece a todos, com excepção de alguns que, distraídos, acabam a vida na cama. Bem, acabar a vida na cama ainda continua a ser o meu objectivo último, mas não como alguns de vocês pensaram... pois, lembram-se logo da crise, das doenças, dos desastres e dessa forma de acabar na cama eu não quero mesmo, afinal eu estava a pensar acabar os meus dias na cama, mas bem acompanhado, depois de uma noite bem agitada, como é costume dizer-se de "drugs, sex and rock n`roll", literalmente falando e como compreendem ajustado a um velhote de 90 anos, ou seja "viagra, dvd para adultos e cds do tony carreira". Então se isso acontecer à segunda-feira, bem cedinho, ainda antes de ir para o trabalho, com a vantagem de não estragar o fim de semana aos amigos, o que podemos desejar de melhor?
Não sei a que propósito me deu para começar a crónica desta maneira, mas acreditem que desde que comecei a ver o "rock in rio" made in Bela Vista, com 90.000 excitados e excitantes jovens a pagar 53 euros por cada dia de festival (e é fácil fazer as contas, ora 53 vezes 6 dias, ora... pois, é fácil fazer as contas, não chega afinal a um salário mínimo nacional, não é paizinho?), mas como ía dizendo, desde que comecei a ver o festival, na sic radical, eu fiquei agarrado, aquilo é mais forte que crack, aquilo é uma chuva de craques, chegados na hora e que bem podiam chegar atrasados e saído um pouco mais cedo, como no caso da Amy Winehouse (esta do "vinho da casa" está bem metida, oh Amy!), até porque os pais ficaram preocupados com o exemplo da "craque" e para o ano não sei se largam os 53 euros da ordem para cada dia)...
Continuo a não saber o motivo da crónica, embora no caso do "rock in rio" talvez os patos bravos sejam os paizinhos, a tal classe média que se anda a queixar que o litro da gasosa está pela hora da morte, mas não era esse o desiderato (que tal? até me lembrei do Desidério, o presidente da Câmara de Albufeira, a quem dei o meu apoio involuntário na campanha, uma vez que fui apanhado na caravana dele enquanto passava uns dias de férias e acabei a buzinar, para ver se saía dali mais depressa)...
É mesmo verdade que as conversas são como as cerejas, e se eu gosto delas... de tal maneira que só agora me lembrei do tema de hoje, a propósito do ministro das pescas, ou da agricultura, ou da caca, perdão, da caça (o teclado às vezes falha...), sim senhor o tal ministro de que agora nem lembro o nome (só me lembro dos craques da selecção, desculpem...), esse sim, que apanhado pelos pescadores numa fazenda algarvia onde andava a ver a caça (o que tu queres é lebre!), não foi de conversas e fugiu num jeep da GNR pelo meio das fazendas, tal e qual os moiros fugiram de D. Afonso III quando lhes gamámos o "Allgarve".
Afinal vocês entendiam que o homem devia ter falado aos pescadores, sei lá, declamando o "sermão aos peixes" enquanto estava de visita a uma herdade de caça grossa? Cada coisa no seu lugar, aí eu estou de acordo com o ministro, quando se está junto ao mar fala com os pescadores, mas se está numa herdade de caça ele só deve falar com os patos bravos... e fugir de jeep até encontrar o caminho de regresso a Lisboa.
Boas chumbadas no cachaço é que se precisam.