terça-feira, 29 de abril de 2008

A DESGRAÇA ESTÁ A CHEGAR...

Eles dizem que é a crise, mas eu acho que não, eles estão a ser muito bonzinhos connosco, dizem as coisas com o sorriso do Ronaldo quando acaba de marcar um golo, só para que nós não nos assustemos, é verdade, eu vi o Peres Dizêlo, perdão, vi o Peres Metêlo afirmar no jornal da noite da TV que a coisa está preta, tão preta que talvez tenham já morrido de fome uns milhões por falta de massa... mais grave ainda que morrer doente é morrer sem massa, arroz, farinha e trigo para alimentar a malta.
Quando eu era miúdo, o meu pai dizia que lhe estava faltando a maçaroca (ou massaroca?) para sustentar cinco bocas e tudo se foi resolvendo com uns corpinhos esculturais sem açucares, chocolates, gelados, bombons, drops, coca-colas, matutanos, chocapics, bolos com creme (só nas férias de verão, na praia de S. Martinho do Porto, com 2 ou 3 idas e vindas na automotora da CP...). Agora vem o Metêlo dizê-lo, com um sorriso, que essa treta da comida deitada no lixo, do pão estragado deitado nos contentores, adeus oh meus amores que se vão... acabou, não porque somos hoje cidadãos mais instruídos e mais educados, mas apenas porque os cereais estão a aumentar de preço e vem aí o racionamento, talvez pior que aquele da 2ª guerra mundial, pior ainda que a "sardinha para três" que a minha mãe contava... uma desgraça total que só Jesus com a multiplicação de pão e peixe nos poderá salvar.
Tinha um amigo que dizia que essa estória de não haver pão e água não lhe fazia diferença nenhuma desde que continuasse a haver papossecos e vinho tinto, afirmando alto e bom som que quando fôr verdade que o défice de alimentos seja um facto, o som e o cheiro da fome ouvir-se-á para lá do deserto e o silêncio abafará todos os sorrisos dos Metêlos cheiinhos e carnudos.
A verdade é que a crise de que falam e escrevem uns entendidos de esquina de padaria é um embuste para que uma meia dúzia de organizações económicas se apoderem de mais e mais valor à custa de umas mortes sem sentido, que eles mesmos vão promovendo, de preferência no Sudão, Somália e mais uns quantos lugares fora dos circuitos turísticos e que não se vejam desde a estrada que os conduz ano após ano a Davos, na rica Suíça.
Um mais eficaz e desenvolvido circuito de distribuição de alimentos, que a Europa dá para zonas em risco e que são roubados e vendidos nos Roque Santeiros africanos, isto para falar de alimentos, porque se falarmos de carros dados, doados e roubados, esses chegam em perfeitas condições aos mais incríveis lugares da selva africana.
Mas por favor, não me martelem a cabeça todos os dias, os jornais e tvs com essa desgraça da fome em Portugal e até na Europa, dizem alguns analistas, quando se constata que são centenas de milhar os portugueses que tentam diariamente deitar para o lixo, nos "health clubs", as toneladas de gordura que consomem sem proveito e com prejuízo da saúde, já para não falar nos contentores dos supermercados que se livram de produtos em perfeitas condições, porque amanhã é dia de chegar nova carrada.
Tantos estudos, tantos mestrados e doutoramentos e ainda não se lembraram de comparar o peso e altura dos portugueses na década de 50 ou 60 e os tempos actuais? chegaríamos à conclusão que estamos a produzir e a consumir o dobro do que necessitamos, estragamos e deitamos para o lixo demasiada comida, especialmente e infelizmente nos refeitórios escolares onde está a geração da abundância e do consumismo desenfreado.
Fome? com os algarvios a enterrar metade das laranjas que produzem porque ninguém as quer? com os figos a secar nas figueiras sem que ninguém os apanhe? com metade da azeitona a ficar nas oliveiras, mesmo quando os proprietários as oferecem a quem as quiser apanhar? com os hipermercados a facturar cerca de 15 milhões de euros por ano em "comida para cães e gatos"?
Como quem não quer a coisa, já estou a encher a dispensa de tudo o que sejam cereais, que eu não passo sem uma sopinha de letras, mas também já pedi uns bidons para encher de gasolina, que ainda me lembro das filas dos anos 70 para poupar 2 tostões em litro, porque desta vez estes jornalistas podem ter razão com a crise e eu não quero ser apanhado sem nada para comer e sem poder dar uns passeios ao Algarve.

segunda-feira, 28 de abril de 2008

HOJE É QUE DEVIA SER FERIADO...

O 28 de Abril é que deveria ser feriado! Pronto, não há nada a fazer, eu deveria ter tomado a decisão três dias mais cedo e tudo teria sido perfeito, calharia no 25 de Abril e eu comemoraria em grande, mas para as grandes decisões não há marcação, elas acontecem sem que nós tenhamos necessidade de preparar, organizar e tomar medidas previamente... bem, não será tanto assim, mas se repararmos a nossa vida está cheia de vitórias nas ocasiões menos prováveis, eu até penso que o "euromilhões" vai chocar comigo um dia destes, mas não consigo calendarizar a coisa.
Tomei a decisão de casar de um dia para o outro, a habitação fez-se sem dinheiro, contrariando qualquer projecto de curto, médio ou longo prazo, mas apenas porque não se podia dormir na rua, o segundo filho veio desprogramado sete anos depois da irmã, para resolver um problema de carreira profissional da mãe... e ainda bem que veio, os carros foram sendo comprados, não obedecendo a qualquer critério de planeamento económico, mas quando calhava e sempre quando não havia dinheiro que chegasse, a decisão de tirar um curso superior foi tomada entre duas refeições, olhando o telejornal, sem que alguma vez se tivesse discutido em família... enfim, tudo seria diferente e para pior se o hábito fosse fazer as contas e planear tudo com tempo.
E o 28 de Abril de 1978 foi mais uma decisão tomada na hora, uma feliz decisão, que me trouxe benefícios imensos, nos campos da saúde, da economia, das relações sociais e da melhoria das condições sociais, tirando-me até da chancela de "quase criminoso" que a sociedade actual quer rotular os viciados. Pois então eu decidi deixar de fumar numa sexta-feira, dia 28 de Abril de 1978! 30 anos passaram e embora hoje os problemas de asma e bronquite me atormentem, continuo a tentar convencer-me que se não tivesse deixado de fumar, a situação estaria bem pior.
Pois nesse dia, fui abordado na escola onde leccionava, por um senhor que me ofereceu uma revista de uma associação anti-tabágica e depois de a ler fiquei convencido, até pela última proposta para deixar de fumar que rezava:
"caso a vontade de fumar seja muito forte, tome um duche de água fria. Verá que o desejo de fumar desaparece, até porque não conseguirá acender o cigarro."
Sem consultas médicas, sem medicamentos e apenas com vontade de pagar as dívidas da habitação que tinha acabado de construir, há 30 anos deixei de fumar!
Por último um conselho aos fumadores:
"Se é contra este governo, deixe de fumar e deixará de lhe dar o dinheiro do imposto para eles esbanjarem",
"Se é a favor do governo, deixe de fumar! eles gastam os seus impostos a tratar as doenças do tabaco".
Além do mais, nos últimos 30 anos, o salário mínimo aumentou 25 vezes (16,5€ em 1974 para 426,00€ em 2008) e o tabaco aumentou 175 vezes (0,02€ em 1974 para 3,50€ em 2008).
Ainda vai continuar a fumar?

sábado, 26 de abril de 2008

ONDE É QUE ESTIVESTE DEPOIS DO 25 DE ABRIL?

Lembrei-me da célebre pergunta do Batista-Bastos "onde é que estavas no 25 de Abril?", tantas vezes referida e parodiada até pelo Herman José, do qual eu guardo bons programas e esqueci outros bem ruinzinhos, valha-lhe Sto. António, questão essa colocada para umas vezes saber onde estavam os inquiridos e outras só para saber onde não estavam...
Acontece que a minha geração, a do 25 de Abril, desculpem a apropriação mas um jovem de 19 anos a viver uma revolução militar e social é uma memória que não se apaga e concerteza um privilégio ter essa idade nessa altura, tal como outros terão tido 19 anos em 1910, aquando da implantação da República.
Foi um turbilhão de coisas novas, o cabelo pelos ombros, as calças à "boca de sino", os filmes para adultos ("garganta funda", "emanuelle", "o último tango em Paris"...), os filmes de excessos, como "Viva la muerte" de Arrabal, os filmes políticos como "Chove em Santiago", de Costa Gravas, um realizador empenhado em causas políticas, a coca-cola, revistas como a "Gaiola Aberta" do proscrito Vilhena, jornalista, escritor e caricaturista, que troçava de tudo e mais alguma coisa, qual Cesar Monteiro das realizações cinematográficas e radiofónicas (estou a lembrar-me de "Branca de Neve"), a música de intervenção (José Mário Branco, José Afonso, Júlio Pereira, o GAC, Fausto, Sérgio Godinho - a paz, o pão, habitação, saúde, educação), o Jazz de Cascais, o subsídio de férias e o pagamento dos meses de verão... é verdade, cerca de 90% dos professores só recebiam 9 (nove) meses por ano, antes do 25 de Abril, os gira-discos a passar música do Patxi Andion (... sera que los frios de invierno estan llegando?...), os livros do Henry Miller e depois a alfabetização de adultos, feita de convicções e vontades, com a Dina, o Luis Varela e a Isabel Costeira, em Vila Moreira e Alcanena, nos tempos do tal empenhamento revolucionário, e sem quaisquer contrapartidas que não fossem o prazer de sermos úteis a umas dezenas de pessoas que aprenderam a ler e escrever, recebendo o diploma da 4ª classe após um exame que os tornou mais e melhores cidadãos.
As viagens à Aula Magna, com o Zé Abreu e a Lisete, para dar corpo ao SGPL (ao fim de 33 anos de sócio continuo com o mesmo nº 9857, num cartão ainda assinado pelo Ludgero Leote, o primeiro presidente do sindicato, alguns poucos comícios e um afastamento progressivo das confusões, com marcação de presença em eleições locais sempre que achei que o devia fazer. O pior é que a minha geração optou por deixar que os seus filhos fossem descobrindo por si mesmos a democracia, a liberdade e os seus próprios compromissos sociais e políticos, porque não se deve interferir, porque cada um deve seguir o seu próprio caminho e porque... porque... não havia pachorra para contar histórias do 25 de Abril e porque todos éramos contra a interferência na formação política dos nossos jovens.
E eles cresceram livres e felizes, fermentando a ignorância política capaz de dar margem de manobra aos maiores disparates:
- Ah sim, o Salazar... pois, matou-se no bunker quando perdeu a guerra...
- General Eanes? hummm não conheço... mas não era um navegador português?
- Spínola? Então não foi o que derrubou o Salazar?
- Marcelo Caetano? ahh esse eu sei, fugiu para o Brasil e quando voltou ganhou as eleições a seguir ao 25 de Abril.
- O "Hotel" Saraiva de Carvalho? nem sei se fica no Algarve...
- Então se eu tenho só 30 anos, como é que quer que eu saiba alguma coisa do 25 de Abril?
Ontem procurei saber junto da minha filha se o 25 de Abril é só um feriado e, de uma jovem licenciada e profissional competente acabei por perceber que ela deveria ter investido um pouco mais na observação/intervenção política... acho até que há uns tempos disse ao rapaz para se inscrever no PS e à menina para se inscrever no PSD, plano estratégico necessário e suficiente para uma adequada carreira política, mas... eles não foram na conversa.
Há uns anos fiquei estarrecido quando um jornalista da SIC entrevistou uns "yupies" na 5ª Avenida, em Nova Yorque, e lhes perguntou se sabiam onde ficava Portugal... um entre vinte acertou que ficava ao lado da Espanha e tinha umas praias muito bonitas no Algarve.
Afinal porque é que os americanos deveriam saber mais de Portugal que os próprios portugueses? ontem o Presidente Silva esclareceu-me e eu agradeço.

domingo, 20 de abril de 2008

E AS NOVAS TECNOLOGIAS?

Num período em que as novas tecnologias se afirmam a cada dia que passa, com propostas cada vez mais prafrentex, capazes de fazer renascer o grande "brother" da vigilância total que todos abominam mas desejam, uma vez que sentem que a sua segurança está em causa e é melhor abdicar de uns "direitozinhos humanos" para salvaguardar a pele, as empresas propõem GPSs, hardwares e softwares, para que o menino nunca se perca dos pais ou até mesmo os avós acompanhados do amigo Alzheimer possam ser encontrados entre dois esquecimentos.
- Ah e tal, isso vai contra a minha liberdade, os meus direitos e a minha privacidade, independentemente de um dia destes a minha mulher me poder ver na tv com uma matulona loira, numa daquelas avenidas com cameras de filmar em cada esquina, quando o operador de imagem da TV estiver a olhar o pessoal em vez de direccionar a camera para o transito dos Cabos Ávila ou para o IC19...
- Oh pá, mas isso já acontece sem a malta dar por isso... olha, meti gasóleo na estação de serviço e paguei com multibanco. Ficaram logo a saber onde é que eu estava e a que horas, entrei na A1 e passei na "via verde", acabei por sair uma hora depois, sabem eles muito bem onde e a que horas, levantei dinheiro num multibanco e o talão confirma o que levantei, onde e a que horas, fiz umas compras no shoping com o cartão de crédito e ficaram a saber que tenho uma dívida para pagar dentro de um mês, jantei num restaurante à beira mar acompanhado com alguém que não era a minha mulher porque o cartão dela estava a pagar umas roupas numa loja a 200 kms de distância, dormi num hotel em quarto duplo, paguei com cartão e eles souberam...
- Caramba, não tinha pensado nisso, mas isto está cada vez mais perigoso...
Eu hoje não queria falar disso, o que me levou a fazer esta crónica é a falta de jeito dos governantes para aproveitar as novas tecnologias em benefício do bem estar das pessoas... então não é que se aproveitam todas as hipóteses de promover o "cartão na hora", "empresa na hora" e "quase tudo na hora", mas nunca ouvi falar na necessária e oportuna decisão da "votação na hora"? talvez porque as coisas ficam muito cibernéticas, faltará a emoção da contagem dos votos, dos delegados de mesa que deixarão de receber a diariazinha, faltarão também aquelas toneladas de papel que sempre ajudam a compor o orçamento da "Gráfica Mirandela", não sei se é esse o nome, mas não tem importância.
Achamos que a votação em qualquer eleição já deveria ter avançado para a tal votação internética, na medida em que resolveria muitos problemas relativos a mau tempo, deslocações dentro e fora do país, um dia de praia no verão, pessoal que poderia estar deslocado em trabalho e até eleitores internados em hospitais sem capacidade para se deslocarem a uma assembleia de voto. Se eu posso pagar os meus impostos através da internet, porque não posso eleger os meus candidatos da mesma forma?
Que melhor oportunidade teria o senhor engenheiro para proclamar as virtudes das novas tecnologias, senão legislar a "votação na hora"? ou ele acreditará que um eleitor pode ser manipulado no seu voto, lá em casa, sob a influência de familiares, amigos e caciques? e em redor das assembleias de voto ou fora delas, não acontecerá o mesmo?
Eu sei, eu sei, depois as estações de tv não têm a quem perguntar "já votou?" ou entrevistar os candidatos com aquelas perguntas com respostas em anexo, ou correr à assembleia boicotada para entrevistar o presidente da junta que está contra o fecho das urgências, ou da escola que já não tem crianças há 17 anos, ou dos lixos radioactivos que ainda não conseguiram matar os mineiros que entraram para as minas aos 10 anos e se queixam de estar doentes há mais de 60, exigindo uma indemnização... vá lá senhor engenheiro, arranje maneira de eu votar no meu portátil, numa tarde de verão, com a água do mar a molhar-me os tornozelos, que eu até voto em si.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

1000 BOJARDAS POR MÊS!!!

Mais uma notícia espectacular, capaz de tirar todas as preocupações, angústias, desilusões, incertezas e dúvidas em relação a esta sociedade e a este meu adorado país, o verdadeiro motor de desenvolvimento da sociedade das nações, exemplo de país charneira da União Europeia e do Mundo. Não, não estou louco, como cataloga o amigo Jardim todos os opositores da ilha, antes de os mandar ao oceano quando a ocasião se proporcionar, mas não duvido que, com mais meia dúzia de notícias destas eu não dê em maluco...
- O Estado gasta mensalmente 1000 euros por mês com cada um dos 12.000 jovens encaixotados nos antros da Segurança Social, sim encaixotados e enxotados para um qualquer bunker digno do Burkina Faso, Somália ou Etiópia, onde as crianças portuguesas são maltratadas ao longo dos muitos anos que lá passam...
- 1000 euros por mês com cada um? olha que são 12.000.000 de euros (doze milhões de euros, para quem faz confusão com os números) por mês para tratar, instruir e educar todos os jovens retirados às famílias que os maltrataram... parece-me dinheiro a mais...
- Então e não viste na reportagem da SIC aqueles jovens dizerem que nunca receberam um afecto, uma palavra carinhosa, uma meiguice? ouvi até que cerca de 500 em idade escolar estão internadas nessas pocilgas e nem à escola as mandam...
- E centenas de milhares de famílias portuguesas educam os seus filhos bem melhor, sem comparação, por menos de metade desse dinheiro.
- Pois...
- Acho que há aqui qualquer coisa que não bate certo... então aquelas instituições sem condições, são visitadas por técnicos da Segurança Social, que vêem a falta de condições e apesar disso deixam lá ficar as crianças?
- Ahh, mas o presidente da segurança social diz que não é nada de grave, que os casos são muito poucos, que, que, que...
- E esses técnicos entram às 9 e saem às 5? ouvi um pai adoptivo que teve um processo de adopção que durou 3 anos e que mesmo depois da adopção certificada em tribunal, a criança ainda esteve um ano na instituição até ser entregue aos pais adoptivos...
- E reparaste numa instituição privada que não recebe qualquer verba do Estado, dirigida por um técnico espanhol, que se mantém através de donativos e que abriu as suas portas e os seus jovens às cameras da SIC?
- Reparei, reparei... e também reparei num responsável de uma instituição que recebe verbas do Estado, onde os alunos mais velhos tratam dos mais novos e onde exigiram que as cameras da SIC fossem desligadas?
- E não seria melhor a ASAE fazer uma fiscalização destas instituições, dos seus jovens, responsáveis e técnicos, em vez de fiscalizar as "alheiras de Mirandela"?
- O que vale é que o Natal já está próximo e com umas prendinhas e uma ida ao circo, o problema resolve-se por mais um ano... e só faltam 8 meses até Dezembro.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

AÍ VAI BARÃO!!!



Hoje foi um dia difícil, bastante difícil mesmo, devido ao mau tempo verificado e se não foi tornado, andou perto. As árvores arrancadas pela raíz, os telhados das escolas e a cobertura do "meu" pavilhão, onde passo os dias de trabalho, por força dessa massa de ar descontrolada, fizeram com que me sentisse bastante mal disposto ao longo do dia.
É nestes momentos que sentimos uma total impotência perante a força incontrolada da natureza, mas acho que vamos ultrapassar as dificuldades e autarquia, escola e professores, todos faremos o impossível para no mais curto espaço de tempo, tornarmos as nossas instalações desportivas operacionais.
Infelizmente o meu carrinho também sofreu com esta alteração climática, levando com uma lâmina de chapa no vidro dianteiro, umas amolgadelas no tejadilho e a quebra do tablier, mas como bons portugueses, os meus colegas e amigos lembraram-me logo que eu afinal tinha tido muito sorte, porque podia ser pior... compreendi e agradeci com um sorriso amarelo. Claro que tudo se arranjará e depois de mais umas despesas adicionais, sabemos que dentro de seis meses já ninguém vai lembrar do caso.
Pensava eu que ao chegar a casa tudo concorreria para um serão sem mais transtornos, mas tive a desinteressante ideia de ligar a televisão, sendo apanhado com mais um "tornado"... caramba, que "tornado"! dizia o jornalista que o governo iria injectar (!) mais 100.000.000 de euros na RTP, sim, sim, CEM MILHÕES DE EUROS! fiquei atordoado e acho que o jornalista falou de um tal serviço público e tal e coisa, coisa e tal...
Ah, esclareceu-me também que desde 2003 e até 2009 vão ser injectados(!) 400.000.000 de euros na RTP, segundo o governo, para equilibrar as contas do tal canal.
E para rematar em beleza, qual livre do Cristiano Ronaldo na baliza dos gregos, o prolixo jornalista afirmava, com um sorriso "oposicionista" que nestes milhões todos não foram contabilizados os cerca de 60 milhões de euros anuais que nos são sacados sem pudor na "taxa de radiotelevisão" e que entre 2003 e 2009 somam mais 400.000.000 de euros.
Acho que a RTP fica tão cara ao Estado e aos contribuintes como o harém do príncipe do Dubai, com a desvantagem de eu pensar ser mais interessante passar umas noites no harém do que ver o "Quem quer ser milionário".
Não estarão os contribuintes a levar com injecções a mais, por parte do governo e da RTP, a tal estação de tv igualzinha à SIC e à TVI, estas mesmas que não me cobram nada e me dão programas tão maus ou um pouco melhores?
E não me esqueço que todos os meses esta maralha da RTP/governo me cobra 1,86€ para satisfazer mordomias de administradores, produtores, artistas fedorentos, empresas subsidiárias e sub-subsidiárias de tal maneira que se a entregassem de borla ao Dr. Balsemão eu agradecia a poupança dos meus impostos.
É que 100.000.000 de euros (e como eu gosto de escrever tantos zeros...) é muita massa , são quase 274.000€ por dia, todos os dias do ano, sábados, domingos e feriados.
Oh senhor engenheiro, então onde está essa vontade férrea de acabar com este forrobodó de chupar a teta da vaca, como dizia o Solnado? ou será que não convém? acabe lá com essa mama, que o contribuinte agradece.

terça-feira, 8 de abril de 2008

A TRAVESSIA



O dia começou bem, mesmo bem, ou não tivesse ouvido logo pela manhã, na RTP1, o engenheiro Carvalho Rodrigues dar a sua opinião sobre as possíveis "pontes" a construir entre as margens do Tejo, de uma forma simples e apaixonada, como sempre foi e será a sua forma de exprimir opiniões, capazes de me fazer sorrir e de alguma maneira conseguir isolar-me de tudo o que me rodeia. Bem podiam gritar-me da cozinha que as torradas estavam a torrar ou que o leite já fervia e entornava borda fora, porque os argumentos de Carvalho Rodrigues eram a melodia perfeita com a qual concordei desde a primeira argumentação apresentada.
E agora que acompanho esta crónica com uma das últimas canções do Pedro Abrunhosa, tudo se passa como se estivesse numa isolada ilha das caraíbas sem ninguém a dizer-me que o Benfica está numa luta acessa e fundamental para a sua sobrevivência, na luta pelo 2º lugar do campeonato... e eu a pensar que o 2º lugar é o 1º dos últimos...
Bem, devo confessar que Carvalho Rodrigues é uma das minhas referências e infelizmente dão-me todas as semanas com o professor "magdelo guebelo de sousa" e as suas iluminadas visões e convicções, que por melhor que sejam me reportam a um inusitado mergulho nas águas do Tejo, numa disputa autárquica que não venceu, como não venceu coisa nenhuma, fora dos jardins da Faculdade de Letras.
O engenheiro Carvalho Rodrigues tem o condão de me conseguir fixar tão bem aos seus argumentos como aquela cola instantânea em embalagens de 3 gramas, que à segunda tentativa já está mais que seca e que além dos objectos cola os dedos na perfeição, mas esta minha fixação já vem de trás, desde o dia em que em 1995 comprei "ontem, um anjo disse-me", um livro espectacular onde dá conta das suas ideias, sua visão e prospectiva em relação ao século XXI... e porquê século XXI? então o Homem parece já andar por aqui há 50 séculos e esqueceram-se dos outros 48?
Mas o objectivo da entrevista do engenheiro Carvalho Rodrigues é a nova ponte sobre o Tejo, na sua feliz designação a 3ª rua que pretende ligar uma metrópole de 1 milhão de pessoas a uma outra metrópole de 1,5 milhões de pessoas, com todos os entendidos a "construirem" pontes que assoream constantemente o "mar da palha" e que em cada conjunto de pilares provocam uma barreira de areias que, no caso de umas chuvadas mais fortes, já começam a inundar as zonas circundantes de Sacavém e daqui a algum tempo a zona da Expo.
E o que propõe Carvalho Rodrigues? túneis! túneis! túneis, quantos mais melhor, na medida em que será mais fácil compreender ambientalmente a existência de 10 ou 15 túneis entre o norte e o sul do Tejo, para ligação entre duas zonas metropolitanas, mesmo que os custos fossem um pouco superiores, o que não está provado. Então ingleses e franceses construíram o "tunel da Mancha" com 34 kms e nós não conseguimos fazer tuneis de 6 kms entre duas margens do Tejo?
Vá lá, perguntem ao Jorge Coelho se a Mota Engil tem tuneladoras capazes, porque se tiver, é meio caminho andado para darem razão ao engenheiro Carvalho Rodrigues.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

NÃO VOU SAIR DAQUI, NEM QUE A VACA TUSSA!

É a vida, um indivíduo começa bem cedo na história aos quadradinhos desta mega-metragem, que só espero acabar quando igualar o BI do senhor Manoel de Oliveira, que já faz filmes na Ribeira desde o tempo da "Segunda Guerra" e vai correndo, umas vezes em velocidade pura, outras em maratonística resistência. Alguém dizia que a vida faz-se... fazendo-se, tal qual La Palice dizia que depois da tempestade vem a bonança, isto era o que se dizia, porque em português técnico, já não é bem assim... a seguir à tempestade vem sempre um tsunami, não daqueles com um camião de gigabytes, que se podem comprar em 315 prestações sem juros, mas um desses verdadeiros, capazes de virar do avesso qualquer trabalhador que já visse um palmo de areia branca, umas palmeiras e umas caipirinhas bebidas com os pés em água morna, depois de 73 anos de descontos.
Essas mentes distorcidas, capazes de desiquilibrar o défice em menos de um fósforo, nada fazendo para nos colocarmos no pelotão da frente dos países mais desenvolvidos do século XXI, só pensavam dia e noite nessas tais reformas, defraudando as expectativas do país, confrontado com milhões que pouco fazem e pouco ganham, para se transformarem em outros tantos milhões de reformados que nada fazem e tudo querem ganhar. E quem pagava? o Estado não era? Claro que isso foi chão que deu uvas e nada como a introdução de uns decretos-lei para acabar com esta parasitagem, que queria uma reforma de deputado com apenas 36 anos de descontos, esquecendo que isso era no tempo em que os trabalhadores morriam com 50 anos de idade. Ora, começavam a trabalhar aos 10, eram reformados aos 46 e morriam aos 50. E tudo andava na paz do Senhor, não fosse o maldito SNS e aquelas malfadadas aspirinas da bayer para fazer o pessoal andar na boa até aos 90 anos... e que fazer, e que fazer? nada mais fácil, ou trabalham até aos 80 ou o sistema rebenta pelas costuras no ano 2022, que é para não se armarem em parvos com essa treta da segurança social e quejandos.
E eu, compenetrado, responsável e sempre a bem da nação, já disse aqui em casa que vou trabalhar até morrer, talvez porque ficarei bem visto, com a possibilidade de uma medalha no 10 de Junho, e afinal de contas sempre acho mais saudável trabalhar até morrer, que morrer a trabalhar.
Os meus colegas é que não querem, porque só podem subir de escalão quando o maluco do "velhote" se reformar, pelo que não acham piada nenhuma a esta minha ideia de não sair nem empurrado. Até já dou o chá a provar ao colega mais novo, com medo que me envenenem o "lipton" que todas as manhãs aqueço no micro-ondas do gabinete. Não, não é verdade o que escrevi, até porque os meus caros colegas gostam de me ver sempre que chegam de manhã ao pavilhão e me encontram com aquele ar jovial e feliz, sem nada que fazer, porque eu estou lá quando o horário manda e quando não manda. Mas já começam a desconfiar da minha saúde mental, porque marcam as reuniões, assembleias, formações e outras que tais e eu não refilo, estou sempre presente e com um sorriso inexpressivo, até mesmo quando me mandam ir ao Lidl comprar umas bolachas de manteiga e uns pãezinhos de leite pra acompanhar o cházinho... o que lhes vai retirando a ínfima possibilidade de subirem a titulares antes do ano 2045.
Mas eu faço que não percebo, quando eles estão a falar e se calam quando eu chego por perto, e vou continuar assim por mais umas décadas, porque sair mais cedo, velho, careca e com 48% de desconto na reforma, além do IRS, Segurança Social, Sindicato e do IVA do ginásio... isso nunca!
E o pior mesmo é que nesta aldeia global quem governa ainda não tomou consciência de que o benefício de uns é sempre o prejuízo de outros, que se uns trabalham anos a mais, outros trabalharão anos a menos, que se não me deixam gozar uns tempos de lazer, os empregados da indústria hoteleira ficam sem nada para fazer, se não posso fazer umas viagens de avião, a TAP dá prejuízo e os impostos aumentam...
Vamos lá a ver se deixam a vaca tossir...