sábado, 30 de junho de 2007

SÓ PARA VER SE ME APOSENTAM

TRRIIIMM.. TRRIIIMM... TRRIIIMM. Responde o atendedor de chamadas:
"Obrigado por ter ligado para o Júlio de Matos, a companhia mais adequada aos seus momentos de maior loucura.
- Se é obsessivo-compulsivo, marque repetidamente o 1;
- Se é dependente, peça a alguém que marque o 2 por si;
- Se tem múltipla personalidade, marque o 3, 4, 5 e 6;
- Se é paranóico, nós sabemos quem é você, o que você faz e o que quer. Aguarde em linha enquanto localizamos a sua chamada;
- Se sofre de alucinações, marque o 7 nesse telefone colorido gigante que você, e só você, vê à sua direita;
- Se é esquizofrénico, oiça com atenção, e uma voz interior indicará o número a marcar;
- Se é depressivo, não interessa que número marque. Nada o vai tirar dessa sua lamentável situação.
Porém, se VOCÊ votou Sócrates, não há solução, desligue e espere até 2009.
Aqui atendemos LOUCOS e não INGÉNUOS!
Obrigado!

sexta-feira, 29 de junho de 2007

MEDOS

Tempo de fuga alterosa,
complexa, turbulenta, marginal,
arte de trocar o que está mal
por fantásticos sonhos, irreais,
que nos confundem muito mais
que uma história simples, amorosa.

Os medos que nos rodeiam,
que nos fazem transpirar
no tempo, modo e lugar
onde estamos e não queremos,
uns dias mais, outros menos,
cortam os sonhos, cerceiam...

Mas queremos correr, mesmo sós,
sentir que voar no mesmo sítio
é fácil se o livre arbítrio
fôr valor que temos sempre,
que nos permita, finalmente,
descobrir o mundo novo que há em nós.

Lutando contra mil e um queixumes
que vestem teu corpo, perfeito,
abrimos o céu no nosso peito
e conduzimos nossa alma ao infinito,
matando esse medo com um grito,
inventando sim, novos perfumes.

quinta-feira, 28 de junho de 2007

AIRSHPEADPSCVMCI

Caramba, isto é de partir a carola a um santo! Ainda por cima, vocês até sabem esta treta das siglas, sei lá CIP, CAP, CCP, ADSL, SLB, SCP ou FCP, para não falar em CDS, PSD, PCP, PS ou ainda A8, CCB, EXPO, CP, TAP, mas... AIRSHPEADPSCVMCI é tão simples como "A importância remanescente da solidariedade humana e dos princípios elementares de altruísmo e dedicação ao próximo numa sociedade cada vez mais competitiva e individualista".
Acho que não estão a perceber muito bem a coisa, mas eu explico. Descobri que o ex-ministro das finanças, Campos e Cunha vai dar uma conferência no Núcleo Regional do Norte da Liga Portuguesa contra o Cancro, subordinada ao tema "AIRSHPEADPSCVMCI".
O "Correio da Manhã" dedicou pouco espaço para publicitar a referida conferência, a qual, com este título, merecia pelo menos, tanto espaço como o comentário do treinador do Benfica ao desabafo do Joe Berardo (perdõe-me a familiaridade) sobre a estrela Rui Costa, que ainda vai fazer esquecer o Eusébio na história do futebol nacional.
Na verdade, a solidariedade nasceu com o homem, tem tido fases boas e menos boas, conforme o tema em questão mexe mais com cada um de nós e embora não esteja muito dentro do assunto, aceito que haja em Portugal milhares de pessoas a trabalhar desinteressadamente pelo bem do próximo, seja através de movimentos organizados, seja através de contributos individuais e anónimos.
Quem nunca sentiu vontade de ajudar, depois de olhar imagens dramáticas nos meios de comunicação social, muitas vezes sentindo alguma impotência e aquele choque envergonhado de quem tem quase tudo em comparação com quem não tem absolutamente nada? Depois, passam alguns minutos, o nó na garganta vai desaparecendo e o assunto é cilindrado por um anúncio ao novo topo de gama que se pode comprar sem problemas, começando a pagar "só no próximo ano"...
Mas "AIRSHPEADPSCVMCI" como tema de uma conferência nunca me tinha passado pelo cabeça, isto é quase tese de mestrado, oh Cunha! ainda por cima, se ele chegar um pouco atrasado e ler o tema devagarinho, está meia conferência feita. A situação está complicada até nesta matéria da solidariedade... antigamente era a "sopa dos pobres", a "misericórdia", a "roda", a "conferência de s. vicente de paula", depois vieram as organizações mais século XX, como as "Ligas", "Associações de Beneficência", "Lares", "Associações sem fins lucrativos", "Bancos Alimentares" e outros. Por último, estamos a assistir ao advento das "Fundações", normalmente criadas por pessoas de bem (milionários, políticos ou figuras públicas), administradas por pessoas de bem, também, e onde as verbas que chegam a quem precisa mesmo são apenas uma pequena parcela do que entrou. Sabe, temos tanta gente a trabalhar nisto...
A propósito, ouvi há dias que as Nações Unidas tinham cedido 100 tendas para refugiados no Paquistão... 100? é mesmo cem? esta solidariedade está pela hora da morte.
Embora com muita dificuldade em soletrar "AIRSHPEADPSCVMCI", não deixarei de contribuir sempre que possível para todas as causas que me pareçam louváveis, mesmo sabendo que só uns cêntimos de cada euro dado chegarão aos mais necessitados e, já agora, vá dando um pouco de si aos outros... todos ficaremos melhor.

quarta-feira, 27 de junho de 2007

RELIGIÕES...

Um véu tapa o rosto,
de uma mulher que nasceu
no lado errado do céu...
É a "coisa" que se vende
e que à família rende
pouco mais que um desgosto.

E se o caso ficasse aqui...
para fácil solução,
há que ter sempre à mão
um doutor de leis celestes,
que em tudo isto está prestes
a surgir um khomeini.

terça-feira, 26 de junho de 2007

O DETECTOR

Não é por nada, mas essa do detector até tem uma certa piada, embora o "sketch" acabe direito por linhas tortas. O "senhor engenheiro", para justificar a utilidade do detector, farta-se de mentir... ele é o dilúvio, para acabar em três gotinhas, ele é a casa a arder para acabar num fósforo... tudo porque ele tem detector. E aquela cambada de palermas que nunca tinham ouvido falar no detector. Com esta novidade dos detectores tudo vai ser simples a partir de agora, especialmente para "detectar" o défice... então congelaram-se as carreiras do funcionalismo, aumentou-se essa maralha abaixo da inflação, só se reformam quando as galinhas tiverem dentes e... o défice mantém-se? acho que isto só lá vai mesmo com o detector à saída do Banco de Portugal, pelo menos para detectar para onde foram esses milhões todos. Lembrei-me de um anúncio da TV Cabo, que também nos diz que vai passar a utilizar detectores, mas estes são de tvs piratas. O anúncio até é giro, pede-nos para não desligar o televisor, que estão a detectar receptores piratas e depois no final dão conta de que "por agora" é só a fingir, mas qualquer dia vai ser a sério e os que forem detectados vão pagar uma fortuna, que é para não serem espertos. Há aqui uma complicaçãozinha, porque a polícia do Porto (notícia dos jornais) não conseguiu entrar em casa de um pirata com duas crianças maltratadas e vai conseguir entrar em casa de quem tem um receptor pirata? Mas voltando ao detector, eu acho que isso podia aplicar-se noutras tarefas importantes, sei lá...
- 5.000 funcionarios públicos a mais?... 50.000... 500.000!!!!
- 500.000 a mais???
- Pois, foi o detector...
- O detector???
E podia aplicar-se o detector em muitas outras investigações...
- E a licenciatura? para cima de 30 cadeiras... 15 cadeiras... 4 cadeiras!!!
- 4 cadeiras???
- Pois, foi o detector...
- O detector???
Mas há tantas e tão boas razões para a instalação de detectores, que não posso esquecer um local de referência... a Direcção Regional de Educação do Norte.
- E as anedotas sobre a licenciatura do primeiro ministro? para cima de 500... 50... 5... acho que era só uma!!!
- Só uma???
- Pois, mas essa deu processo...
- Por causa do detector?
- Não, por causa do delator!

sexta-feira, 22 de junho de 2007

SOMBRAS...


Há uma sombra em nós
que acompanha a claridade
ao momento, na verdade...
de dia, na hora certa
afasta-se quando desperta
o prazer de estarmos sós.

Mas estamos sempre juntos,
fica, quando o sol vai alto,
põe-nos sempre em sobressalto,
à tardinha vai embora,
mas à noite volta e chora...
sonha connosco outros mundos.

Mas se te esqueceres dela
procura outra melhor
que tenha cheiro, sabor,
seja alta e reflita
o jeito de quem já grita
por uma sombra tão bela.

quinta-feira, 21 de junho de 2007

CUIDADO COM O APELIDO!

Não sei se já repararam mas é na Conservatória do Registo Civil que, salvo raras excepções, se traça o destino do pessoal. Quer queiramos, quer não, é o pai ou a mãe que num gesto bem simples dão um futuro mais ou menos risonho a essa juventude que, sem o saber está com o futuro quase traçado, sem necessidade de consultas ao psicólogo, às muitas comissões de acompanhamento ou ao telefone do SOS Criança.
Vem tudo isto a propósito de alguma experiência desportiva, o tal “cheiro do balneário” que fui adquirindo com o tempo e que não tem nada a ver com a minha formação académica. Não confunda alhos com bugalhos e venha brincar um pouco com o simples facto de, o nome de um jovem poder ter influência no seu futuro, mau grado a necessidade de saber fazer o mínimo dos mínimos.
É mesmo, o apelido é fundamental para obter sucesso, às vezes mais importante até que saber praticar a modalidade desportiva. Eu sei que depois há outros aspectos a ter em conta, claro, porque um gajo pode ter jeito (e são mais que muitos com jeito), pode ter a tal habilidade, saber dar uns toques, cuspir para o chão 157 vezes durante o jogo, chamar nomes ao árbitro, deitar-se para o chão quando está cansado ou a equipa está a ganhar. Mas perfeito, perfeito é mesmo ter nascido com um nome que se adapte à modalidade onde quer ser campeão.
Comecemos pelo remo, alguma vez o João Maria, o Manuel Francisco ou o José Carlos poderia ser campeão em “laser”, “mistral” ou “optimist”. Sabe o apelido dos craques? Pois é, Melo, Lima, Schedel, Prieto, Lacerda, para só falar de portugueses…
Agora passamos para o ciclismo e lá temos o Azevedo, o Neves, o Faria, o Anão, o Cabreira, o Carvalho e o Andrade, só para referir a equipa do LA Alumínios, mas poderíamos falar do João Roque, do Alves Barbosa, do José Maria Nicolau, ou do Joaquim Agostinho… você já viu um jovem chegar a uma escola de futebol e o “mister” perguntar:
- Como é que te chamas?
- Joaquim Agostinho (ou Joaquim Andrade, ou Joaquim Calquinhas, ou…)
- Olha, hoje não dá, já temos alguns 50 para treinar… volta cá p`rá próxima época.
Agora uma versão diferente, com os mesmo protagonistas:
- Como é que te chamas?
- Quim (ou Kim, ou Quinzinho, ou Keane…)
- Vai equipar… a propósito, a que lugar é que jogas?
Pequenos pormenores que fazem a diferença, claro, mas se se chamar Simões, Ricardo, Jardel, Simão, Moutinho, Veloso ou Bosingwa a situação melhora.
A propósito do Bosingwa, no primeiro jogo de uma selecção de sub-20, em Toulon, o locutor passou o jogo a chamar-lhe o verdadeiro nome, sabe qual? José da Silva, caramba!. Por pouco não arruinou a carreira futebolística ao rapaz.
Vá por mim, o futuro do seu filho está nas suas mãos, ou melhor, na “certidão de nascimento”, mas não exagere, não caia na patetice de lhe chamar Pele ou Eusébio, porque aí eles vão desconfiar que é só marketing.

VIAGENS

Escrever é partir
na viagem das palavras
modelá-las, beijá-las, afagá-las...
ouvir o som das ondas, das marés,
elevá-las ou deixá-las a teus pés
sempre que te apetecer sorrir.

Transportando os cheiros da fazenda,
da luz que se peneira sem querer,
queimando as pestanas do prazer...
semicerro as persianas no braseiro,
revejo a nitidez do mundo inteiro
e prometo felicidade, sem emenda.

quarta-feira, 20 de junho de 2007

UM AEROPORTO SÓ PARA MIM!


Com todo o alarido verificado à volta da construção do novo aeroporto de Lisboa, nada me impede de dar o meu contributo para a resolução de um problema nacional, embora eu saiba que 80% dos portugueses não tem dinheiro para andar de carro, quanto mais de avião. Pela nossa parte lá vamos uma ou duas vezes por ano até à Portela, como quem vai até Fátima no 13 de Maio, até porque sentimos necessidade de dizer aos amigos que também andamos de avião e não levem a mal, mas tudo isto contribui para elevar a nossa auto-estima, sempre necessária para nos manter com aquele sorriso "pepsodent" antes e depois de qualquer viagem.
Estou a lembrar-me de alguns aeroportos e não creio que essas infra-estruturas sejam tão difíceis de planear que se tornem casos nacionais, como em Portugal. Um aeroporto em Portugal só pode trazer dificuldades de localização porque a classe dirigente continua a entender que para lá do rio são os "allgarves" e para norte de Moscavide é serra. Qualquer pequena cidade europeia tem o seu aeroporto, capaz de servir uma pequena região e se não é luxuoso, é eficaz, afinal é isso que os passageiros querem, ou seja, aviões a partir e a chegar a horas, umas lojas para comprar umas lembranças de última hora e umas cadeiras confortáveis onde se possa ler um jornal.
Aqui ao lado, em Espanha, existem 41 aeroportos, com distâncias entre eles que em muitos casos rondam a centena de quilómetros, enquanto em Portugal os artistas que nos governam, fazem de um novo aeroporto o desafio do século XXI.
Esquecem-se que a malta não é parva e que estas confusões servem a uma meia dúzia de espertos para ganhar mais uns cobres. Eu, por exemplo, já comecei a fazer um projecto de um novo aeroporto aqui na minha zona, onde estão concentradas todas as condições para desenvolver o país, trazer novos investimentos e elevar a qualidade de vida dos portugueses em particular e dos europeus em geral. Sim, porque aqui é que é o núcleo do desenvolvimento que todos desejamos. Ora vejamos, a praia a 50 kms, Fátima a 20, a A1 e a A23 a 6, Lisboa a 100 e o Porto a 200 (já fica um pouco afastado, mas quem é que quer ir para o Porto?) é uma zona privilegiada. O local ideal para o aeroporto? Eu sei que vou criar alguma polémica, mas eu apontava para a Serra de Santo António, é um local sem grandes aglomerados e terraplanava-se num instante. É muito alto? Quito, no Equador tem o aeroporto mais alto e ainda ninguém morreu. Além do mais tínhamos pedra com fartura para fazer as pistas, os edifícios podiam ficar com a pedra à vista e poupava-se no reboco. Os terrenos são mais baratos porque não servem nem para plantar batatas e as visitas turísticas podiam começar logo à saída do avião, com um passeio às grutas.
O problema é que ainda não tenho uma associação constituída, tipo CIP, ACP, CCP, ADP... para apresentar o projecto, mas isso também não deve ser difícil de arranjar, para além de ter de fazer tudo isto em 6 meses...
A minha equipa está a funcionar muito bem e nas infra-estruturas de apoio está quase tudo pronto, como podem observar, através da foto que apresento, onde o amarelo e o preto, as cores do meu concelho, irão predominar.
Dentro de 6 meses ficaremos a saber se a "4ª via" sai vencedora, como esperamos. Ota, Alcochete e Portela+1, todas têm neste momento mais votos negativos que esta proposta que vos faço.

terça-feira, 19 de junho de 2007

SILÊNCIOS...

A espera de um nada,
a partilha de um pouco de nós,
espumas, nevoeiros, cinzas, pós,
sabem o que esconde o nosso rosto,
deixam pintar de azul qualquer desgosto
e fazem-nos sonhar a melhor estrada.

Caminhos tortuosos que pisamos
e aos quais não damos importância,
deixam para trás toda a distância
do bom e do mau que nos comeu,
dão-nos a paixão de quem viveu
procurando o fantástico que amamos.

O silêncio é a construção do tempo,
envolta na ponta que nos liga
ao antes e depois do que nos fica
a lembrar...
o tudo que nos faz passar
a sorrir, no interior do vento.

18/06/2007

segunda-feira, 18 de junho de 2007

IMAGINAÇÃO

Corro, na imaginação
do que não posso.
Escrevo como quem faz um esboço
do universo, em meu lugar...
quero ir e quero ficar
onde cair meu coração.

A distância não tem qualquer sentido,
não se medem em ondas de calor
as frases de um escritor,
encharcado em crónicas sem rumo
corro atrás do livro do futuro
e recebo o prémio de estar vivo.

18/6/2007

domingo, 17 de junho de 2007

CURIOSIDADES...

Perfeito, perfeito é acabar de escrever uma crónica e sem tempo para guardar o escrito, um indivíduo verificar que tudo desapareceu sem deixar rasto. A vontade de voltar a escrever sobre o mesmo tema resume-se a quase nada e nesse momento sabemos o significado do ditado " a mesma água nunca passa duas vezes debaixo da mesma ponte". Assim, nada melhor que deixar passar um tempinho e voltar a escrever sobre um novo tema, uma vez que os amigos voltam sempre ao local do crime e querem ler coisas novas, sejam ou não boas. É claro que esta pressão nunca dá bons resultados e um dia destes, sem comentários, com uma música fúnebre a acompanhar e sem a necessidade de escrever para pagar as dívidas, o mais certo será ficarmos com os amigos um pouco mais a discorrer sobre as próximas contratações do nosso clube, as melhores, sejam elas quais forem.
Entretanto, não posso deixar de pensar na história do "s. berardo" das acções do glorioso. O homem parte para o hemisfério sul em pequenino, descobre uma jazida que os milhares de garimpeiros não conseguiram detectar, faz uma fortuna, compra "amadeu sousa cardoso", "paula rego", "alberto carneiro", "francis bacon" e muitos mais, com a perspicácia de um sólido e entendido homem da cultura, constrói uma colecção de arte contemporânea que "vende" ao Estado, transforma-se no "comendador berardo" e erige a sua "fundação" (o quê? para não pagar impostos? dizem cada uma...), joga na bolsa e ganha sempre, de tal maneira que conjuntamente com meia dúzia de amigos arrecadou em alguns meses o suficiente para deixar o país sem deficit.
E agora, para alegria de 6 milhões de portugueses, ou mais, vai empatar (vencer é que é) trinta e um milhões de euros (31.000.000,00€ afinal, são só dois euromilhões) no seu clube do coração. Parece que ninguém quer vender e apenas o amigo vilarinho está disposto a vender umas acções, que diz que nunca comprou e estão penhoradas num banco.
É difícil encontrar boas razões para se colocar uma fortuna num clube desportivo, mas é sempre bom saber que o valor de cada uma é de 5,00€ e só valiam 2,50€. Qualquer apostador, com dinheiro bastante e capacidade para o fazer render (as estratégias são muitas, nós sabemos), pode ganhar dinheiro... e não me digam que ele e todos os grandes financeiros do mundo contemporâneo não querem ganhar mais e mais. É humano, dizem...
Até dizem que a marca "benfica" é uma mina, a autêntica galinha dos ovos de ouro, do clube ou da SAD, tanto faz, mas será mesmo? uma vez descobri umas garrafas de vinho marca "benfica" no hipermercado e reparei que ninguém lhe tocava. Dizia-se até que só eram consumidas quando o clube perdia, para os adeptos esquecerem e na verdade, os "grandes" ainda perdem poucas vezes...
Do mesmo mal se queixaram as cervejeiras, que também apareceram com a marca dos "grandes" e vendas... quase nada. Acho até que já acabaram com essa estratégia nas bebidas, mas o mercado ainda tem muitas saídas. No tabaco é que não aconselho... já viram o que era o emblema do seu clube preferido, por cima da frase "... faz mal à saúde" ou "... provoca a perda de potência"?
Continuo a pensar que a vantagem desta sociedade mais ou menos neoliberal salvaguarda e de certa maneira legitima tudo isto que acabo de escrever, mas eu acho que o Fernando Nobre da AMI era capaz de encontrar outras maneiras bem mais interessantes de investir uns milhões...

sexta-feira, 15 de junho de 2007

CALENDÁRIO

A vertigem de um novo imaginário
onde nada de palpável transparece,
dá-nos a imagem que enlouquece
em cada instante nossa memória,
ressurgindo em ondas de vitória
no dia a dia deste calendário.

E contando folha a folha
por ideias imperfeitas preenchido,
colhidas uma a uma sem sentido...
faz-nos duvidar de nós até,
sentir-nos yô-yô da nossa fé,
quebrando certezas de dupla escolha.

Sairemos de novo, ao mar, ao vento,
gritando nosso amor sempre presente,
ao amor que está tão perto, mesmo ausente...
acharemos o brilho das ideias
que nos vai correndo pelas veias
e viveremos com paixão cada momento!

quinta-feira, 14 de junho de 2007

150 CARROS DE GAMA ALTA!!!


- Ena pá, 150 carros de "gama alta", gamados em vários meses é obra, oh sxôr inspector...
- E o sxôr ministro nem sabe o trabalho que isso nos deu... colocámos várias equipas no terreno, abrimos concurso para técnicos administrativos porque os processos começaram a transformar-se em resmas atrás de resmas, acho que quando isto acabar temos mais páginas escritas que episódios do "morangos com açucar"...
- Mas, oh sxôr inspector, é preciso tanta gente para dar com 150 carros de "gama alta" num armazém, ainda por cima todos juntos?
- É que o sxôr ministro não está bem dentro da coisa, pois... sabe, substituiu o anterior, ainda lhe falta conhecer os meandros... eu estou cá há 30 anos, comecei como tarefeiro, depois fui promovido a estagiário e tinha como atribuição saber quem levava as esferográficas do serviço para casa...
- Sim, sim, nestas coisas da investigação é preciso dar tempo ao tempo, não é?
- Está a ver sxôr ministro, é isso... nós podíamos ter recuperado os primeiros dez carros de "gama alta" gamados logo na primeira semana, mas só íamos apanhar um ou dois suspeitos... está a ver, 150 carros de "gama alta" são capazes de produzir dez ou até mesmo quinze suspeitos, mas é preciso ir juntando o puzzle... mais carros, mais suspeitos, está a ver não é?
- Não tinha pensado nessa... assim também se poupa no processo, menos juízes, menos transportes individuais (cada carrinha leva logo uma dúzia), menos papel nos processos... é só lucro...
- Mas isto é tudo muito difícil, os meus homens no terreno só começaram a desconfiar a partir do momento em que repararam que havia menos carros à porta das discotecas, boates, casas de alterne e afins... nem queira saber o número de "vips" que apareciam com o bilhete do autocarro na mão. Aí começámos a desconfiar que havia alguma coisa a passar-se... muitos deles com a "passa" nem se lembravam do que se passava. E desconfiados que eles são? quando perguntavamos pelo "gama alta" desconversavam como se não fosse nada com eles... falavam do seguro e coisa e tal, que não havia problemas que as companhias pagavam tudo... eu nem percebia muito bem o que eles queriam dizer...
- Mas oh sxôr inspector, você acha que os donos dessas viaturas não se importavam de ficar sem elas? parece que estou a perceber mais ou menos isso...
- O sxôr ministro está a querer insinuar aquilo que eu não disse... não se esqueça que eu sou inspector e uma palavra mal interpretada pode arruinar-me a carreira.
- Não, não, eu não queria dizer isso...
- Ahhhh, pensei... mas como ia dizendo, um dia destes um dos meus homens, saiu de casa e viu entrar num armazém ali mesmo ao lado, com uns milhares de metros quadrados, um camião com uma dúzia de carros de "gama alta"e lembrou-se do trabalho dele... "opá, será que estes carros todos serão os tais?" ligou para o meu telemóvel, não me quis dizer nada porque podia estar a levantar falsos testemunhos e ainda era despedido, marcámos um encontro às 4 da manhã junto à foz do douro, para ninguém desconfiar e disse-me o que se passava.
- E depois, e depois?
- Tudo correu bem, conseguimos um juíz competentíssimo que nos passou um mandato de busca, mas só passou porque eram 150 de "gama alta", porque se fossem 15 ou 20 não acredito que passasse... planeámos uma acção concertada e apreendemos aquela tralha toda, mas suspeitos só conseguimos apanhar os dois que estavam no armazém... vão aguardar em liberdade e não podem visitar sucateiros nos próximos tempos... está a ver, sucateiros a vender peças de carros de "gama alta"...
- E como é que isso vai acabar, sxôr inspector?
- Não faço ideia, mas é capaz de dar um carrinho para cada gabinete ministerial...
- Posso escolher o Mercedes ML500 que dizem que era do Derlei? desde que o gajo passou para o Benfica não posso nem vê-lo...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

MADRUGADA




Na viagem escolhida e planeada
em que decidimos apostar,
os horários ficaram por fixar
e os dias e horas esquecidos
libertaram-nos de todos os perigos,
de uma prova a dois tão ansiada.

Corremos por veredas na encosta,
nos parques, nos jardins, mesmo na estrada
e se te sentiste fatigada,
tiveste a teu lado a mão amiga
que te incentivou a mais uma corrida,
vencendo afinal a nossa aposta.

Da noite escura e sem jeito
onde os fantasmas nos envolvem
e os medos e angústias nos consomem,
brotaram finos clarões por entre a bruma,
a madrugada cresceu brilhante, una
e entrou no nosso corpo satisfeito.

terça-feira, 12 de junho de 2007

A ESTUPIDEZ TERÁ LIMITES?

Sinceramente, começo por concordar com quem dizia há cerca de 2000 anos, que "bem aventurados os pobres de espírito, porque deles será o reino dos céus". É que eu estou a ficar cheio de nódoas negras e nem é porque vou para as manifs dos G8, ou para as discotecas nas febres de sexta feira à noite, nada disso. É só porque eu quase todos os dias tenho de me beliscar para ter a certeza que estou vivo, devido à leitura de jornais, outro vício que vou ter de deixar para preservar um pouco a minha lucidez mental, muito embora oiça cada vez mais os familiares e amigos dizerem "já foste ao médico?", "ganha juízo, pá" ou "cada vez estás pior", para além daquele encolher de ombros, que noto depois de dizer qualquer coisa sobre qualquer assunto.
Parece-me haver um "top 100" da estupidez, assim como aquele "top mais" da música que a tv nos recomenda ao Sábado, quando estou a almoçar com a família. Uma boa maneira de ultrapassar o trauma dos mortos em Bagdad que a tv me presenteia sempre que estou para mastigar um peixinho assado na brasa. Porque a estupidez não mata mas moe, como dizia um amigo meu, tenho de revelar que no Sábado passado, o título de primeira página era sobre uma família condenada a pagar 5.000 euros de custas judiciais e advogado oficioso, porque o filho de 4 anos fora atropelado e morrera à porta de casa, vítima de um condutor que seguia em contra-mão. Mais umas beliscadelas, para confirmar estar vivinho da costa e a notícia lá continuava. O juiz tinha decidido que a criança é que tinha tido a culpa, porque ao sair de casa não tinha tomado as devidas precauções, como seja olhar à esquerda e depois à direita. O quê? o motorista ia em contra-mão numa rua? humm, devia ir distraído e uma distração qualquer um tem, mas entre um adulto ir em contra-mão de automóvel e uma criança, de 4 anos, sair para a rua de bicicleta sem olhar, p`ra que lado me vou virar, p`ra que lado? (como diz a canção...) .
A criança morreu, o desgosto dos pais foi e é enorme, o caso vai para tribunal por ordem do ministério público, uma vez que os pais, pobres, não podiam levar o caso a tribunal e (outra beliscadela) o douto juiz chega à brilhante conclusão que a criança tinha sido a culpada do acidente. Aí surge a ilimitada estupidez em acção e os pais da criança são condenados a pagar quase 5.000 euros de custas e custos de um processo para o qual não foram tidos nem achados, uma vez que a iniciativa de mandar o caso para os tribunais foi de um delegado do ministério público.
Não haverá por aí uma televisão a dar a notícia, tal como o tem feito e bem, com o desaparecimento da Madeleine? Pelo menos para que os tribunais tenham vergonha da justiça que administram.
Vou ter de terminar, já não tenho mais corpo para tanto beliscão.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

SÓ CINCO?

Cinco inspectores brutamontes da polícia judiciária foram constituídos arguidos porque malharam a mãe da Joana, aquela menina maltratada e até agora, só desaparecida, que aturava as más disposições da mãe e do padrasto. Consta até que a criança foi fazer um recado à loja e os progenitores estavam à espera do troco para irem até à festa numa localidade próxima. A menina atrasou-se e... desapareceu.
Parece que a mãe e o padrasto andaram com os polícias a indicar o local onde a menina deverá ter desaparecido, no meio do matagal, conforme se pôde ver naquelas interessantes reportagens televisivas, mas da menina... nada.
Com esta onda dos "reality shows", onde já se premeiam concorrentes com rins de qualidade, poderá ser esta notícia um bom tema para um novo concurso televisivo, sei lá... " como fazer desaparecer criancinhas sem ninguém dar por isso". Entregavam-se meia dúzia de crianças maltratadas a vários concorrentes e tinham 4 semanas para as fazer desaparecer. Todas as semanas a judiciária ia tentar descobrir as pistas recebidas pelo 707007007 e o concorrente com mais crianças descobertas seria expulso do concurso. Que tal a ideia? Se tudo não fosse tão triste...
Uns dias depois a senhora apresentou uns hematomas no rosto e no corpo, de tal maneira que, eu que não percebo nada de investigação criminal, mas já li em pequeno umas crónicas do saudoso inspector Varatojo, pude constatar a imbecilidade dos inspectores da judiciária. Antigamente, nos livros, o assassino enrolava sempre uma toalha das grandes em volta da pistola para não se ouvir de onde se disparava e quando se batia, era sempre com uma toalha molhada no corpo, para não se notarem as nódoas negras, até o suspeito confessar. Agora não, os matarruanos dos inspectores da judiciária desancam na desgraçada da mãe e deixam-na com os olhos à "belenenses", ainda por cima eram 5 à vez... e parece que havia mais 5 de reserva, se os primeiros ficassem cansados de malhar. O tal magistrado, depois de averiguar, a meio de uma chávena de chá e torradas, concluiu que foram 5 a bater e, vamos lá que é uma pressa... todos arguidos!
Lembrei-me de uma juíza que saiu de uma discoteca com os copos, não quis soprar no balão e mandou prender os polícias... e terá alguma coisa a ver?!!!!!!
Bem, eu não quero acreditar que isto é tudo um plano do governo para correr com os 600.000 funcionários do Estado que estão a mais (os outros 100.000 chegam bem, eu acho). É simples, a malta queixa-se que levou umas trancadas à saída da discoteca, às 6 da manhã, sem fazer nada, mais uns polícias arguídos... e rua com eles! O pessoal queixa-se que o violentaram na repartição de finanças, com tanto imposto e arguiu-se os incompetentes das finanças. Rua com eles! As mãezinhas dizem que foram ofendidas pelos professores e funcionários, quando levavam as crianças à escola e... argui-se a escola toda. Rua com eles! Mandam-se mais uns quantos infiltrados por esse país fora e conta-se com a conivência de uns juízes com pouco juízo e fica o problema do deficit resolvido.
E nós a pensarmos que isto não era o "da Joana"...

domingo, 10 de junho de 2007

CAMINHOS

Por caminhos paralelos caminhamos,
dando a optica ilusão
de um fim de linha em união...
incapaz de traduzir felicidade,
construímos a plena liberdade
do universo azul que ansiamos.

Mil imagens passam sem saber,
vulcão de lava incandescente,
vermelha, de uma paixão tão quente,
negra, forte, perene tempos após,
vida que transforma cada um de nós
e nos leva a querer da vida mais prazer.

O carrocel onde altos e baixos dão a volta
fazem-nos notar emoções novas,
poemas com taipais, lembrando obras,
eterna procura do que é belo,
desfiando a lã fina de um novelo,
imagem feliz de um amor à solta.

sexta-feira, 8 de junho de 2007

A IDADE AVANÇADA - UM FLAGELO

Com aquele "à vontade" que caracteriza quem pega num jornal, só para ver se a consulta chega, porque a hora dela já passou, apercebi-me de consecutivos flagelos, como sejam a sida, a tuberculose, o cancro nas mais variadas formas. Diziam então os vários jornais que eram milhares as mortes diárias verificadas em variadíssimos pontos do globo, sendo as zonas menos desenvolvidas as mais atingidas. São 5.000 de sida, 12.000 de cancro, 15.000 de tuberculose... uma tragédia, que todos os países desenvolvidos combatem com donativos de dezenas de milhões de euros.
É verdade que talvez esses milhões de euros não cheguem a meio do caminho, perdendo-se nas areias do deserto que separa o norte doador do sul recebedor, mas isso são problemas que não consigo perceber, para não confundir desertos, sejam os africanos, seja aquele que o sr. Lino descobriu para os lados de Alcochete.
De vez em quando até sonho que um dia que, por milagre ou por melhores condições de vida, as doenças se erradicassem, este planeta era um caos. Já viram esses enormes e multinacionais laboratórios farmaceuticos a fabricar pãezinhos de leite? pois eu continuo convencido que as doenças, novas e mais modernas doenças são necessárias ao avanço da humanidade, mas aquelas, como a sida, que não matam logo, são até mais vantajosas porque necessitam de mais medicamentos e por mais tempo... e o que desejam os laboratórios senão isso? já li até que uma boa vacina para a sida estará no mercado dentro de 10 anos, tempo mais que suficiente para aparecer uma nova doença, daquelas incuráveis, capazes de aguentar com 20 comprimidos diários e que matam num espaço de 15 a 20 anos.
Ou será que essa doença, a tal doença do século XXI já existe? parece-me que sim. Comecei a pensar nisso e o futuro está assegurado, para os laboratórios médicos e profissionais da saúde. A doença do século está aí todos a conhecem : "a idade avançada". Não tem cura, começa por se manifestar por volta dos 65 anos, trata-se com carradas de comprimidos e assegura a sobrevivência de uma indústria moderna, em crescimento, os "cuidados paliativos". Até os grupos económicos estão a investir nisso e todos sabemos que eles têm um dedo especial nestas coisas do investimento.
Estou farto de dizer que o nicho de mercado está na "idade avançada" e ninguém me ouve. Aqui na minha escola já propus cursos de "idade avançada" com equivalência a licenciatura e... nada. Vêem o mercado educativo dos jovens a desaparecer e não investem na "idade avançada", uma alternativa formidável, porque mesmo os idosos que não consigam aprender, nunca vão ter um futuro tão negro como o dos jovens que não aprendem...
Por outro lado, é a "idade avançada" a única com tendência para o crescimento, ao contrário do mercado dos jovens que entrou numa irreversível tendência regressiva, que me leva a colocar a hipótese de estarmos perante a viragem da milenar sociedade patriarcal (sabemos bem o que é que os homens pensam...), para uma sociedade matriarcal (sabemos bem o que é que elas não pensam...).
Há ainda uma vantagem que me ocorreu agora... como o nível de conhecimentos curriculares tende a ser cada vez mais acessível, tudo se conjuga para que os novos estudantes de "idade avançada" possam estar na escola por mais tempo e mais felizes.
O problema é se começam a tomar menos medicamentos...

segunda-feira, 4 de junho de 2007

APENAS NÓS!

Passaremos entre agentes do inferno,
prontos a oferecer todo o serviço,
recebendo o porco pelo chouriço,
a prestações, claro, e se o tempo não chegar,
alguém cá ficará para pagar
as caras letras do bem eterno.

A ilusão de um supremo oceano
dentro de cada corpo feminino,
marca a ferro e fogo o destino
de quem quer que a vida por si passe,
procurando no momento certo o desenlace
feliz, tenho certeza, não me engano.

Essa força, esse encanto, porventura
vem de todo o lado, sei-o bem,
mas seremos apenas nós, mais ninguém,
a decidir a direcção, o rumo certo,
que sentiremos cada vez mais perto
e que no peito abraçaremos com doçura.

sábado, 2 de junho de 2007

"CIVILIZAÇÃO LIGHT"


As pessoas são mais ou menos sensíveis e reagem em grande parte em função do meio em que se desenvolvem, o que me leva a pensar que se vivesse em alguma zona do extremo oriente, ou em Angola durante os mais de 30 anos de guerra civil, talvez nem esta crónica tivesse razão de ser. De facto vou abordar um problemazinho que só tem razão de ser num país, ou melhor, numa sociedade sem rei nem roque, como é esta, onde crianças e adultos não podem estar descansados na via pública. Isto tudo a propósito de uma notícia divulgada nos meios de comunicação social, em que uma criança foi atacada por um cão de raça husky, um nome pomposo para aqueles cães de olhos azuis e pêlo siberiano que começaram a aparecer em Portugal há uns tempos atrás, e teve de ser suturada com 32 pontos na cabeça, ou seja, levou quase tantos pontos em meia hora como o Benfica em 6 meses. Felizmente não morreu, não se sabe quem é o dono e a GNR de Valença, segundo informou, não tem como descobrir quem é o proprietário do animal porque... não tem chip de identificação. Estou mesmo a ver que em Valença do Minho cada casa de habitação tem um animal destes e de facto a GNR tem mais que fazer que olhar para os cães que andam na rua sem dono, sem açaimo, sem chip e com dentes afiados. E o pai da criança a ter de pagar a taxa moderadora lá no hospital, porque o cão não trazia dinheiro...

Dizia a notícia que, em Boivão, também lá para o norte de Portugal, embora me pareça nome de terra brasileira, dois cães de raça rohtweiler atacaram uns miúdos, felizmente sem gravidade. Entretanto uns jovens espigadotes conseguiram meter os cães dentro de uns caixotes e chamaram a GNR. Qual não foi o espanto das pessoas quando a patrulha da autoridade disse para quem quis ouvir que "não levava os cães", dando ainda ordem para que fossem soltos.

No tempo em que não havia "amigos dos animais", canis municipais, veterinários municipais e outros que tais, os empregados da limpeza, sem curso, com um encarregado também sem curso de formação e uma carroça, tinham o cuidado de ir apanhando os animais vadios que andavam nas ruas, normalmente portadores dos mais variados tipos de doença, controlando as espécies errantes, porque na verdade os animais não têm culpa de não haver consulta de planeamento familiar para eles (lá chegará o tempo...). Hoje, que um desgraçado que paga todos os impostos nem sequer pode fumar um cigarrito descansado, as ruas estão cheias de cães vadios prontos a atacar a criançada e nem a GNR quer saber do assunto.

Um dia destes saio à rua, mas de carabina ao ombro, porque além destes cãezinhos, vou encontrar lobos esfomeados que alguns iluminados andaram a largar no meio do mato, uns leões que um palerma qualquer comprou, pequeninos, e abandonou quando começou a ter medo deles. Não? na América já acontece e se o Mac Donnalds cá chegou...

E ninguém é responsável? desculpam-se porque as câmaras municipais não têm canis? e não têm porquê? é assim tão caro um canil? e essa lei que determina a obrigatoriedade de os donos colocarem um chip ou uma coleira com a identificação do animal e do dono, cumpre-se? e a obrigatoriedade de açaimo na via pública? e se o animal não tiver dono, não se faz nada? e a GNR está para proteger os cidadãos ou não quer saber disso para nada?

Na verdade, amigo dos animais sou eu, que nunca tive nenhum preso na varanda, nem dentro de casa, nunca achei aceitável lojas de venda de animais, com os desgraçados dentro de caixotes de vidro à espera de serem vendidos e sempre achei que os animais devem andar soltos, livres e em espaços próprios, com um controle adequado para que não invadam o espaço que não lhes pertence. E um dia que queira optar por companhia, adopto uma criança necessitada de carinho e condições de vida digna, faço por ela o que puder para a fazer feliz e nunca direi que "só lhe falta falar".

sexta-feira, 1 de junho de 2007

CASINO

A miragem de um céu perdido
composto de jardins, água, flores,
onde cada um dos eternos jogadores
passeia pela trela suas jóias, seu amor,
e aposta em roletas de uma côr,
pode acontecer, mas eu duvido.

Até porque jogo não é saída
para a descoberta de coisas belas
encontradas em cada canto ou nas vielas,
porque afinal tudo o que sinto,
mais do que duelo ou labirinto,
é a procura da magia bem sofrida.

Encontrar neste jardim apaixonado
a impossível ilusão de uma só voz,
é compreender que nunca estaremos sós,
que no futuro tudo vai ser melhor,
construiremos roletas de outra côr
e jogaremos no número premiado.